Considerações sobre os conceitos de língua e variedade: uma discussão com base no galego

Autores

  • Melina Souza Universidade Federal Fluminense

DOI:

https://doi.org/10.24206/lh.v3i2.17125

Palavras-chave:

língua, variedade, português brasileiro, português europeu, galego

Resumo

Este artigo tem como objetivo apresentar discussão acerca das diferenças entre os conceitos de línguavariedade, notadamente a respeito de como o conceito de línguase constrói, a partir de que necessidades e com que objetivos.Essa discussão torna-se imperativa uma vez que partimos, em nossa pesquisa, dos usos do galego, do português europeu (PE) e do português brasileiro (PB), os considerando variedades de uma língua que convencionamos chamar de galego-português. Inserida em dois projetos maiores (a. Galego e Português Brasileiro: história, variação e mudançae b. Linguagem em uso, cognição e gramática: cooperação acadêmica Brasil-Portugal), a pesquisa tem como um de seus objetivos inserir o galegoem um quadro comparativo até então preferencialmente formado de pesquisas com basena comparação entre PB e PE --, ampliando, dessa forma, o escopo comparativo até o momento utilizado na explicação de traços próprios do PB.Iniciamos nossas palavras pela definição de línguaconsiderada pela Linguística Descritiva, seus elementos constitutivos e funções. Em seguida, elencamos três problemas advindos desse posicionamento estrutural, tendo por base a comparação entre o galego, o PB e o PE: o problema quantitativo, o histórico e o político. A discussão proposta nos levou a concluir que o debate em torno dos conceitos de línguavariedade está marcado pelas próprias representações de linguistas que se propõem a realizar tal discussão. Reforçamos, portanto, a necessidade de se ter a consciência de que, como linguísticas, sempre estamos nos posicionando politicamente -- mesmo quando ignoramos esse fato --, atitude que, a nosso ver, é essencial à análise linguística.

Referências

ÁLVAREZ, Rosario. Galego e português: unha orixe, dúas línguas. Conferência apresentada na Universidade Federal Fluminense. Niterói: UFF, 22 a 24 abr. 2014.

BAGNO, Marcos. Português ou brasileiro? São Paulo: Parábola, 2001.

BAGNO, Marcos; LAGARES, Xoán Carlos (Orgs.). Políticas da norma e conflitos lingüísticos. São Paulo: Parábola Editorial, 2011.

BAGNO, Marcos. Grial: revista galega de cultura, ISSN 0017-4181, Nº. 191, 2011, págs. 34-39. Disponível em: http://www.editorialgalaxia.es/imxd/libros/doc/1320761642191_Marcos_Bagno.pdf. Acesso em: jul. 2015.

BOURDIEU, Pierre. A economia das trocas linguísticas. O que falar quer dizer. São Paulo: Edusp, 1996.

CALERO, Ricardo Carballo. Problemas da língua galega. Lisboa: Sá da Costa, 1981.

CALVET, Louis-Jean. As políticas linguísticas. São Paulo: Parábola Editorial, IPOL, 2007.

CALVET, Louis-Jean. Por una ecoloxía das linguas do mundo. [S.l.]: Edicións Laiovento, 2004.

CASTILHO, Ataliba T. de. Nova Gramática do Português Brasileiro. São Paulo: Contexto, 2010.

CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 2004.

DUQUE, Paulo Henrique. Discurso e cognição: uma abordagem baseada em frames. Revista da Anpoll, n. 39. Florianópolis, jul./ago. 2015. p. 25-48.

FILMORE, Charles J. Frame semantics. In: GEERAERTS, Dirk. Cognitive linguistics: basic readings. Cognitive Linguistics Research, n. 34. Berlin/New York: Moutont de Gruyter, 2006. cap. 10.

GIBBS, Raymond W.; COLSTON, Herbert L. The cognitive psychological reality of image schemas and their

transformations. In: GEERAERTS, Dirk. Cognitive linguistics: basic readings. Cognitive Linguistics Research, n. 34. Berlin/New York: Moutont de Gruyter, 2006. cap. 7.

