Imani: A Outra Margem da História
DOI:
https://doi.org/10.35520/mulemba.2022.v14n26a53817Abstract
O presente artigo visa investigar as possibilidades do romance baseado em fatos históricos em contar um lado diferente da história. Nosso estudo concentra-se na trilogia de Mia Couto, As areias do imperador (2015, 2016, 2017), que procura relatar uma versão da história que tinha sido esquecida e progressivamente apagada. As narrativas marginais e periféricas são esquecidas em favor da versão oficial, veiculada por grandes narrativas nacionais emitidas por um poder hegemônico. Através da voz de Imani, a protagonista dos três romances, surge a possibilidade de ouvir o relato de uma das possíveis versões da história a partir de um ponto de vista sempre menorizado numa sociedade colonial: o ponto de vista feminino e autóctone. Iremos dividir o nosso trabalho em três eixos temáticos distintos: em primeiro lugar, o uso da língua como arma de sujeição e de poder, logo em seguida, o questionamento sobre a assimilação cultural forçada em Moçambique e finalmente a representação da sujeição às quais são submetidas as mulheres, tanto pelos colonos quanto que pelos colonizados. Para isso, as considerações de Memmi em Retrato do colonizado (1973) serão preciosas para desenvolver a nossa pesquisa, assim como a obra de Barthes (1978) e Bourdieu (2000) com relação ao suposto fascismo da língua, que por vezes pode ser usada como arma de sujeição e de poder, tema recorrente nos três romances de Mia Couto.
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