Os espaços educacionais como textos “réguas” (sonhando as crianças projetistas)
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Palavras-chave

Espaços de Educação Infantil. Crianças. Semiótica do espaço.

Resumo

Este presente texto buscará refletir sobre as condições de criação dos espaços destinados à educação de crianças, argumentando que, enquanto objetos na cultura, são criações humanas e, como existências nas paisagens, são marcadas pelo encontro entre sociedade e natureza, interfaces entre geografias e histórias, e, assim, são possíveis de serem tomados como textos. A organização dos espaços educativos tem sido objeto de estudo de muitas áreas do conhecimento: Pedagogia, Arquitetura, Geografia, Histórias e outras, mas aqui, se dedicará a investigar as condições enunciativas desses como signos arquitetônicos e pedagógicos, bem como considerar a tese central de que valores humanos e de mundo estão no centro desses signos ideológicos que fundem essas formas em suas totalidades nos variados territórios escolares. Para isso, se dedicará à compreensão da dimensão semiótica dessas espacializações institucionais, com aporte nos estudos de Iúri Lotman (1922-1993), pesquisador russo, com o objetivo não só de somar postulados a essas áreas de conhecimentos, mas também no campo da pesquisa da infância. Iniciará com as relações entre espaços arquitetônicos, signos ideológicos e dialogismos, para a seguir refletir sobre as condições semióticas de locais para a educação das crianças, onde serão observados os índices de monologismo e dialogismo presentes, buscando a imagem de criança e mundo que aí se emana. Adiante, confrontará os seus usos pelas crianças enquanto suas possibilidades enunciativas, linguagens outras, capacidades e possibilidades de configurar-se como exaptações, (des)signação dos espaços dados, em direção a espaço-tempos abertos semântica e ideologicamente.

https://doi.org/10.20500/rce.v18i43.59004
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