Percepção de profissionais da saúde sobre a Terapia Ocupacional no Núcleo de Apoio à Saúde da Família/Perception of health professionals about the Occupational Therapy in a Family Health Support Center

Autores

  • Rodolfo Gomes Nascimento UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
  • Ronald Oliveira Cardoso UFPA
  • Gisely Avelar Castro UFPA

DOI:

https://doi.org/10.47222/2526-3544.rbto19286

Palavras-chave:

Atenção Primária à Saúde, Equipe multiprofissional de saúde, Prática Profissional, Terapia Ocupacional.

Resumo

Introdução: O desconhecimento do papel do terapeuta ocupacional na Atenção Primária à Saúde (APS), especialmente na região norte onde a inserção deste profissional é incipiente, pode figurar como entrave à efetivação da interdisciplinaridade e oferta de cuidado aos usuários. Objetivo: Conhecer a percepção dos profissionais de saúde de um Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) da região norte do Brasil, acercada atuação do terapeuta ocupacional no âmbito da APS. Métodos: Foi realizado um estudo de abordagem qualitativa com 15 profissionais de saúde do NASF-Águas Lindas, localizado no município de Ananindeua, Pará. Para a coleta de dados utilizou-se como instrumentação um questionário e uma entrevista semiestruturada. Resultados: A caracterização dos participantes da pesquisa demonstrou a precariedade e/ou a inexistência de contrato formal no vínculo dos profissionais deste NASF. A análise de conteúdo gerou três categorias temáticas envolvendo a importância da atuação do terapeuta ocupacional na APS, o conhecimento acerca da inserção do profissional nos programas de saúde e a percepção sobre as ações interdisciplinares envolvendo a Terapia Ocupacional. Conclusão: Diante da análise dos discursos, embora tenha ficado clara a importância da Terapia Ocupacional na APS, notou-se que existem restrições quanto à compreensão, em especial, sobre os propósitos da atuação do terapeuta ocupacional em programas de saúde da APS e no exercício da interdisciplinaridade.

 

Abstract

Introduction: The lack of knowledge about the role of the occupational therapist in Primary Health Care (PHC), especially in the northern region where the insertion of this professional is incipient, may be an obstacle to the effectiveness of interdisciplinarity and offer of care to users. Objective: To know the perception of the health professionals of a Family Health Support Center (FHSC) of the northern region of Brazil, about the work of the occupational therapist in the ambit of the APS. Methods: A qualitative study was carried out with 15 health professionals from FHSC-Águas Lindas, located in the city of Ananindeua, Pará. A questionnaire and a semi-structured interview were used to collect data. Results: The characterization of the participants of the research demonstrated the precariousness and/or absence of formal contract of employment relationship in the FHSC context of the study and the content analysis generated three thematic categories of analysis involving the importance of the work of the occupational therapist in PHC, the knowledge about the insertion of the professional in the health programs and the perception about the interdisciplinary actions involving the Occupational Therapy. Conclusion: In light of the analysis of the speeches, although the importance of Occupational Therapy in PHC was clear, it was observed that there are restrictions regarding the understanding, in particular, of the purposes of the occupational therapist's performance in PHC health programs and in the exercise of interdisciplinarity.

Keywords: Primary health care; Patient care team; Professional practice; Occupational therapy.

Referências

Brasil. Lei n. 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Brasília, DF, Brasil, 1990.

Brasil. Ministério da Saúde. Portaria Nº 2.436. Aprova a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes para a organização da Atenção Básica, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Brasília, DF, Brasil, 2017.

Souza FLD et al. Implantação do Núcleo de Apoio à Saúde da Família: percepção do usuário. Saúde em Debate. Rio de Janeiro. 2013; 37(97): 233-40. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/sdeb/v37n97/v37n97a05.pdf

Brasil. Ministério da Saúde. Diretrizes do NASF: Núcleo de Apoio a Saúde da Família. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 2009. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caderno_atencao_basica_diretrizes_nasf.pdf Acesso em: 13/04/2016.

Brasil. Ministério da Saúde. Política Nacional de Atenção Básica. Define as competências e diretrizes da Atenção Básica no Brasil. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 2012. Disponível em: http://189.28.128.100/dab/docs/publicacoes/geral/pnab.pdf Acesso em: 02/05/2016.

Merhy EE et al. O Trabalho em Saúde: olhando e experienciando o SUS no cotidiano. São Paulo. Hucitec; 2003.

Andrade AS; Falcão IV. A compreensão de profissionais da atenção primária à saúde sobre as práticas da terapia ocupacional no NASF. Cad Ter. Ocup. UFSCar, São Carlos. 2017; 25(1): 33-42. https://doi.org/10.4322/0104-4931.ctoAO0779

Silva RAS; Menta SA. Abordagem de terapeutas ocupacionais em Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) no estado de Alagoas. Cad Ter. Ocup. UFSCar, São Carlos. 2014; 22(2): 243-250. https://doi.org/10.4322/cto.2014.046

Onório JLS; Silva EM; Bezerra WC. Terapia Ocupacional no núcleo de apoio a saúde da família: um olhar para a especificidade da profissão no contexto interdisciplinar. Rev. Interinst. Bras. Ter. Ocup. Rio de Janeiro. 2018, v.2(1): 145-166. Disponível em: https://revistas.ufrj.br/index.php/ribto/article/view/12492

Lima ACS; Falcão IV. A formação do terapeuta ocupacional e seu papel no Núcleo de Apoio à Saúde da Família – NASF do Recife, PE. Cad Ter. Ocup. UFSCar, São Carlos. 2014; 22(1): 3-14. https://doi.org/10.4322/cto.2014.002

Reis F; Vieira ACVC. Perspectivas dos terapeutas ocupacionais sobre sua inserção nos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) de Fortaleza, CE. Cad Ter. Ocup. UFSCar, São Carlos. 2013; 21(2): 672-680. https://doi.org/10.4322/cto.2014.002

Piovesan A; Temporini ER. Pesquisa exploratória: procedimento metodológico para o estudo de fatores humanos no campo da saúde pública. Revista de Saúde Pública, São Paulo. 1995; 29: 318-325. https://doi.org/10.1590/S0034-89101995000400010

Bardin L. Análise de Conteúdo. São Paulo. Edições 70; 2011.

