Deslocando campos: imaginando a renovação literária em <i>Itinerário</i> e <i>Drum</i>

Authors

  • Stefan Helgesson Universidade de Estocolmo

DOI:

https://doi.org/10.35520/mulemba.2021.v13n25a51449

Abstract

Este artigo mira seu olhar nos inícios das culturas literárias antiapartheid/anticolonial em Johanesburgo e Maputo (antiga Lourenço Marques) depois da Segunda Guerra Mundial, prestando atenção especificamente aos modos pelos quais tentaram cultivar uma estética da “novidade”. Focalizando nos influentes jornais Drum (1951 -) e Itinerário (1941 – 1955), argumento que ambos aproveitaram-se de correntes intelectuais transnacionais tais como o Harlem Renaissance e sua escrita, mas que as redes discursivas próprias do inglês e do português contribuíram para uma diferenciação de suas propostas estéticas. Itinerário atuou como uma espécie de vanguarda resistente à cultura colonial e burguesa. Drum tinha uma visada mais mercadológica e alcançou em sua primeira fase um compromisso entre um apelo a uma cultura de massa racializada e os ideais literários orientados por uma missão educacional dos negros sul-africanos. Essas diferenças podem ser então tornadas fatores explicativos em uma análise das diferenças persistentes entre as literaturas da África do Sul e de Moçambique.

References

ABRAHAMS, Peter. Tell Freedom. 1954. Londres: Faber, 1981.

ABRANCHES, Augusto dos Santos. (Sem título). Itinerário, Fev. 1952, p. 7.

ADDISON, Graeme. Drum beat: an examination of Drum. Speak, vol. 1, n. 3, 1978, p. 4-9.

ALBUQUERQUE, Orlando de. “A poesia de Cabo Verde.” Itinerário, Julho 1948, p. 8–9.

ALBUQUERQUE, Orlando de. “Poetas de Angola.” Itinerário, Nov, 1948.

ALBUQUERQUE, Orlando de. “Teatro dos negros norte-americanos”. Itinerário, Mar. 1949, p. 1.

ALBUQUERQUE, Orlando de. “Não te posso amar, América.” Itinerário, Mar. 1949, p. 1.

ANDRADE, Mário Pinto de; TENREIRO, Francisco José. Caderno de Poesia Negra de Expressão Portuguesa, 1953.

“Artistos [sic] Negros” (about Harlem Swingsters in Lourenço Marques). Drum, Abr.

, p. 26–27.

“As Vinhas da Ira”. Itinerário, Fev. 1948, p. 9, 11.

ATTWELL, David. Rewriting Modernity: Studies in Black South African Literary History. Pietermaritzburg: UKZN P, 2005.

BENJAMIN, Walter. Illuminations. Londres: Jonathan Cape, 1971.

“Black Navy.” Drum, Abr. 1955, p. 24–25.

BENTES, João. “Brasil e Portugal.” Itinerário, Nov. 1941, p. 4.

BOURDIEU, Pierre. The Field of Cultural Production. Nova Iorque: Columbia UP, 1993.

CASANOVA,Pascale. La république mondiale des lettres. Paris: Seuil, 1999.

CASTELO, Claúdia. “O modo português de estar no mundo”: O luso-tropicalismo e a ideologia colonial portuguesa (1933–1961). Lisboa: Afrontamento, 1998.

CHAPMAN, Michael (ed.). The Drum Decade. Pietermaritzburg: U of Natal P, 2001.

CHAPMAN, Michael. Southern African Literatures. 1996. Pietermaritzburg: U of Natal P, 2003.

DIONÍSIO, Mário. “Poesia e crise.” Itinerário, Dez. 1951, p. 1.

DRIVER, Dorothy. “Drum Magazine (1951–1959) and the Spatial Configurations of Gender.” In: DARIAN-SMITH, Kate; GUNNER, Liz; NUTTALL, Sarah. (Eds.). Text, Theory, Space. Londres: Routledge, 1996: p. 231–242.

