A solfa do Romance da Bela Infanta: uma melodia italiana do século XVII teria sobrevivido na tradição oral brasileira?

Autores

DOI:

https://doi.org/10.24206/lh.v8i1.47127

Palavras-chave:

Musicologia histórica. Tradição Oral. Etnomusicologia. Folclore Brasileiro. Música Antiga.

Resumo

O artigo avalia a hipótese de que o Ballo di Mantova, melodia italiana cuja versão mais antiga registrada data do início do século XVII, possa ter influenciado a música brasileira de tradição oral. Segundo Luigi Ferdinando Tagliavini, essa "melodia errante" se difundiu por toda a Europa ainda no seiscentismo na forma de música vocal profana, hinos religiosos, danças, peças para teclado ou tablaturas para alaúde e guitarra. Foi utilizada por compositores eruditos nos séculos XVIII e XIX como Mozart e Smetana, e é encontrada "ainda em vida" nos dias de hoje no folclore do norte da Itália. No entanto, esse motivo musical também está presente em algumas peças do folclore brasileiro, recolhidas na Paraíba, Bahia, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais por Guilherme de Mello, Ariano Suassuna e Rossini Tavares de Lima.

Biografia do Autor

Daniel Issa Gonçalves, Universidade Federal de Goiás

Doutor em Musicologia pela Sorbonne Université, é Arquiteto e Urbanista pela USP, diplomado em Música Antiga pela Schola Cantorum Basiliensis, Master of Arts pela Musikhochschule Luzern e Master of Advanced Studies pela Fachhochschule Nordwestschweiz. Foi conferencista no Centre de Musique Baroque de Versailles, na 2nd Transnational Opera Studies Conference em Berna, e na Österreichische Gesellschaft für Musik, em Viena. Em 2020, ministrou curso dentro da cadeira Histoire de l'Interprétation des musiques anciennes do Master de Musique et Musicologie na Sorbonne Université. Foi membro do IREMUS – Institut de Recherche en Musicologie em Paris, e do grupo de estudos Sentidos do Barroco vinculado à PUC-SP. Como cantor solista, atuou em The Fairy Queen de Purcell, Medée de Charpentier (Theater Basel, Suíça), Céphale et Procris de Jacquet de la Guerre (Markgräfliches Opernhaus Bayreuth, Alemanha), La Sonnambula de Bellini (Theater Biel-Solothurn, Suíça) e na criação da ópera Lunea de Heinz Holliger (Opernhaus Zurich, Suíça), entre outras. Teve papéis escritos para sua voz nas óperas Romulus der Grösse de Andreas Pflüger e Shiva for Anne de Mela Meierhans. Com um repertório que vai do medieval ao contemporâneo atuou em países como Suíça, Alemanha, França, Áustria, Itália, Portugal, República Tcheca, Letônia e China e participou de gravações para Deutsche Harmonia Mundi, Raum Klang, ORF, Claves e Pan Classics.

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20-09-2022

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Artigos - Dossiê Temático