UMA ABORDAGEM DECOLONIAL SOBRE A PRÁTICA DE INSCRIÇÕES CORPORAIS NA MODERNIDADE/COLONIALIDADE

Autores

  • Cello Latini Pfeil UFRJ
  • Bruno Latini Pfeil Universidade Santa Úrsula Universidade Federal Fluminense

Resumo

Este artigo almeja analisar como a concepção moderna sobre as práticas de modificação e inscrição corporais se relacionam com as colonialidades do ser, do saber e do poder. Argumentamos que a patologização e a criminalização de inscrições corporais é um componente fundamental da noção moderna de um corpo ideal, como também das normatizações que permeiam as colonialidades atualmente. O argumento central do artigo é que a patologização, a criminalização e o controle institucional das práticas de modificações e inscrições corporais são produto da violência moderna/colonial, e devem, portanto, ser combatidas. Para tanto, nos valemos de um referencial teórico decolonial – com Grosfoguel, Maldonado-Torres, Mignolo, entre outros – e de autores que investigam a história e a diversidade de inscrições/modificações corporais – com Le Breton, Angel, Favazza, entre outros.

Biografia do Autor

Cello Latini Pfeil, UFRJ

Mestrando em Filosofia (PPGF/UFRJ). Pesquisador do CPDEL/UFRJ. Coordenador da Revista Estudos Transviades.

Bruno Latini Pfeil, Universidade Santa Úrsula Universidade Federal Fluminense

Graduando em Psicologia (Universidade Santa Úrsula / RJ). Graduando em Antropologia (UFF/RJ). Coordenador da Revista Estudos Transviades.

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Publicado

2022-06-30

Edição

Seção

Artigos