As caligrafias de um corpo moçambicano: passeio pelo caderno de memórias coloniais
DOI:
https://doi.org/10.35520/mulemba.2023.v15n28a56662Palavras-chave:
corpo, letra, literatura, África, colonialismoResumo
O presente artigo problematiza a relação entre o desenvolvimento da literatura e a construção da identidade moçambicana, vistos a partir da transição de um paradigma colonial para um pós-colonial. Nesse intento, investiga-se por meio do romance Cadernos de Memórias Coloniais, como a narradora caligrafa seu corpo feminino na escrita de suas memórias e traumas, se opondo à ordem de escrita colonial e política portuguesa. Busca-se compreender a forma que estas memórias afetivas se inscrevem neste sujeito-mulher e como os signos de sua escrita retornam num processo de elaboração contínua, traçando a relação entre o corpo da narradora, o corpo do pai e o nascer da letra. Utilizando-se de pesquisa bibliográfica, em especial, artigos científicos atinentes à temática do regime colonial moçambicano e de teorias literárias do período pós-colonial, correlacionando com textos científicos de bases psicanalíticas. Concluiu-se que, ao caligrafar sua escrita enquanto corpo (letra), a partir da morte do pai, fez emergir sua inscrição fora do cânone português colonial.
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