Padrões de formação de palavras em mirandês: processos derivacionais na formação de nomes eventivos e de qualidade na escrita de tipo académico

Autores

DOI:

https://doi.org/10.24206/lh.v5i2.26795

Palavras-chave:

Criação lexical. Processos derivacionais. Produtos nominais. Mirandês. Estandardização linguística.

Resumo

A expansão do domínio do uso do mirandês incrementou a criação de léxico adequado a novas necessidades de expressão, nomeadamente no âmbito do discurso de pendor académico.A criação de produtos derivados assenta, por um lado, na utilização de constituintes morfológicos (bases e afixos) atestados na língua e, por outro, no recurso a modelos existentes no léxico português. A análise de um corpus de textos académicos, incidindo sobre o uso de nomes derivados eventivos e de qualidade, permitiu observar algumas tendências na geração desses produtos. Identificaram-se como afixos mais frequentes e produtivos -mient(o)/-ment(o) e -(i/e/a)dad(e), noseventivos e nos nomes de qualidade, respetivamente. Além disso, apesar de uma associação estável entre bases lexicais e afixos, observa-se uma variação alomórfica de bases, mas, sobretudo, dos sufixos. No corpus em análise não é possível definir claramente critérios morfofonológicos de distribuição dos alomorfos dos diversos sufixos. Os frequentes casos de alomorfia, porém, parecem constituir sintomas de um processo de estandardização em curso, mas longe da estabilização.

Biografia do Autor

Isabel Almeida Santos, Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Portugal; Centro de Estudos de Linguística Geral e Aplicada (CELGA-ILTEC).

Professora Auxiliar da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. É doutorada em Linguística Portuguesa pela UC (2006). É membro integrado do Centro de Estudos de Linguística Geral e Aplicada (CELGA-ILTEC) e tem desenvolvido investigação nas áreas da historiografia gramatical, relações entre codificação e processos de estandardização, variação linguística e ensino / aprendizagem de PL2.

Cristina Martins, Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Portugal; Centro de Estudos de Linguística Geral e Aplicada (CELGA-ILTEC)

Professora Auxiliar da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. É doutorada em Linguística Aplicada pela UC (2004). Investiga nas áreas do bilinguismo e contacto de línguas, aquisição/aprendizagem de PL2, desenvolvimento metalinguístico, processamento psicolinguístico e avaliação neuropsicológica. Publicou vários estudos sobre a situação atual do mirandês e participou na comissão responsável pela Convenção Ortográfica da Língua Mirandesa (1999).

Isabel Pereira, Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Portugal; Centro de Estudos de Linguística Geral e Aplicada (CELGA-ILTEC)

Professora Auxiliar da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. É doutorada em Linguística Portuguesa pela UC (2000). Investiga nas áreas da fonologia e prosódia, morfologia, interface fonologia/morfologia, aquisição/aprendizagem de PL2, didática de língua materna. É coordenadora científica do Centro de Estudos de Linguística Geral e Aplicada (CELGA-ILTEC) desde 2015.

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Publicado

2019-11-19