Escrever a identidade nas entrelinhas da violência – conflitos e reencontros
DOI:
https://doi.org/10.35520/mulemba.2021.v13nEsp.a51056Abstract
No ensaio de 2006 Identity and Violence. The Illusion of Destiny, Amartya Sen apresenta a ideia de que o conflito e a violência assentam na ilusão de que os seres humanos se definem exclusivamente, ou sobretudo, a partir de uma única identidade. A ênfase num único aspeto de uma identidade plural alimenta a violência, pelo que o reconhecimento da diversidade identitária, através de uma escolha livre e racional, é determinante no mundo contemporâneo. No contexto pós-colonial, a relação entre identidade e violência revela-se fundamental, considerando a importância da (re)definição identitária emergente dos processos de descolonização. Estes, no caso de Angola e de Moçambique, são indissociáveis dos conflitos armados em que ambas as nações estiveram mergulhadas durante décadas, com consequências dramáticas na vida das populações. Procuramos, assim, fazer uma análise de representações da violência em narrativas de José Eduardo Agualusa e João Paulo Borges Coelho, especificamente no que fiz respeito à representação de espaços concentracionários, tendo em conta a importância da afirmação de identidades miscigenadas e a superação do trauma através do reconhecimento da alteridade.
Literaturhinweise
AGUALUSA, José Eduardo. Barroco Tropical. Lisboa: Dom Quixote, 2009.
AGUALUSA, José Eduardo. Discurso de entrega do Prémio Literário Internacional de Dublin 2017. Disponível em https://www.agualusa.pt/imagens/pdf/discurso-pt.pdf, Acesso em maio de 2020.
BALIBAR, Etienne. The Identity in Question. New York: Routledge, 1995.
CAN, Nazir A. Para além da história: Campo de trânsito de João Paulo Borges Coelho. Via Atlântica, (16), p.105-117, 2019. Disponível em https://doi.org/10.11606/va.v0i16.50466, Acesso em julho de 2020.
CHAKRABARTY, Dipesh. (2009) Identity and violence: the illusion of destiny, by Amartya Sen, South Asian History and Culture, 1:1, p. 149-154, 2009. Disponível em DOI: 10.1080/19472490903387282. Acesso em setembro 2020.
COELHO, João Paulo Borges. Da violência colonial ordenada à ordem pós-colonial violenta. Sobre um legado das guerras coloniais nas ex-colónias portuguesas. Lusotopie, n° 10, p. 175-193, 2003.
COELHO, João Paulo Borges. Campo de Trânsito. Lisboa: Editorial Caminho, 2007.
COELHO, João Paulo Borges. Entrevista a João Paulo Borges Coelho, realizada por Carmen Lindó Secco. Metamorfoses, nº 10, Revista da Cátedra Jorge de Sena para Estudos Literários Luso-Afro-Brasileiros da Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro-UFRJ. Editora Caminho e UFRJ, com apoio da Fundação Calouste Gulbenkian. Disponível em: http://www.buala.org/pt/cara-a-cara/entrevista-a-joao-paulo-borges-coelho, Acesso em junho 2020.
MENDONÇA, Fátima. Ovídio e Kakfa nas margens do Lúrio. 2007. Disponível em: https://ma-schamba.blogs.sapo.pt/fatima-mendonca-sobre-campo-de-transito-554369, Acesso em maio 2020.
SANTOS, Emanuelle. Guia prático para (des)construção de comunidade imaginadas: a crítica pós-colonial a partir do pensamento de fronteira em Campo de Trânsito. KHAN, S.; SOUSA S. et al (orgs). Visitas a João Paulo Borges Coelho. Leituras, diálogos e futuros. Lisboa: Edições Colibri, 2017, p. 139-152.
SEN, Amartya. Identity and Violence: the Illusion of Destiny. New York, Norton and Company, 2006.
Downloads
Veröffentlicht
Ausgabe
Rubrik
Lizenz
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).