O fardo da história da (e na) dança:

consequências da colonialidade e da decolonialidade para historiografias dos suls do “sul global”

Autores

DOI:

https://doi.org/10.58786/rbed.2022.v1.n1.51999

Palavras-chave:

Historiografia, Dança, Colonialidade, Fardo, Intracolonialidade

Resumo

O presente artigo é um esforço em diagnosticar diferentes fardos que acompanham as historiografias de dança produzidas desde os suls do globo, partindo de minha formação e experiência como historiador da dança e como dançarino e pesquisador de danças de periferia.  O objetivo do texto consiste, num primeiro movimento, em analisar como esses diferentes fardos operam, para num segundo movimento, propor a hipótese de que: se a colonialidade nos lega fardos, a decolonialidade não opera necessariamente de modo diferente. Para tanto, o texto recorre ao uso de perguntas focais com intuito provocar o pensamento crítico e evidenciar que, a questão de sujeitos marginalizados em dança importarem não deve ser um pretexto que nos isenta a tratar de métodos e teorias historiográficas. O estudo recorre a fontes históricas e é orientado por teorias e debates existentes no campo dos estudos de dança, da história e da crítica cultural.

Biografia do Autor

Rafael Guarato, Universidade Federal de Goiás

Rafael Guarato é historiador da dança e professor do curso de graduação em Dança e dos Programas de Pós-Graduação em Artes da Cena e Performances Culturais da Universidade Federal de Goiás (UFG). Doutor em História e Líder do Grupo de Pesquisa em Memória e História da Dança (CNPq) e integrante del grupo Descentradxs - Descentrar la Investigación en Danza. Além de artigos publicados em diferentes periódicos nacionais e internacionais, é autor dos livros "Dança de rua: corpos para além do movimento" (2008) e "Ballet Stagium e a fabricação de um mito" (2019). ORCID: https://orcid.org/0000-0001-9710-4364 E-mail: rafaelguaratos@gmail.com

Referências

CADÚS, Eugenia. Danza y peronismo: disputas entre cultura de elite y culturas populares. Buenos Aires: Biblos, 2020.

CADÚS, Eugenia. Narrativas dominantes y violencia epistémica en la historiografía de las danzas argentinas: posibilidades de desobediencia. Intersticios De La política Y La Cultura. Intervenciones Latinoamericanas, vol. 8, n. 16, p. 143-166, 2019.

CHATTERJEA, Ananya. Red-Stained Feet: Probing the Ground on which Women Dance in Contemporary Bengal. In: FOSTER, Susan Leigh (Ed.). Worlding Dance. Basingstoke: Palgrave Macmillan, 2009, p. 119-143.

CHATTERJEA, Ananya. Heat and Alterity in Contemporary Dance. South-South Choreographies. Londres: Palgrave Macmillan, 2020.

FERRAZ, Fernando. Danças negras: historiografias e memórias de futuro. In: Historiografias da Dança Brasileira. São Paulo: Sesc, 2018. Disponível em: < https://www2.sesc.com.br/portal/site/PalcoGiratorio/2018/Ensaios+e+Criticas/Historiografias+da+Danca+Brasileira/ >. Acesso em 01 dez. 2021.

FRANKO, Mark. Dancing Modernism/Performing Politics. Bloomington: Indiana University Press, 1995.

FRATAGNOLI, Federica; LASSIBILLE, Mahalia. Danser contemporain: gestes croisés d’Afrique et d’Asie du Sud. Montpellier : Deuxième époque, 2018.

GRÜNER, Eduardo. El “lado oscuro” de la modernidad. Apuntes (latino-americanos) para ensayar en clave crítica. Pensamiento de los confines, Nº 21, Buenos Aires: Fondo de Cultura Económica, 2007, pp. 81-98.

GUARATO, Rafael. Del abandono como práctica historiográfica para una historiografía del abandono. Investigaciones en Danza y Movimiento, v.1, p. 3-21, 2019a.

GUARATO, Rafael. Ballet Stagium e a fabricação de um mito: imbricações entre dança, história, memória e critica de dança. Curitiba: CRV, 2019b.

GUARATO, Rafael. O Culto da história na dança: olhando para o próprio umbigo. In: Anais do VI Congresso ABRACE. São Paulo: Memória Abrace Digital, 2010.

GUARATO, Rafael. Os conceitos de ‘dança de rua’ e ‘danças urbanas’ e como eles nos ajudam a entender um pouco mais sobre colonialidade (Parte II). Arte da Cena, v. 7, n. 1, p. 150–175, 2021.

JAMESON, Fredric. O inconsciente político: a narrativa como ato socialmente simbólico. São Paulo: Ática, 1992.

LAUNAY, Isabelle. A la recherche d’une danse moderne: Rudolf Laban, Mary Wigman. Paris: Chiron, 1996.

LUGONES, María. Colonialidade e gênero. Tabula Rasa., n. 9, 2008, p. 73-102.

