O czasopiśmie

Sobre a Revista

Foco e Escopo

Mulemba é uma revista do Programa de Pós-Graduação em Letras Vernáculas, da área de Literaturas Portuguesa e Africanas e pauta-se pela intenção de divulgar a produção das Literaturas Africanas de Língua Portuguesa, cujo ensino vem crescendo, principalmente depois que este se tornou obrigatório, em todo território brasileiro, nos diferentes graus de escolaridade do sistema educacional em vigor. A Revista pretende também divulgar textos de comparação entre Literaturas Africanas de Língua Portuguesa e obras representativas de outras  literaturas, entre as quais as Literaturas Africanas de países da África falantes de outras línguas, a literatura afro-brasileira, as literaturas afropeias. 

Processo de Avaliação pelos Pares

Os trabalhos serão submetidos a um conselho editorial composto por especialistas de consagrada competência científica e de incontestável saber nas diferentes áreas de estudo contempladas pela revista. Os textos, sem identificação autoral, serão encaminhados a dois pareceristas, num processo de avaliação duplo-cego. Os pareceristas poderão sugerir alterações de estrutura e de conteúdo. No caso de julgamentos divergentes, o trabalho é enviado a um membro do conselho editorial. Os pareceres serão encaminhados aos autores juntamente com instruções para as alterações sugeridas pelos pareceristas.

Os Editores Responsáveis enviam cada trabalho para dois membros do Conselho Editorial ou consultores "ad hoc", que o examinam e o avaliam, atribuindo-lhe uma nota de 0 a 10. Serão selecionados, para cada número, 10 textos aprovados, usando-se o critério de classificação daqueles cuja média de conceitos for a maior.

Periodicidade

A revista tem periodicidade semestral, com publicação de estudos sobre Literaturas Africanas de Língua Portuguesa. A publicação é prevista para junho e dezembro.

Política de Acesso Livre

Esta revista oferece acesso livre imediato ao seu conteúdo, seguindo o princípio de que disponibilizar gratuitamente o conhecimento científico ao público proporciona maior democratização mundial do conhecimento.

A revista não cobra encargos para submissão, nem para o processamento e publicação dos artigos (APCs).

Quem pode submeter textos, entrevistas, artigos, resenhas:

Poderão submeter artigos, entrevistas, resenhas pesquisadores, docentes e pós-graduandos (mestrandos, doutorandos, mestres, doutores).

Sponsors

Histórico do periódico

Mulemba é uma publicação do Setor de Literaturas Africanas de Língua Portuguesa da UFRJ. Foi idealizada e criada, em 2009, durante o estágio de Pós-Doutorado da Professora Doutora Maria Geralda de Miranda que teve a ideia de pensar e construir essa publicação para o nosso Setor. A Revista Mulemba logo foi avaliada como um periódico B2 pela CAPES. Em 2012 foi classificada pela CAPES como um periódico A2. Em 2016, os novos critérios da CAPES a avaliaram como um periódico B2. A partir de 2017 a revista passou por ajustes para a adequação aos novos critérios de avaliação. Em 2019, foi avaliada como A3. Em 2023, foi avaliada como A4.

A revista é fruto do trabalho desenvolvido, na UFRJ, desde 1993, pelos docentes de Literaturas Africanas, pelos bolsistas, monitores e alunos de Graduação e Pós-Graduação em Letras Vernáculas.

A proposta de Mulemba é divulgar a produção das Literaturas Africanas, demonstrando como essa área vem crescendo em quantidade e qualidade, nas últimas décadas.

Proposta da Revista Mulemba 

Mulemba é organizada por docentes de Literaturas Africanas, bolsistas, monitores e alunos de Pós-Graduação em Letras Vernáculas.

Uma das principais metas da revista é promover o debate crítico e democrático, sendo, além disso, seu propósito a divulgação da cultura e das letras africanas. Mulemba se quer um espaço aberto, no qual os estudiosos da área – docentes, pesquisadores e alunos – possam expor artigos decorrentes de suas pesquisas. Cada edição de Mulemba  elegerá um tema a ser abordado pelo dossiê; contudo, haverá a possibilidade de serem publicados artigos de temática livre, entrevistas e resenhas.

O nome da revista foi escolhido com muito cuidado. Venceu Mulemba, tendo em vista a significação e a simbologia que essa árvore teve e, ainda, tem para Angola. A Mulemba Waxa Ngola – mulemba da terra do Ngola, também denominada mulembeira ou ensadeira, “Ficus Thonningii, Blume” – possui uma altura imponente e uma copa imensa, cuja sombra torna fresco e aprazível o local à sua volta. Era, sob as mulembeiras, sempre frondosas, que os sobas das tradicionais sanzalas angolanas faziam suas assembléias e discutiam, até que suas “makas” – isto é, seus conflitos – se resolvessem.

