O fim da guerra não é o fim da guerra: a independência de Angola e os buracos negros da literatura

Autores

DOI:

https://doi.org/10.35520/mulemba.2020.v12n23a36984

Palavras-chave:

Guerra Anticolonial, Independência de Angola, Literatura, Luandino Vieira.

Resumo

Este artigo faz uma breve análise do processo de independência de Angola, levado a efeito pelos seus grandes movimentos de libertação nacional nos marcos do colapso do colonialismo português. Tentaremos mostrar o que significou para o povo angolano os séculos de colonialismo português, a violência que se abateu sobre esse povo durante o período colonial e como essa violência aumenta nos anos de guerra pela independência. Após breve análise da literatura angolana, a partir da obra de José Luandino Vieira, no momento de passagem de uma guerra de natureza essencialmente anticolonial para o cenário da guerra pela reconstrução das identidades africanas e angolana em particular, concluímos que a guerra travada pela literatura não termina com o fim da guerra anticolonial.

Biografia do Autor

Zoraide Portela Silva, Universidade do Estado da Bahia - UNEB

Zoraide Portela Silva: Colegiado de Letras da Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Campus VI. Graduação em Letras com Inglês pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB). Mestrado em Estudos Literários pela Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais (FALE/UFMG). Doutorado em Estudos comparados de Literaturas de Língua Portuguesa pela Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP). Professora do Departamento de Ciências Humanas (DCH/VI) da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), desde 1995; docente permanente do Programa de Pós-Graduação – Mestrado – em Ensino, Linguagem e Sociedade (PPGELS) da Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Pesquisadora do Grupo de Pesquisa Cultura, Sociedade e Linguagem (GPCSL). Experiência na área de Letras, com ênfase nas Literaturas de Língua Portuguesa, especialmente a brasileira e a africana. Pesquisadora na área de literaturas africanas de língua portuguesa com ênfase em Angola, orienta-se pelas linhas de pesquisa: Literatura Comparada; Literatura e Sociedade; Literatura e Ensino (com consonância com as Leis 10.639/03 e 11.645/08). Atualmente privilegia enfoques críticos sobre o comparativismo entre Angola e Moçambique (Séculos XX e XXI); Relações entre Cultura e Literatura afro-brasileira; Relações entre memória e guerra; Escrita; Identidade e Alteridade.

Humberto José Fonsêca, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB

Humberto José Fonsêca: Professor aposentado do Departamento de História da UESB. Graduado em História pela Universidade Federal da Bahia (FFCH/UFBa) em 1985. Mestre em Ciências Sociais pela FFCH/UFBa em 1990. Doutor em História Social da Cultura pela Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Minas Gerais (FAFICH/UFMG) em 2004. Experiência nas áreas de Teoria da História; História Social; Sociabilidades da América portuguesa; religiosidades e representações sociais; vivências da vida e da morte no Brasil nos séculos XVI, XVII e XVIII.

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Publicado

2021-05-21