Sobre o estatuto de -nte: evidência de um continuum flexão-derivação para a mudança morfológica do latim ao português

Autores

DOI:

https://doi.org/10.24206/lh.v6i1.30736

Palavras-chave:

Morfologia. Sufixo -nte. Continuum flexão-derivação. Mudança linguística.

Resumo

Neste artigo, procuramos checar o estatuto morfológico de -nte, observando, através de critérios empíricos que tradicionalmente diferenciam a flexão da derivação, se houve mudança em seu percurso, do latim ao português. Pretendemos, com isso, validar a proposta de continuum flexão-derivação, mostrando que a mudança morfológica constitui importante evidência empírica de que a diferença entre essas duas áreas da morfologia não é discreta. Nesse intuito, fazemos um trajeto dessa unidade morfológica do latim ao português, sem deixar de contemplar o latim vulgar e o português arcaico. Nossos dados são todos de fontes secundárias, pois partimos de análises já feitas sobre a partícula em perspectivas diferentes da nossa.

Biografia do Autor

Carlos Alexandre Gonçalves, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Professor Titular da UFRJ (Departamento de Letras Vernáculas). Graduado em Letras pela UFRJ. Mestre em Linguística pela UFRJ. Doutor em Linguística pela UFRJ. Pesquisador I do CNPq.

João Carlos Tavares da Silva, Universidade Estadual do Rio de Janeiro / Centro de Ciências e Educação Superior à Distância do Estado do Rio de Janeiro.

Professor do CEDERJ. Graduado em Letras pela UFRJ. Mestre em Letras Vernáculas pela UFRJ. Doutor em Letras Vernáculas pela UFRJ. Bolsista de Pós-doutorado da CAPES.

Referências

AGUIAR, M.; RIBEIRO, G. Gramática latina. Rio de Janeiro: Jacinto Ribeiro dos Santos, 1925.

ALMEIDA, M. L. L. Estudo sobre os agentivos formados por -DOR e -NTE. Rio de Janeiro, Ed. da UFRJ, 1986.

ANDERSON, S. R. A-morphous morphology. Cambridge: Cambridge University Press, v. 62, 1992.

BASÍLIO, M. Re-estudo de agentivos. Rio de Janeiro: Pontifícia Universidade Católica, 1981.

BECHARA, E. Moderna gramática portuguesa. Rio de Janeiro: Lucena, 2005.

BOCHNER, H. Inflection within derivation. The Linguistic Review 3, p. 411-421, 1984.

BOOIJ, G. Construction Morphology. New York: Oxford University Press, 2010.

BORTOLANZA, J. O latim e o ensino do português. Revista Philologus, 18, p. 43-51, 2000.

BRANDÃO, C. O particípio presente e o gerúndio em português. Belo Horizonte: Imprensa Oficial, 1933.

BYBEE, J. Morphology. Cambridge: Cambridge University Press, 1985.

CAMPOS, O. A. S. O gerúndio no português. Rio de Janeiro: Presença; Brasília: INL, 1980.

CARDOSO, Z. Iniciação ao latim. São Paulo: Ática, 1990.

COLNAGHI, C. Flexão e Derivação: um labirinto gramatical. Passo Fundo: Ed. UPF, 2006.

COROMINAS, J; PASCUAL, A. Diccionario Crítico Etimológico Castellano e Hispánico. Madrid: Gredos, 1985.

CORTELAZZO, M.; ZOLLI, P. Dizionario etimologico della lingua italiana. Bolongna: Zanichelli. 1988.

CUNHA, C. F.; CINTRA, L. F. L. Nova Gramática do Português Contemporâneo. Rio de Janeiro: Nova Fonteira. 1985.

DIAS, E. F. A evolução do particípio presente em português. Dissertação (Mestrado em Letras). Instituto de Letras, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2014.

DUBOIS, J. et al. Dictionnaire Etymologique et Historique du Français. Paris: Larousse, 1994.

FAVA, S. P. Gramaticalizações do particípio presente. Dissertação (Mestrado em Língua Portuguesa). Faculdade de Letras, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1998.

FREIRE, A. Gramática latina. Lisboa: Livraria A. I, 1992.

FIGUEIREDO, C. Gramática sintética da língua portuguesa. 4. ed. Lisboa: Livraria Clássica Editora, 1928.