“Drum on the Moon!”. Drum, Jun. 1954, p. 10–11.

Editorial. Itinerário, Abr. 1945, p. 1–2.

FANON, Frantz. The Wretched of the Earth. [1961]. Trad. Constance Farrington. Londres: Penguin, 2001.

FARIA, Eduardo Lourenço de. “Portugal-França ou a comunicação assimétrica.” Les Rapports culturels et littéraires entre le Portugal et la France. Paris: Fondation Calouste Gulbenkian, 1983: p. 13–27.

FERREIRA, Manuel. O Discurso no Percurso Africano I. Lisboa: Plátano Editora, 1988.

FOUCAULT, Michel. “The Discourse on Language”. The Archaeology of Knowledge. [1969]. Trad. A. M. Sheridan Smith. Nova Iorque: Pantheon, 1972, p. 215–237.

GATES, Henry Louis. “Writing ‘Race’ and the Difference It Makes.” In: GATES, Henry Louis. (Ed.). “Race,” Writing, and Difference. Chicago: Universidade de Chicago Press, 1985, p. 1–20.

GILROY, Paul. The Black Atlantic: Modernityand Double Consciousness. Londres: Verso, 1993.

GREADY, Paul. “The Sophiatown Writers of the Fifties”. In: Newell, Stephanie (Ed.). Readings in African Popular Fiction. Londres: James Currey, 2002: p. 144–155.

GREEN, Michael. Novel Histories. Past, Present and Future in South African Fiction. Johanesburgo: Witwatersrand UP, 1997.

HANNERZ, Ulf. “Sophiatown: The View from Afar.” Journal of Southern African Studies,vol. 20, n. 2, 1994, p. 181–193.

HELGESSON, Stefan. “Black Atlantics.” In: ERIKSSON-BAAZ, Maria; PALMBERG, Mai (Eds.). Self and Other: Negotiating Identity in African Cultural Production. Uppsala: Nordic Africa Institute, 2001, p. 23–36.

JACINTO, António. “Da literatura, da crítica e da educação”. Itinerário, Fev. 1952, p. 7, 9.

KALUNGANO [Marcelino dos Santos]. “Aqui nascemos...”.Itinerário, Set. e Out. 1955, p. 13.

KNOPFLI, Rui. “Notas a um infeliz artigo sobre Ladrões de Bicicletas”. Itinerário, Mai. 1951: p. 9, 12. Rpt. A Seca e Outros Textos. Maputo: Centro Cultural Português, 1999.

KOLOCOTRONI, Vassiliki et al., (Eds.). Modernism: An Anthology of Sources and Documents. Chicago: University of Chicago Press, 1998.

LADEN, Sonja. “‘Making the Paper Speak Well,’ or, the Pace of Change in Consumer Magazines for Black South Africans.” Poetics Today, vol. 22, n. 2, 2001, p. 515–48.

LARANJEIRA, Pires. Formação e desenvolvimento das literaturas africanas de língua portuguesa. In: Literaturas de Língua Portuguesa. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1986.

LINDFORS, B. “Post-War Literature in English by African Writers from South Africa”. Phylon, vol. 27, n. 1, 1966, p. 50–62.

LOPES, Óscar; SARAIVA, José. História da Literatura Portuguesa. 14 ed. Porto: Porto Editora, 1987.

MAIMANE, Arthur. “Crime for Sale”. Drum, Jan. 1953, p. 32–33.

_____. ”Hot Diamonds”. Drum, Jul. 1953, p. 28–29.

MAMDANI, Mahmood. Citizen and Subject. Princeton, NJ: PUP, 1996.

MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. The Communist Manifesto with Related Documents. Boston: Bedford, 1999.

MATSHIKIZA, John. Introduction. In: CHAPMAN, M. (ed.). The Drum Decade. 2001: p. ix–xii.

MBEMBE, Achille. On the Postcolony. Berkeley: U of California P, 2001.