Considerada um pilar sagrado, a mulembeira costumava ficar no centro das aldeias e constituía um espaço democrático de debate, um lugar de estórias narradas pelos mais velhos.  À volta dessa árvore, se discutiam os problemas da comunidade, se adivinhavam presságios, se decidiam litígios, se estabeleciam contatos com o mundo dos ancestrais. Tinha, portanto, a mulemba um papel de destaque no contexto mítico-religioso angolano, uma vez que efetuava a ligação entre o mundo dos homens e o dos espíritos.

Confirmando tais significações acerca dessa árvore sagrada e dando outros detalhes e informações, destacamos o seguinte verbete, retirado do glossário da tese da escritora e historiadora Ana Paula Tavares, de Angola:

Mulemba, Ficus Psicolopoga Welw. ex Warb, Ficus Sicomurus, Phyllantus stuhlmannii Pax, Ficus thoningii Bleim. Nos Dicionários de Kimbundu – Português, Mulêmba, pl. Milêmba, com o sinónimo de Incendeira. No Dicionário CokwePortuguês, existem várias entradas para o radical Lemba - «uma árvore frondosa de que se extrai o visco para apanhar pássaros (Ficus Welwitschii); Lemba - oração, prece, súplica e ainda Lemba – antepassado, maior, avô, ancião. Com a grafia mulemba mas o sinónimo de Ensandeira ocorre em Cadornega, Tomo I, p. 818 - «É a árvore chamada em Luanda e seu interior ensandeira. Esta árvore é chamada no Congo nsanda; desta palavra fizeram os portugueses no Congo a palavra ensandeira, a qual palavra transitou para Luanda e ali se continuou a usar». Para as regiões do antigo reino do Ndongo «a permanência e a união dos grupos de parentesco e a sua ligação com os antepassados múndòngò passaram a ser asseguradas pela árvore mulèmbà, que passou a ser plantada no centro de cada nova aglomeração», Cf. Virgílio Coelho, Em Busca de Kábàsá..., p.143. Carvalho, Ethnographia, p. 93, atribuição do título Capenda - cá-Mulemba, deveu-se à grande abundância de árvores Mulemba (Ficus elástica) na região. Sesinado Marques, companheiro de viagem de Henrique de Carvalho, no seu Os Climas e as Produções de Malange à Lunda, também a considera e classifica, sublinhando a sua importância, a seu ver injustificada, como panaceia para múltiplas doenças, p. 45. Múlê: mb «simboliza a perpetuação do título político... para os Lunda e para os Lwena também, os dois termos para árvores Lannea – muyomb e mulemba – diferem na medida em que a primeira é predominantemente um símbolo ligado aos ancestrais, enquanto que a segunda se liga directamente à chefia», Hoover, Seduction, p. 575. «Árvore sagrada da maioria das etnias do ‘nordeste’. O lugar desta árvore na cultura tsokwé e Lunda é muito importante. Todas ou quase todas aldeias têm uma mulemba que normalmente assinala o lugar da fundação. É debaixo dos seus ramos que frequentemente se discutem os grandes problemas, se faz justiça, se recebem os visitantes de honra, se dança, etc. Foi sob uma mulemba que Lweji recebeu pela primeira vez o seu futuro esposo, o grande caçador Tshibinda Ilunga», Mesquitela Lima, Fonctions, p. 305, 306. Areia, Les Symboles. p. 395, afirma que no nordeste a mulemba é por excelência a árvore ligada ao culto dos antepassados. Citando um dos seus informadores, quando apontava a figurinha Kuku do cesto de adivinhação, diz: “Isto é o Lemba, uma pessoa de outro tempo, a mulemba é para lembrar o Kuku. Outro dos informadores apontando as árvores alinhadas ao lado de sua casa afirma ali residirem os antepassados e daí a existência de duas árvores, uma dos homens e uma das mulheres. Vancina em How Societies..., pp.239, 240, e nota 98, sublinha a importância da mulemba como árvore ancestral, sem relação, do ponto de vista das raízes linguísticas com lemba - lémbà - o mais velho de todos os residentes irmãos da mãe.

 

Por analogia, a Revista Mulemba quer ser, também, conforme essa árvore sagrada, o centro de inúmeras discussões e críticas que analisem obras literárias e temas africanos voltados tanto para a tradição, como para a modernidade. Publicando artigos os mais variados sobre escritores, poetas e intelectuais africanos, pretende contribuir para aumentar a visibilidade das culturas e literaturas africanas.

As árvores, de modo geral, têm a função de purificar o ar, controlar a erosão da terra, proteger e sustentar a vida. Metaforicamente, a Revista Mulemba também se propõe ser um instrumento vital de florescimento e renovação cultural, passando informações preciosas, divulgando textos, escritores e estudiosos, incentivando novos escritos, imprimindo uma salutar respiração aos estudos literários dessas letras africanas que, durante tanto tempo, estiveram alijadas dos espaços escolares e universitários.

                                                                                                                           

                                                                                                                            Os editores