GONÇALVES, C. A. V. Flexão e Derivação em Português. Rio de Janeiro: Ed. da Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2005.

GONÇALVES, C. A. V. Pesquisas em Morfopragmática e Morfologia Histórica. São Paulo: Booklink, 2006.

GONÇALVES, C. A. Iniciação aos estudos morfológicos: flexão e derivação. São Paulo: Contexto, 2011.

GONÇALVES, C. A. Morfologia. São Paulo: Parábola, 2019.

JOSEPH, B. Diachronic Morphology. In: SPENCER, A.; ZWICKY, A. (Eds.). The Handbook of Morphology. Oxford: Blackwell, 1998. p. 351-73.

LIMA, L. R. Gramática normativa da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: José Olympio, 1975.

LUFT, C. P. Gramática resumida: explicação da nomenclatura gramatical brasileira. 10. ed., Rio de Janeiro: Globo, 1988.

MACHADO, J. Dicionário etimológico da língua portuguesa. Lisboa: Confluência, 1972.

MANOVA, S. Derivation versus Inflection in three Inflecting Languages. In: DRESSLER Wolfgang, U; KASTOVSKY, Dieter; PFEIFFER, Oskar; RAINER, Franz (Eds.). Morphology and its Demarcations. Amsterdam-Philadelphia: Benjamins, 2005. p. 233-252.

MARINHO, M. A. F. Do latim ao português: percurso histórico dos sufixos -DOR e -NTE. Tese (Doutorado em Letras Vernáculas). Faculdades de Letras, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2009.

MARINHO, M. A. F. Abordagem histórica das formações X-nte em português. In: SILVA, N. H.; GONÇALVES, C. A. (Orgs.). Novos Horizontes da Pesquisa em Morfologia. São Paulo. Pontes, 2017. p. 44-71.

MAROUZEAU, J. L’emploi du participe présent latin à l’époque républicaine. Paris: Librairie Ancienne H. Champion, 1910.

MAURER JR, T. H. A gramática do latim vulgar. Rio de Janeiro: Livraria Acadêmica, 1959.

MARTINS, C. Funcionamento verbal do particípio presente no português antigo. Gallæcia. Estudos de lingüística portuguesa e galega. 8 (1), p. 267-285, 2017.

MEDEIROS, A, B. Traços Morfossintáticos e Subespecificação Morfológica na Gramática do Português: Um estudo das Formas Participiais. Tese (Doutorado em Linguística). Faculdade de Letras, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2008.

MIRANDA, N. S. Agentivos deverbais e denominais: um estudo da produtividade lexical. Rio de Janeiro, Dissertação (Mestrado em Linguística). Faculdade de Letras, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1979.

MONTEIL, P. Elementos de fonética y morfología del latín. Traducción de Concépcion Fernández Martínez. Sevilla: Universidad de Sevilla, 2003.

ROCHA LIMA, C. H. Gramática normativa da língua portuguesa. Rio de Janeiro: José Olympio, 1976.

SARAIVA, F. R. S. Novíssimo Dicionário Latino-Português. 12ª ed. Garnier: Belo Horizonte, 2006.

ŠKERLJ, S. Syntaxe du participe présent et du gérondif en vieil italien, avec une introduction sur l’ emploi du participe présent et de l’ ablativ du gérondif en latin. Paris: Librairie Ancienne Honoré Champion, 1926.

STUMP, D. Inflecton. In: ZWICKY, A.; SPENCER, A. (Eds.). The handbook of morphology. Oxford: University Press, 1998. p. 213-235.

TAVARES da SILVA, J. C. A abordagem construcional nos estudos da morfologia do português: o modelo booijiano em terras brasílicas. Macabéa - Revista eletrônica do Netlli, v. 8, p. 109-135, 2019.

VIVAS, V. de M. A instabilidade categorial do particípio passado: uma visão cognitivista. In: ALMEIDA, M. L. L.; FERREIRA, R. G.; SOUZA, J. L. L. (Orgs.). Linguística Cognitiva em foco: morfologia e semântica do português. Rio de Janeiro: Publit, 2009. p. 142-165.

WINTER, C. Inflection and derivation. Linguistics, 48, p.

Downloads

Publicado

2020-03-24

Edição

Seção

Artigos - Dossiê Temático