A variação na interlocução: como traduzir?
DOI:
https://doi.org/10.35520/diadorim.2018.v20n0a23275Resumo
O estudo tem como objetivo comprovar quanto o conhecimento histórico da língua seja imprescindível no âmbito da tradução, tomando como exemplo alguns casos de alocução, principalmente em variação diacrônica: as variantes em relação ao quadro pronominal da segunda pessoa, no que foi chamado de mistura de tratamento entre o você e o tu. São igualmenteexaminados outros usos típicos dos pronomes de tratamento do século XIX, ao colocarem a questão pragmática da reciprocidade e da hierarquia, ou ainda de formas hoje em desuso. Os textos estudados são de Machado de Assis: o Quincas Borba, romance de 1891, e o Teoria do Medalhão, conto de 1882. No estudo tratamos de um aspecto importante até agora não examinado metodologicamente: o relativo à não coincidência entre o período de publicação da obra e a sua tradução. Que fazer? Seguir uma perspectiva de respeito pelos códigos linguísticos e culturais do original, historicizando a tradução, ou adotar uma posição modernizante? Em relação ao texto machadiano, estamos considerando uma perspectiva funcional e pragmática da língua
literária, que situa o texto literário no âmbito da recriação de um processo de comunicação (STEGER, 1982). A nossa proposta leva em consideração estudos de semiótica da Escola de Tartu (TOROP, 1995), e estudos sobre aspectos de variação diacrônica e sociopragmática. Os resultados obtidos são relativos à avaliação que o tradutor deve realizar diante de um corpus representativo do estado da língua (também a literária) no século XIX, levando em consideração
aspectos de linguística histórica, de estilística e de variação.
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