Camargo Junior KR et al. Avaliação da atenção básica pela ótica político-institucional e da organização da atenção com ênfase na integralidade. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, 2008; 24(1): 58-68. https://doi.org/10.1590/S0102-311X2008001300011

Sarti TD et al. Avaliação das ações de planejamento em saúde empreendidas por equipes de saúde da família. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, 2012; 28(3): 537-548. https://doi.org/10.1590/S0102-311X2012000300014

Rocha EF; Paiva LFA; Oliveira RH. Terapia ocupacional na Atenção Primária à Saúde: atribuições, ações e tecnologias. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, Rio de Janeiro, 2012; 20(3): 351-361. https://doi.org/10.4322/cto.2012.035

Cunha AF, Santos TF. A utilização do grupo como recurso terapêutico no processo da terapia ocupacional com clientes com transtornos psicóticos: apontamentos bibliográficos. Cad Ter. Ocup. UFSCar, São Carlos. 2009; 17(2): 133-146. Disponível em: http://www.cadernosdeterapiaocupacional.ufscar.br/index.php/cadernos/article/view/103/68

COFFITO. Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional. Resolução COFFITO nº 407 de 18 de agosto de 2011. Disciplina a Especialidade Profissional terapia ocupacional em Saúde da Família e dá outras providências. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 2011. Disponível em: http://www.crefito2.gov.br/legislacao/resolucoes-coffito/resolucao-407--de-18-de-agosto-de-2011-1672.html

Brasil. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Superior. Resolução CNE/CES 6, de 19 de fevereiro de 2002. Institui Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Terapia Ocupacional. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Seção 1, p. 12, Brasília, DF, Brasil, 2002.

Brasil. Ministério da Saúde. Estatuto do Idoso. 1. ed., 2.ª reimpr. Brasília, DF, 2003. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.741.htm

Albuquerque ABB; Bosi MLM. Visita domiciliar no âmbito da Estratégia Saúde da Família: percepções de usuários no Município de Fortaleza, Ceará, Brasil. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 2009; 25(5): 1103-1112. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-311X2009000500017

Ferreira TG; Oliver FC. Redes de apoio e pessoas com deficiência física: inserção social e acesso aos serviços de saúde. Rev. Ter. Ocup. Univ. São Paulo, São Paulo, 2010; 21(3): 189-197. https://doi.org/10.1590/1413-81232014201.19012013

Tavares AA et al. (Re) Organização do cotidiano de indivíduos com doenças crônicas a partir da estratégia de grupo. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, São Carlos, 2012; 20(1): 95-105. https://doi.org/10.4322/cto.2012.011

Salles MM; Matsukura TS. Estudo de revisão sistemática sobre o uso do conceito de cotidiano no campo da terapia ocupacional no Brasil. Cad. Ter. Ocup. UFSCar, São Carlos, 2013; 21(2): 265-27. https://doi.org/10.4322/cto.2013.028

Baissi G; Maxta BSB. Experiência da Terapia Ocupacional no cuidado familiar em um serviço de Atenção Primária em Saúde. Cad. Ter. Ocu¬p. UFSCar, São Carlos, 2013; 21(2): 413-422. https://doi.org/10.4322/cto.2013.043

Lombardo IA; Ayuso DMR. Terapia ocupacional en la cartera de servicios de atención primaria:¿ es posible?. Revista electrónica de terapia ocupacional Galicia, TOG, Coruña, 2012; 16: 8-30. Disponível em: http://www.revistatog.com/num16/pdfs/original8.pdf

Ferro LF et al. Interdisciplinaridade e intersetorialidade na Estratégia Saúde da Família e no Núcleo de Apoio à Saúde da Família: potencialidades e desafios. Tempus Actas Saúde Coletiva, Brasília, 2015; 8(4): 111-29. https://DOI:10.15343/0104-7809.20143802129138

Santos MAM, Cutolo LRA. A interdisciplinaridade e o trabalho em equipe no Programa de Saúde da Família. Arq Catarinenses Medina, Florianópolis, 2004; 33(3): 31-40. Disponível em: http://www.acm.org.br/revista/pdf/artigos/153.pdf

Ellery AEL. Interprofissionalidade na estratégia saúde da família [manuscrito]: condições de possibilidade para a integração de saberes e a colaboração interprofissional. [Tese]. Fortaleza: Universidade Federal do Ceará; 2012.

Lancman S; Barros JO. Estratégia de Saúde da Família (ESF), Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) e Terapia Ocupacional: problematizando interfaces. Rev Ter. Ocup. Univ. São Paulo. 2011; 22(3): 263-269. https://doi.org/10.11606/issn. 2238-6149.v22i3p263-269

Cabral LRS; Bregalda M M.A atuação da terapia ocupacional na atenção básica à saúde: uma revisão de literatura. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, São Carlos. 2017; 25(1): 179-189. https://doi.org/10.4322/0104-4931.ctoAR0763

Downloads

Publicado

04-02-2019

Edição

Seção

Artigo Original