MENDONÇA, Literatura moçambicana. Maputo: Núcleo Editorial da Universidade Eduardo Mondlane, 1988.

MODISANE, Bloke. “The Respectable Pickpocket!”. Drum, Jan. 1954, p. 22–23.

_____. Blame Me on History. 1963. Johanesburgo: Ad Donker, 1986.

MOSER, Gerald. “A Good Story Writer, and Much More: Orlando de Albuquerque, Mozambican.” In: AFOLABI, Niyi; BURNESS, Donald (Ed.). Seasons of Harvest: Essays on the Literatures of Lusophone Africa. Asmara: Africa World P, 2003, p. 55–78.

MPHAHLELE, Ezekiel. “Afro-Asia Tells the World”. Drum, Jun. 1955, p. 71.

_____. Down Second Avenue. Londres: Faber, 1959.

NICOL, Mike. A Good-Looking Corpse. Londres: Secker and Warburg, 1991.

NIXON, Rob. Homelands, Harlem and Hollywood. Nova Iorque: Routledge, 1994.

NOA, Francisco. “Da literatura e da imprensa em Moçambique.” In: RIBEIRO, Fátima; SOPA, António (Ed.). 140 Anos de Imprensa em Moçambique. Maputo: AMOLP, 1996, p. 237–41.

NUTTALL, Sarah. “Stylizing the Self: the Y Generation in Rosebank Johannesburg”. Public Culture, vol. 16, n. 3, 2004: p. 430–52.

NXUMALO, Henry. “How Drum Beat Them All”. Drum, Mai. 1956, p. 24, 25, 27, 29, 31.

“O Estado Novo é antidemocrático e totalitário”. Itinerário, Fev. 1949, p. 2.

“Para uma cultura moçambicana”. Itinerário, Jul. e Ago. 1955, capa.

POMAR, Júlio. “A arte e o novo”. Itinerário, Maio. 1948, p. 1.

ROCHA, Ilídio. “Sobre as origens de uma literatura africana de expressão portuguesa: raízes e consciencialização”. Les littératures africaines de langue portugaise. Paris: Fondation Calouste Gulbenkian, 1989. 407–16

SAMPSON, Anthony. Drum: A Venture into the New Africa. Londres: Collins, 1956.

SANTOS, Marcelino dos. Canto do Amor Natural. Maputo: AEMO, 1990.

SHARAK, D. K. “India’s Fabulous Film Industry”. Drum, Jun. 1955, p. 46–47.

SILVA, João. “A literatura negra norte-americana”. Itinerário, Nov. 1949, p. 16.

SKIDMORE, Thomas E. “Raízes de Gilberto Freyre.” Journal of Latin American Studies,vol. 34, 2002, p. 1–20.

SOPA, António. “Alguns aspectos do regime de censura prévia em Moçambique (1933–1975).” In: RIBEIRO, Fátima; SOPA, António (Ed.). 140 anos de imprensa em Moçambique. Ed.. Maputo: AMOLP, 1996, p. 89–99.

SOUSA, Noémia de. Sangue negro. Maputo: Associação dos Escritores Moçambicanos, 2001.

SPIVAK, Gayatri Chakravorty. A Critique of Postcolonial Reason. Cambridge: Harvard UP, 1999.

TEIXEIRA, Aragão. “‘Os Novos’ – Carta aberta aos naturais da Colónia”. Itinerário, Out. 1948, p. 11.

TITLESTAD, Michael. Making the Changes: Jazz in South African Literature and Reportage. Pretoria: UNISA P, 2004.

TRIGO, Salvato. Introdução à Literatura Angolana de Expressão Portuguesa. Porto: Brasília Editora, 1977.

VATTIMO, Gianni. The End of Modernity. Trad. John R. Snyder. Baltimore: Johns Hopkins UP, 1988.

WOEBER, Catherine. “A Good Education Sets up a Divine Discontent”: The Contribution of St Peter’s School to Black South African Autobiography. Thesis PhD. University of the Witwatersrand, 2000.

Published

2022-05-17