The prison system and the constitution of modern slavery by the State

Autores

DOI:

https://doi.org/10.4322/dilemas.v17.n3.61309

Palavras-chave:

Sistema prisional, escravidão moderna, trabalho escravo, relações de trabalho, estado-capital

Resumo

O sistema prisional e a constituição da escravidão moderna pelo estado. O estudo de base teórica marxiana teve como objetivo preencher uma lacuna nas discussões sobre a escravidão moderna: o papel do Estado na instituição desse fenômeno. Analisamos como a mediação do Estado que constitui o sistema penal transforma parte da classe trabalhadora, que em sua maioria é jovem e negra em exército ativo ou de reserva, em exército de reserva encarcerado apto para ser explorado em condições análogas à escravidão. A forma como desenvolvemos nossa investigação e exposição foi o materialismo histórico, a fim de compreender a essência das relações sociais observadas durante os oito meses de pesquisa in loco em dezessete unidades prisionais do estado de Minas Gerais e das entrevistas semiestruturadas. Nossas análises nos permitiram apreender a expressão da classe trabalhadora superando o senso moral comum, pois na perspectiva do valor e de sua acumulação nada se altera se as atividades industriais são legais ou ilegais. A diferença encontra-se na particularidade do desenvolvimento capitalista brasileiro que impingiu aos negros e negras um intenso processo de pauperização por sua exclusão inicial dos processos de exploração capitalista, determinando um lugar a essa população com inúmeros obstáculos à venda de sua força de trabalho nos setores mais desenvolvidos do capitalismo e em condições desiguais de salário. Deste modo, com o desenvolvimento do capitalismo brasileiro vemos a constituição histórica de uma superpopulação estagnada predominantemente negra, onde o máximo de tempo de trabalho é o mínimo de salário, apta a ser incorporada pelo Estado ao trabalho escravo no cárcere, sobretudo a partir das políticas de ressocialização e gestão privada do sistema prisional.

Biografia do Autor

Paula Cristina de Moura Fernandes, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, Brasil

Pesquisadora do núcleo de Estudos Críticos: Trabalho e Marxologia (RedeTraMa). Doutora pela Universidade Federal de Minas Gerais. Mestra em Administração pela Universidade Federal de Minas Gerais (2019). Bacharela em Administração pela Universidade Federal de Viçosa (2015) e Técnica em Turismo pela UFV – Campus Florestal (2010).

Deise Luiza da Silva Ferraz, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, Brasil

Professora Associada na Universidade Federal de Minas Gerais. Coordenadora do núcleo de Estudos  Críticos: Trabalho e Marxologia (RedeTraMa).

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Publicado

2024-10-30

Edição

Seção

Artigos