CONHECIMENTO LOCAL SOBRE PLANTAS ALIMENTÍCIAS NATIVAS NO CHACO BRASILEIRO

Autores

  • Ieda Maria Bortolotto Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
  • Elidiene Priscila Seleme Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
  • Ivanda Piffer Pavão de Araújo Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
  • Simone de Souza Moura Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
  • Ângela Lúcia Bagnatori Sartori Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

DOI:

https://doi.org/10.4257/oeco.2019.2304.05

Palavras-chave:

backyards, conservation, ethnobotany, Pantanal, remnants

Resumo

Este trabalho teve como objetivos verificar quantas e quais são as espécies alimentícias do Chaco utilizadas por três grupos de moradores do município de Porto Murtinho, estado do Mato Grosso do Sul, Brasil e dentre essas, quais seriam mais importantes. Os dados foram obtidos por meio de entrevistas semiestruturadas dirigidas às pessoas de ambos os sexos, com idades entre 18 e 80 anos. Para a seleção dos entrevistados foram realizados sorteios, obtidas indicações de informantes-chave pelos moradores e/ou a técnica bola de neve. Foram entrevistadas 106 pessoas, que citaram 29 espécies alimentícias nativas. Fabaceae apresentou o maior número de espécies conhecidas para fins alimentícios. A espécie com maior Valor de Uso Geral (alimentício, medicinal, construção e outros) e Valor de Uso Alimentício foi Copernicia alba (Arecales, Areaceae). Acrocomia aculeata (Arecales, Areaceae) foi a única mencionada nos três estudos. A riqueza de espécies foi considerada alta quando comparada com outras comunidades do Chaco na América do Sul. Espécies típicas do Chaco como Prosopis rubrifolia (Fabales, Fabaceae), por exemplo, foram citadas neste estudo ampliando as informações sobre o conhecimento popular a respeito da flora local. O baixo valor de uso da maioria das espécies pode ser atribuído ao fato de a maioria dos entrevistados residir na área urbana ou nas proximidades.

LOCAL KNOWLEDGE ABOUT NATIVE FOOD PLANTS IN BRAZILIAN CHACO. The aim of this study was to verify how many and which are the Chaco food species used by three groups of residents in Porto Murtinho municipally, state of Mato Grosso do Sul, Brazil and among these, which would be more important. The vegetation of the sampled area is typical of the Chaco. Data was collected using semi-structured interviews focused on local women and men from ages between 18 and 80 years. Respondents’ selection was through drawings, through locals’ indications of key-informers and the snowball technique. A total of 106 people had been interviewed, mentioning 29 wild food species. Fabaceae presented the highest number of species known for food uses. The species with the highest General Use Value (food, medicinal, construction and others) and Food Use Value was Copernicia alba (Arecales, Areaceae). Acrocomia aculeata (Arecales, Arecaceae) was the only species mentioned in all three surveys. Species richness was considered hight when compared with other communities on the Chaco in South America. Typical Chaco species such as Prosopis rubrifolia (Fabales, Fabaceae) had been mentioned in this study, expanding information on popular knowledge regarding local flora. The low use value of most of the species can be related to the fact that most of the respondents live in the urban area or its neighborhoods.

Biografia do Autor

Ieda Maria Bortolotto, Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Instituto de Biociências

Laboratório de Botânica/Etnobotânica

Referências

Abdon, M. M., Silva, J. S. V., Souza, I. M., Romon, V. T., Rampazzo, J., & Ferrari, D. L. 2007. Desmatamento no bioma Pantanal até o ano 2002: Relações com a fitofisionomia e limites municipais. Revista Brasileira de Cartografia, 59(01), 17-24.

Alves, F. M., Sartori, A. L. B., Zucchi, M. I., Azevedo-Tozzi, A. M. G., Tambarussi, E. O. V., & Souza, A. P. 2018. A high level of outcrossing in the vulnerable species Prosopis rubriflora in a Chaco remnant. Australian Journal of Botany, 66(4), 360-368. DOI: 10.1071/BT17195.

