Os tabus linguísticos no romance Cascalho de Herberto Sales
DOI:
https://doi.org/10.24206/lh.v6i3.35108Palavras-chave:
Léxico. Tabus linguísticos. Sexualidade. Cascalho. Herberto Sales.Resumo
Este estudo teve como objetivo selecionar e analisar 15 lexias envolvendo a sexualidade e seus tabus no romance Cascalho (2011), do escritor baiano Herberto Sales. Para isso, a discussão é guiada com trabalho já realizado de Ribeiro (2020), que estudou o léxico de Cascalho e delimitou um macrocampo com microcampos sobre a sexualidade da comunidade do garimpo. Usamos a metodologia dos campos lexicais preconizado por Coseriu (1977), que procede em fazer uma listagem dessas 15 lexias e apresentá-las com as perspectivas de embasamento teórico metodológico nos pressupostos de Freud (2013), Foucault (1988), Preti (1983), Guérios (1979), que abordam sobre tabu. Para os saberes de Lexicografia e Lexicologia contamos com os trabalhos de Borba (2003), Welker (2004) e Barros (2004), além de outros autores. O vocabulário da sexualidade com seu tabu linguístico constatou uma historicidade linguística da trajetória dos garimpeiros da Chapada Diamantina, que deixa transparecer por seu léxico seus valores, crenças, hábitos e costumes. A sexualidade está vinculada ao tabu como comportamento humano relacionado às questões sócio antropológico que tratam o sexo como pecaminoso ou sujo e isso é refletido na língua. As formações lexicais são construções que obedecem às necessidades dos falantes, e dentro desse espectro linguístico está o léxico obsceno de cunho sexual, considerado tabu por convenções sociais e abono cultural. A riqueza lexical de vocábulo tabuísta encontrada na região, por meio da obra literária, possui carga sociocultural que revela perfis identitários relacionados ao modo de vida do garimpo da Chapada Diamantina na Bahia.
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