VARIAÇÃO DO TEPE EM ONSET COMPLEXO NA COMUNIDADE DE FALA DO RIO DE JANEIRO: UM OLHAR A PARTIR DE FALANTES EXCLUÍDOS SOCIALMENTE

Autor

  • Marcelo Alexandre Silva Lopes de Melo Universidade Federal do Rio de Janeiro
  • Livia Fernandes Silva Universidade Federal do Rio de Janeiro
  • Bruna Oliveira Ranquine Rocha Universidade Federal do Rio de Janeiro

DOI:

https://doi.org/10.35520/diadorim.2021.v23n1a39715

Słowa kluczowe:

tepe em onset complexo, variação, item lexical, modelo de exemplares

Abstrakt

Este trabalho apresenta os resultados de um estudo sobre a variação do tepe em onset complexo – como em p[ɾ]incesa ~ p[ø]incesa –, na comunidade de fala do Rio de Janeiro, a partir da análise de dados de produção espontânea de 08 falantes de uma amostra de fala composta por adolescentes excluídos socialmente (Amostra EJLA/PEUL). O objetivo deste estudo é verificar a atuação de condicionamentos estruturais e sociais para a realização do tepe em onset complexo, bem como investigar a possível atuação de condicionamentos lexicais. Partindo dos pressupostos teóricos da Sociolinguística Variacionista (WEINREICH; LABOV; HERZOG, 2006 [1968]) e dos Modelos Baseados no Uso (BYBEE, 2001, 2010; PIERREHUMBERT, 2003, 2016), foram analisadas todas as ocorrências de itens com a variável em oito entrevistas selecionadas, sendo os dados levantados submetidos ao programa Rbrul (modelo de efeitos mistos). Os percentuais de ausência do tepe revelam um comportamento semelhante entre os indivíduos da Amostra EJLA e indivíduos de outro grupo e com maior inserção social (Amostra Censo 1980, cf. MOLLICA; PAIVA, 1991), o que aponta para a possibilidade de a variável não ser influenciada por fatores sociais ou de os condicionamentos estruturais atuarem da mesma forma em toda a comunidade de fala. Não foram observados condicionamentos fonéticos para a realização da variável, sendo apenas a variável linguística “tonicidade” selecionada pelo programa. A partir da análise dos itens mais frequentes na amostra, aponta-se para a possibilidade de haver diferentes organizações dos itens que contêm o tepe: itens lexicais com alto índice de ausência de tepe podem indicar uma centralidade nos exemplares sem tepe, ao passo que os com baixa probabilidade e ocorrência categórica do tepe terão a representação dominante ou central com o tepe.

Biogramy autorów

Marcelo Alexandre Silva Lopes de Melo - Universidade Federal do Rio de Janeiro

Possui graduação em Direito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2000), graduação em Letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2010), mestrado em Linguística pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2012) e doutorado em Linguística pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2017). Atualmente é Professor Adjunto de Linguística da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Tem experiência na área de Linguística, com ênfase em Sociolinguística e Dialetologia, atuando principalmente nos seguintes temas: variação linguística, mudança linguística, modelos baseados no uso.

Livia Fernandes Silva - Universidade Federal do Rio de Janeiro

Licencianda em Letras: Português-Inglês pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Tem experiência na área de Linguística, com ênfase em Sociolinguística e Dialetologia

Bruna Oliveira Ranquine Rocha - Universidade Federal do Rio de Janeiro

Graduação e Licenciatura em Português-Inglês pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Tem experiência na área de Linguística, com ênfase em Sociolinguística e Dialetologia

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Opublikowane

2021-06-30

Numer

Dział

Dossiê de Língua/Language Dossier