Um mar de brumas em <i>A Triste História de Barcolino</i>: exílios internos de morte simbólica
DOI :
https://doi.org/10.35520/mulemba.2020.v12n22a39817Mots-clés :
insílio, literatura moçambicana, literatura-mundoRésumé
Um mar de brumas paira sobre a “história de bela tristeza”, do personagem Barcolino; o mar, aqui representado pelo Índico, é visto como este espaço de mistérios guardados envolvendo desde o gigante Adamastor, até, principalmente, o estranhamento vivido pelo protagonista. Como um estrangeiro seja em terra ou mar, ele sofre o exílio interno ou o insílio, pois sobrevive nas bordas da marginalidade, incompreendido, solitário, isolado, perseguido pelo bairro e rejeitado na própria casa, tal qual um estrangeiro no lar, configurando-se, assim, uma identidade sem fronteiras, sem vínculo com um único lugar. Portanto, nessa obra da literatura moçambicana, opera-se a intersecção do aqui e acolá, do aquém e além, da monodia à plurivocalidade estético-literária da literatura-mundo, pretendendo encontrar sujeitos outros que compartilhem da mesma mensagem de resistência, ao narrar, sob a perspectiva da dor, a história de personagens afogadas em exílios internos de morte simbólica.
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