OBJETO DIRETO ANAFÓRICO DE TERCEIRA PESSOA: NORMA PADRÃO X NORMA DA COMUNIDADE
DOI:
https://doi.org/10.35520/diadorim.2021.v23n1a39476Słowa kluczowe:
Objeto direto anafórico, Norma padrão, Norma da comunidadeAbstrakt
No presente trabalho, com base no trabalho de Poplack (2014) e em três pesquisas norteadas pela Teoria da Variação e Mudança Linguística (LABOV, 2008 [1972]), discutimos a implementação de uma norma distinta da norma padrão numa comunidade de fala, observando, para isso, quais variantes ocupam o espaço deixado pelo clítico acusativo, em desuso no português brasileiro (OMENA, 1978; DUARTE, 1986). Buscamos, também, compreender como a chamada norma da comunidade tem influenciado a escrita de textos de histórias em quadrinhos e de jornais. Para isso, comparamos três trabalhos: (1) de BERBERT (2015), baseado na fala de Vitória dos anos 2000; (2) de ZANELLATO (2017), constituído de dados de histórias em quadrinhos dos anos de 1970 e 2010; e (3) de CONCEIÇÃO (2016a), formado por textos de jornais de fins do século XIX a 1970. Nos três corpora é constatada a diminuição do clítico acusativo: está praticamente desaparecido da fala, apresenta drástica diminuição nas histórias em quadrinhos, – de 52,5% em 1970 para 12,1%, em 2000 e, também, nos jornais, passando de 50,8% no fim do século XIX a 11,8% em 1970. Ademais, o pronome lexical, registrado na fala, e ausente nos jornais, é também observado nas histórias em quadrinhos, passando de nenhuma ocorrência em 1970 para 13% do total dos dados nos anos 2000. Parece-nos que o uso da variante prescrita é mais saliente do que o das demais variantes, sendo, conforme afirmado por Poplack (2014), muito alto para o falante o custo de desviar-se da norma da comunidade e adotar a norma prescrita, pois não há modelo desse uso na comunidade. Destarte, a tendência de substituir o clítico acusativo pelo pronome lexical, categoria vazia ou sintagma nominal anafórico, não se restringe à fala, passando a ocorrer, também, na escrita.
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