Léxico e História da Escravatura: reflexões críticas a partir de documentos históricos

Autores

DOI:

https://doi.org/10.24206/lh.v6i3.35125

Palavras-chave:

Léxico. História da Escravatura. Violência. Resistência. Documentos do Arquivo Histórico Ultramarino.

Resumo

O artigo apresenta considerações sobre a articulação entre a análise do léxico e a história da escravatura no Brasil, a partir da edição de documentos históricos do século XVIII e XIX, vinculando-se a uma das frentes de pesquisa da Linguística Histórica. Assim, com base em textos de variados tipos documentais, foram selecionadas quatro unidades lexicais, vinculadas à esfera semântica da escravidão, a saber, escravatura, escravo, mulato e pelourinho, considerando a descrição e a análise das suas significações contextuais, lexicográficas e historiográficas, bem como as suas reverberações discursivas. Nesse viés, a pesquisa com o léxico nos remete a um lugar imaterial de fortes matizes históricas e políticas, que se fortalecem pelas memórias de resistências dos escravizados, atualizando e alimentando esse cenário e essas cenas de outras significações sócio-culturais, ideológicas e políticas.

Biografia do Autor

Eliana Correia Brandão Gonçalves, Universidade Federal da Bahia

Professora Adjunta da Área de Filologia Românica do Instituto de Letras da UFBA. Atua na Graduação e como Professora Permanente do Programa de Pós-Graduação em Língua e Cultura – PPGLinC–UFBA. Graduada em Letras, Mestre em Letras e Linguística – Crítica Textual – e Doutora em Letras e Linguística – Linguística Histórica – pela UFBA. Tem experiência na área de Filologia e Linguística, com ênfase em História da Língua e História das Transmissões Textuais e Edições de Documentos Históricos e Estudos Lexicais e Semânticos. Coordenadora do Grupo de Estudos Filológicos e Lexicais – GEFILL–UFBA.

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Publicado

2020-12-20