Amador, G. A., Damasceno-Júnior, G. A., Casagrande, J. C., & Sartori, Â. L. B. 2012. Structure of two communities dominated by Copernicia alba and associations with soil and inundation in Pantanal wetland, Brazil. Oecologia Australis, 16(4), 846-858. DOI: 10.4257/oeco.2012.1604

Albuquerque, U. P., & Lucena, R. F. P. 2004. Métodos e técnicas na pesquisa eEtnobotânica. Recife: Editora Livro Rápido/NUPEEA: p. 189.

Alexiades, M. N. 1996. Collecting ethnobotanical data: An introduction to basic concepts and techniques. In: M. N. Alexiades (Ed.), Selected guidelines for ethnobotanical research: a field manual. pp. 54-93. Nova York: New York Botanical Garden.

Araújo, I. P. P. 2014. Conhecimento, uso e diversidade de espécies arbóreas de mata ciliar no Chaco Brasileiro. Master thesis. Programa de Pós-Graduação em Biologia Vegetal da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. p 49.

Arenas, P., & Scarpa, G. F. 2007. Edible wild plants of the Chorote Indians, Gran Chaco, Argentina. Botanical Journal of the Linnean Society, 153(1), 73-85. DOI: 10.1111/j.1095-8339.2007.00576.x

Bernard, H. R. 1988. Research methods in cultural anthropology. Newbury Park, CA: Sage: p. 520.

Bortolotto, I. M., & Amorozo, M. C. M. 2012. Aspectos históricos e estratégias de subsistência nas comunidades localizadas ao longo do rio Paraguai em Corumbá – MS. In: E. C. Moretti, & A. Banducci-Junior (Eds.), Pantanal: territorialidades, culturas e diversidade. pp. 57-88. Campo Grande: Editora Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.

Bortolotto, I. M., Amorozo, M. C. M., Guarim Neto G., Oldeland, J., & Damasceno-Júnior, G. A. 2015. Knowledge and use of wild edible plants in rural communities along Paraguay River, Pantanal, Brazil. Journal of Ethnobiology and Ethnomedicine, 11(46), 1-14. DOI: 10.1186/s13002-015-0026-2

Bortolotto, I. M., Hiane, P. A., Ishii, I. H., Souza, P. R., Campos, R. P., Gomes, R. J. B., Farias, C. S., Leme, F. M., Arruda, R. C. O., Costa, L. B. L. C., & Damasceno-Junior, G. A. 2017. A knowledge network to promote the use and valorization of wild food plants in the Pantanal and Cerrado, Brazil. Regional Environmental Change, 17(5), 1329-1341. DOI: 10.1007/s10113-016-1088-y

Bortolotto, I. M., Damasceno-Júnior, G. A., & Pott, A. 2018. Lista preliminar das plantas alimentícias nativas de Mato Grosso do Sul, Brasil. Iheringia Serie Botânica, 73, 101-116. DOI: 10.21826/2446-8231201873s101

Brasil, 1982. Projeto RADAM BRASIL. Campo Grande: geologia, geomorfologia, pedologia, vegetação e uso potencial da terra. Folha SF21. Rio de Janeiro: Ministério das Minas e Energia. Departamento Nacional de Produção Mineral: p. 412.

Burkill, I. L. 1966. Dictionary of economic products of the Malay Peninsula. pp. 905-906. London.

Cornelli, M. J. O. 1996. A review of the social and economic opportunities for Prosopis (Algarrobo) in Argentina. In: P. Felker, & J. Moss (Eds.), Prosopis: Semiarid fuelwood and forage tree building consensus for the disenfranchised. pp. 5.19-5.34. Washington, D.C.: U.S. National Academy of Sciences Building.