GORSKY, E. M. O tópico semântico-discursivo na narrativa oral e escrita. 1994. Tese (Doutorado), Faculdade de Letras, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.

HANKS, F. Willian. Língua como prática: das relações entre língua, cultura e sociedade a partir de Bourdieu e Bakhtin. São Paulo: Cortez, 2008.

JOHNSON, Mark. The body in the mind: the bodily basis of meaning, imagination, and reason. Chicago/London: The University of Chicago Press, 1987.

LABOV, William; WEINREICH, Uriel; HERZOG, Marvin I. Fundamentos empíricos para uma teoria da mudança linguística. Tradução de Marcos Bagno. São Paulo: Parábola Editorial, 2006.

LABOV, William. Padrões sociolinguísticos. Tradução de Marcos Bagno; Maria Marta Pereira Scherre; Caroline Rodrigues Cardoso. São Paulo: Parábola Editorial, 2008.

LABOV, William. Enigmas of uniformity. Ottawa, Canadá, 2009. Disponível em:http://www.ling.upenn.edu/~wlabov/PowerPoints/PowerPoints.html. Acesso em: ago. 2012.

LANGACKER, Ronald W. Foundations of cognitive grammar. v. 2: Descriptive application. Stanford: Stanford University Press, 1991.

LANGACKER, Ronald W. Linguistic construal and conceptual analysis. San Diego: University of California. Minicurso ministrado no V Workshop do Linc/I Workshp internacional do Linc. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro, out. 2016.

LAGARES, Xoán Carlos. Galego-português-brasileiro: os desafios de uma perspectiva histórica integrada. In: LAGARES Carlos, Xoán; MONTEAGUDO, Henrique. Galego e Português Brasileiro: história, variação e mudança. Niterói: Editora da UFF; Santiago de Compostela: USC, 2012.

LAVANDERA, Beatriz A. Variación y significado. Buenos Aires: Libreria Hachette S. A., 1984.

LUCCHESI, Dante. Sistema, mudança e linguagem: um percurso na história da linguística moderna. São Paulo: Parábola Editorial, 2004.

MOLLICA, Maria Cecília; BRAGA, Maria Luiza (Orgs.). Introdução à sociolinguística: o tratamento da variação. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2004.

RAJAGOPALAN, Kanavillil. Por uma linguística crítica: linguagem, identidade e a questão ética. São Paulo: Parábola, 2003.

SAUSSURE, Ferdinand. Curso de linguística geral. 27. ed. Prefácio de Isaac Nicolau Alum. Tradução de Antônio Chelini, José Paulo Paes, Izidoro Blikstein. São Paulo: Cultrix, 2006.

SILVA, Vera Lúcia Paredes da. Relevância das variáveis linguísticas. In: MOLLICA, Maria Cecília; BRAGA, Maria Luiza (Orgs.). Introdução à sociolinguística: o tratamento da variação. São Paulo: Contexto, 2004.

SOUZA, Melina Célia e. A e para: uso e desuso. Uma comparação entre o galego e o português brasileiro

(Dissertação de Mestrado). Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2012.

TEYSSIER, Paul. História da língua portuguesa. Tradução de Celso Cunha. São Paulo: Martins Fontes, 2007.

VENANCIO, Fernando. O pasado galego do português. Revista Grial, n. 206, Vigo, 2015. p. 89-95.

WOOLARD, Kathyn A. La autoridad linguística del español y las ideologías de la autenticidad y el anonimato. La lengua, ¿pátria común? Ideas e ideologías del español. [S.l.]: Vervuert, Iberoamericana, 2007.

XUNTA DE GALICIA. Normas ortográficas e morfolóxicas do idioma galego, 2005. Disponível em: http://www.xunta.es/linguagalega/arquivos/normasrag.pdf. Acesso em: ago. 2014.

Downloads

Publicado

2018-04-29