A variação sonora refletida na escrita
estudo do rotacismo na história da língua portuguesa (Séculos XVII – XX)
DOI:
https://doi.org/10.24206/lh.v11i1.65422Palavras-chave:
Linguística Sócio-histórica, Inabilidade em escrita, Variação sonora, Rotacismo, História da língua portuguesaResumo
No âmbito da Linguística Sócio-Histórica, enfatiza-se a necessidade de reunir fontes e estudos que permitam uma maior aproximação à língua de sincronias passadas. Por isso, trabalhar com manuscritos que sejam mais transparentes à oralidade, como de escreventes com pouca habilidade com a escrita, garante um maior contato com as formas da língua de cada espaço/tempo. Neste trabalho, o objetivo é descrever as ocorrências do fenômeno rotacismo em corpora de períodos históricos variados, caracterizando os contextos de ocorrências, como a posição do segmento na sílaba e a classe gramatical das palavras, e verificar o tipo de corpus em que a presença dos dados é mais significativa, se de escreventes mais ou menos inábeis, a partir da caracterização realizada por estudos antecedentes. O rotacismo ocorre quando a lateral <l> passa à vibrante <r>, como em vortar (voltar); pero (pelo) e é um fenômeno estigmatizado no português brasileiro contemporâneo, presente principalmente na fala daqueles que possuem pouca ou nenhuma escolarização. Os resultados encontrados indicam ocorrências em distintas sincronias, como em barsfemo (blasfemo) (século XVII), borça (bolsa) (século XIX); farmiria (família) e parntado (plantando) (século XX). Na perspectiva histórica, este trabalho também é importante para um melhor tratamento metodológico dos corpora de mãos inábeis.
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