Carniello, M. A., Silva, R. S, Cruz, M. A. B., & Guarim-Neto G. 2010. Quintais urbanos de Mirassol D’Oeste-MT, Brasil: uma abordagem etnobotânica. Acta Amazônica, 40(3), 451-470. DOI: 10.1590/S0044-59672010000300005

Eichemberg, M. T., & Amorozo, M. C. M. 2013. Contribuições dos quintais urbanos antigos na produção e no consumo de alimentos em Rio Claro, Sudeste do Brasil. Boletim Museu Paraense Emílio Goeldi - Ciências humanas, Belém, 8(3), 745-755. DOI: 10.1590/S1981-81222013000300015

Freyre, M., Astrada, E., Blasco, C., Baigorria, C., Rozycki, V., & Bernardi, C. 2003. Valores nutricionales de frutos de Vinal (Prosopis ruscifolia): consumo humano y animal, Cyta - Journal of Food, 4(1), 41-46. DOI: 10.1080/11358120309487617

Gopal, B. 1987. Water hyacinth. Netherlands: Elsevier Science Publishers: p. 471.

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 2010. Censo Demográfico 2010. Cidades. Porto Murtinho-MS. Retrieved on 24 May, 2019, from https://cidades.ibge.gov.br/brasil/ms/porto-murtinho/panorama

Kuhnlein, H. V. 2014. How ethnobiology can contribute to food security. Journal of Ethnobiology, 34(1), 12-27. DOI: 10.2993/0278-0771-34.1.12

Ladio, A. H. 2001. The maintenance of wild edible plant gathering in a Mapuche community of Patagonia. Economic Botany, 55(2), 243-254. DOI: 10.1007/BF02864562

Leal, M. L., Alves, R. P., & Hanazaki, N. 2018. Knowledge, use, and disuse of unconventional food plants. Journal of Ethnobiology and Ethnomedicine, 14(6), 2-9. DOI: 10.1186/s13002-018-0209-8

Maturo, H. M., & Prado, D. E. 2006. Los bosques del Chaco Húmedo formoseño: tres estados contrastantes de conservación en tierras privadas. In: A. D. Brown, U. Martínez-Ortiz, M. Acerbi, & J. Corcuera (Eds.), La Situación Ambiental Argentina 2005. pp. 116-118. Buenos Aires: Fundación Vida Silvestre Argentina.

Moura, S. S. 2015. Quintais como espaço de conservação no Chaco. Master thesis. Programa de Pós-Graduação em Biologia Vegetal da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. p 73.

Olson, D. M., Dinerstein, E., Wikramanayake, E. D., Burgess, N. D., Powell, G. V., Undewood, E. C., & Loucks, C. J. 2001. Terrestrial ecoregions of the World: A new map of life on Earth. BioScience, 51(11), 933-938. DOI: 10.1641/0006-3568(2001)051[0933: TEOTWA]2.0.CO;2

Noguchi, D. K., Nunes, G. P., & Sartori, A. L. B. 2009. Florística e síndromes de dispersão de espécies arbóreas em remanescentes de Chaco de Porto Murtinho, Mato Grosso do Sul, Brasil. Rodriguésia, 60(2), 353-365. DOI: 10.1590/2175-7860200960208.

Palmieri, V. S., López, M. L., & Trillo, C. 2018. Aproximaciones etnobotánicas de las especies y prácticas de frutos nativos comestibles de la actualidad. Aportes para la interpretación del pasado prehispánico de cerro colorado (Córdoba, Argentina). Boletín de la Sociedad Argentina de Botánica, 53(1), 115-133.

Pardo-de-Santayana, M., & Macía, M. J. 2015. The benefits of traditional knowledge. Nature, 518, 487-488. DOI: 10.1038/518487a

Phillips, O., & Gentry, A. H. 1993. The useful plants of Tambopata, Peru: I. statistical hypotheses tests with a new quantitative technique. Economic Botany, 47(1), 15-32. DOI: 10.1007/BF02862203

Polhill, R. M, Raven, P. H., & Stirton, C. H. 1981. Evolution and systematics of the Leguminosae. Advences in Legume Systematics. 1, 1-26.

Pott, V. J., & Pott, A. 2000. Plantas aquáticas do Pantanal. Brasília: Embrapa: p. 404.