MALDONADO-TORRES, Nelson. Sobre la colonialidad del ser: contribuciones al desarrollo de un concepto. In: CASTRO-GÓMEZ, Santiago & GROSFOGUEL, Ramon (coords.) El giro decolonial: reflexiones para uma diversidad epistêmica más allá del capitalismo global. Bogotá: Siglo del Hombre Editores; Universidad Central, Instituto de Estudios Sociales Contemporáneos, Pontificia Universidad Javeriana, Instituto Pensar, 2007, pp. 127-167.

MANNING, Susan. Ecstasy and the Demon: feminism and nationalism in the dances of Mary Wigman. Berkeley and Los Angeles: University of California Press, 1993.

MARQUES, Roberta Ramos. Ensino de história da dança e dança documental: por uma história afetiva, emancipada e performativa da dança. In: Anais do IV Congresso Nacional de Pesquisadores em Dança. Goiânia: Anda, 2016, p. 684-694.

MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. Manifesto do Partido Comunista. São Paulo: Martin Claret, 2004 [1848].

MIGNOLO, Walter. Historias locales/disenos globales: colonialidad, conocimientos subalternos y pensamiento fronterizo. Madrid: Aka, 2003.

MIGNOLO, Walter. The Geopolitics of Knowledge and the Colonial Difference. The South Atlantic Quarterly, 101, n.1, p. 57-96, 2002.

MOMBAÇA, Jotta. Rastros de uma Submetodologia Indisciplinada. Concinnitas. Ano 17, V. 01, nº 28, pp. 341-354, 2016.

MUDIMBE, Valentin Y. The invention of Africa: gnosis, philosophy, and the order of knowledge. Bloomington: Indiana University Press, 1988.

NIETZSCHE, Friedrich. II Consideração Intempestiva: sobre a utilidade e os inconvenientes da história para a vida. In: ______. Escritos sobre história. Rio de Janeiro / São Paulo: PUC-RJ/ Loyola, 2005 [1974], p. 67-178.

PEREIRA, Roberto. Eros Volusia: a criadora do bailado nacional. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2004.

PURKAYASTHA, Prarthana. Decolonising dance history. In: MORRIS, Geraldine; NICHOLAS, Larraine. (eds). Rethinking dance history. London: Routledge, 2018, pp. 123-135.

QUIJANO, Aníbal. Colonialidad y modernidad/racionalidad. Perú Indígena, vol. 13, n.9, 1992, pp. 11-20.

REIS, Daniela de Sousa. Representações de Brasilidade nos Trabalhos do Grupo Corpo: (des) construção da obra coreográfica 21. Dissertação (Mestrado em História)- Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2005.

RODRIGUES, Pietra Pedrosa Silva. História da Dança Vogue em Goiânia: gênero, arte e sociabilidades urbanas (1990-2020). Anais do 6º Congresso Científico Nacional de Pesquisadores em Dança. Salvador: Editora ANDA, 2021. p. 1995-2001.

ROSA, Cristina F. Performing Brazilianness through dance: the case of Grupo Corpo. In: ALBUQUERQUE, Severino J.; BISHOP-SANCHEZ, Kathryn. (eds.) Performing Brazil: Essays on Culture, Identity and the Performing Arts. University of Wisconsin Press, 2015.

SILVA JÚNIOR, Paulo Melgaço. Mercedes Baptista: a dama negra da dança. São Paulo: Ciclo Contínuo, 2021.

SPIVAK, Gayatri Chakravorty. Can the subaltern speak? In: NELSON, Cary; GROSSBERG, Lawrence (eds). Marxism and the Interpretation of Culture. London: Macmillan, 1988, p. 66-111.

TAMBUTTI, Susana; GIGENA, Maria Martha. Memórias do presente, ficções do passado. In: GUARATO, Rafael (Org.). Historiografia da dança: teorias e métodos. São Paulo: Annablume, 2018. p. 157-179.

THIONG’O, Ngugi Wa. Decolonising the mind: the politics of language in African literatures. London: James Currey; Nairobi: Heinemann Kenya, 1987.

VALLEJOS, Juan Ignácio. Embarrar el canon: por una coreopolítica de la abundancia. Arte da Cena, v. 6, n. 2, p. 7–37, 2020.

VALLEJOS, Juan Ignácio. Los debates de la historia de la danza: ¿un diálogo imposible? Telondefondo, n. 20, p. 155-173, 2014.

VERDUGO, Mónica Pinto. Territorio y tensionalidades centro/periferia en la actual enseñanza de la danza en Santiago de Chile.: Relato desde la periférica Escuela A Danzar!. Arte da Cena, 7(1), pp. 115–149, 2021.

WHITE, Hayden. The burden of history. History and Theory, Vol. 5, No. 2, 1966, p. 111-134.

WILCOX, Emily. When places matter: provincializing the ‘global’. In: MORRIS, Geraldine; NICHOLAS, Larraine. (eds). Rethinking dance history. London: Routledge, 2018, pp. 160-172.

Publicado

2022-07-15 — Atualizado em 2023-11-30

Versões