Pott, A, Oliveira, A. K. M., Damasceno-Junior, G. A., & Silva, J. S. V. 2011. Plant diversity of the Pantanal wetland. Brazilian Journal of Biology, 71(1), 265-273. DOI: 10.1590/S1519-69842011000200005

Prado, D. E., Gibbs, P. E., Pott, A., & Pott, V. J. 1992. The Chaco-Pantanal transition in southern Mato Grosso, Brazil. In: P. A. Furley, J. Proctor, & J. A. Ratter (Eds.), Nature and dynamics of forest-savanna boundaries. pp. 451-470. London: Chapman & Hall.

Reyes-García, V., Vadez, V., Huanta, T., Leonard, W., & Wilkie, D. 2005. Knowledge and consumption of wild plants: a comparative study in two Tsimane’s villages in the Bolivian Amazon. Ethnobotany Research and Applications, 3, 201-207. DOI: 10.17348/era.3.0.201-208.

R Development Core Team. 2011. R: A language and environment for statistical computing. R Foundation for Statistical Computing, Vienna, Austria. http://www.R-project.org/

Ríos, N., Cejas, M., & Maldonado, M. 2008. El Vinal (Prosopis ruscifolia Grises.) Una especie importante en el Gran Chaco Americano, Argentina. Foresta Veracruzana, 10(2), 17-26.

Ritter, M. R., Silva, T. C., Araújo, E. L., & Albuquerque, U. P. 2015. Bibliometric analysis of ethnobotanical research in Brazil (1988-2013). Acta Botanica Brasilica, 29, 113-119. DOI: 10.1590/0102-33062014abb3524

Sartori, A. L. B., Pott, V. J., Pott, A., & Carvalho, F. S. 2018. Checklist das Angiospermas do Chaco de Mato Grosso do Sul. Iheringia Serie Botanica, 73, 22-33. DOI: 10.21826/2446-8231201873s22

Scarpa, G. 2009. Wild food plants used by the indigenous peoples of the South American Gran Chaco: A general synopsis and intercultural comparison. Journal of Applied Botany and Food Quality: 83, 90-101.

Schmeda-Hirschmann, G. 1994. Plant resources used by Ayoreo of the Paraguayan Chaco. Economic Botany, 48(3), 252-258. DOI: 10.1007/BF02862325

Schvartzman, J. J., & Santander, V. M. 1995. Paraguay: informe nacional para la conferencia tecnica internacional de la fao sobre los recursos fitogeneticos (Leipzig, 1996). Food and Agricultural Organization of the United Nations: p. 86.

Seleme, E. P. 2010. Flora de remanescentes de Chaco brasileiro: aspectos biológicos e etnobotânicos. Master thesis. Programa de Pós-Graduação em Biologia Vegetal da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. p 48.

Susnik, B. 1982. Los Aborigenes del Paraguay. IV Cultura Material. Asunción: Museo Etnográfico Andres Barbero: p. 237.

Toledo, B. A., Colantonio, S. E., & Galleto, L. 2007. Knowledge and use of food and medicinal plants in two populations from the Chaco, Cordoba province, Argentine. Journal of Ethnobiology, 27(2), 218-232. DOI: 10.2993/0278-0771

Toledo, B. A., Galetto L., & Colantonio, S. 2009. Ethnobotanical knowledge in rural communities of Cordoba (Argentina): the importance of cultural and biogeographical factors. Journal of Ethnobiology and Ethnomedicine, 5(40), 1-8. DOI: 10.1186/1746-4269-5-40

UMSA - Universidad Mayor de San Andrés, Fundación Kaa-Iya, Instituto de Investigaciones para el Desarrollo, Capitania Del Alto Y Bajo Izozog, Wildlife Conservation Society (Bolivia), Herbario Nacional de Bolivia, Programa de Ciencia y Tecnología para el Desarrollo & Organización de Estados Americanos. 2002. Plantas del Chaco II: usos tradicionales Izoceño-Guaraní. Santa Cruz: p. 441.

Wittman, H. 2011. Food sovereignty: A new rights framework for food and nature? Environment and society: Advances in Research, 2, 87-105. DOI: 10.3167/ares.2011.020106.

Downloads

Publicado

2019-12-16