Efeito das ocupações na reabilitação da pessoa pós acidente vascular encefálico: um estudo clínico preliminar/ Effect of occupations on rehabilitation after stroke: a preliminary clinical study

Autores

  • Silvania Morais Cavalcante Universidade Federal do Pará, Instituto de Ciências da Saúde, Faculdade de Fisioterapia e Terapia Ocupacional, Belém, PA, Brasil https://orcid.org/0000-0002-4549-8338
  • Priscila da Silva Azevedo Universidade Federal do Rio de Janeiro. Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas. Laboratório de Neurociências e Reabilitação. Rio de Janeiro, RJ, Brasil https://orcid.org/0000-0003-3329-6058
  • Marcelo Marques Cardoso Universidade Federal do Pará, Instituto de Ciências da Saúde, Laboratório de Neuroplasticidade, Belém, PA, Brasil https://orcid.org/0000-0002-4792-5110

DOI:

https://doi.org/10.47222/2526-3544.rbto56680

Palavras-chave:

Reabilitação. Atividades Cotidianas. Acidente Vascular Encefálico. Terapia Ocupacional. Desempenho Sensório-Motor. Desempenho Físico Funcional. Manifestações Neurológicas.

Resumo

Introdução: Há crescente interesse por intervenções baseadas nas ocupações na reabilitação de pessoas com sequelas do Acidente Vascular Encefálico, mas pouco é conhecido se os benefícios dessa abordagem proporcionam a recuperação plena dos pacientes. Objetivo: Objetiva-se verificar se os desfechos clínicos da reabilitação a partir de ocupações no AVE entrega resultados físicos e funcional sem sequelas residuais.  Métodos: Estudo preliminar, clínico, não-randomizado, com controle negativo. Foram distribuídos 13 participantes nos grupos clínico e controle negativo. Foram realizadas 20 sessões, subdivididas 2 vezes/ semana, por 60 minutos cada. A medida de força muscular e sensibilidade foram realizadas, além do uso da Medida de Independência Funcional. As práticas foram baseadas nas ocupações por treinamento de Atividades da Vida Diária e habilidades nas Atividades Instrumentais de Vida Diária, cada sessão foi constituída por até três atividades/ tarefas comuns entre os participantes e, quando necessário, customizada às condições do paciente. A análise estatística foi realizada pelo Programa Jamovi®, foram usados testes não-paramétricos de Wilcoxon e Mann-Whitney, significância estatística para valores de p<0,05. Resultados: A proposta terapêutica proporcionou recuperação na força muscular, sensibilidade e funcionalidade no grupo clínico. Esses achados quando comparados com o controle negativo evidenciou recuperação total na força muscular e sequelas residuais na sensibilidade e na funcionalidade. Conclusão: Conclui-se que a presente pesquisa traz evidências que as intervenções baseadas em ocupações são práticas terapêuticas que proporcionam recuperação física e funcional após um AVE. Comparado com o controle, as sequelas residuais podem ser pelo déficit sensitivo persistente. 

Palavras-chave: Reabilitação. Atividades Cotidianas. Acidente Vascular Encefálico. Terapia Ocupacional. Desempenho Sensório-Motor. Desempenho Físico Funcional. Manifestações Neurológicas. 


Abstract

Introduction: There is a growing interest in research on interventions based on occupations in post-cerebrovascular accident rehabilitation, but little is known about whether the benefits of this approach provide full recovery for patients. Objective: The objective is to verify whether the clinical outcomes of rehabilitation from stroke occupations achieve physical and functional results without residual sequelae. Method: Preliminary, clinical, non-randomized study with negative control. Thirteen participants were distributed into the clinical and negative control groups. There were 20 sessions, subdivided twice a week, for 60 minutes each. Muscle strength, sensitivity and Functional Independence Measure were evaluated. Practices were based on occupations by training Activities of Daily Living and skills in Instrumental Activities of Daily Living, each session consisted of up to three activities/tasks common among participants and, when necessary, customized to the patient's conditions. Statistical analysis was performed using the Jamovi® program, non-parametric Wilcoxon and Mann-Whitney tests were used, statistical significance for p<0.05. Results: The research shows recovery in muscle strength, sensitivity and functionality in the clinical group. These findings when compared with the negative control showed full recovery in muscle strength and residual sequelae in sensitivity and functionality. Conclusion: In conclusion, the research suggests that interventions based on occupations are therapeutic practices that provide physical and functional recovery after a stroke. Compared with the control, residual sequelae may be due to persistent sensory deficit.

Keywords: Rehabilitation. Activities of Daily Living. Stroke. Occupational Therapy. Psychomotor Performance. Physical Functional Performance. Neurologic Manifestations. 


Resumen

Introducción: Hay un interés creciente en la investigación de intervenciones basadas en ocupaciones en la rehabilitación post-accidente cerebrovascular, pero se sabe poco acerca de si los beneficios de este enfoque brindan una recuperación completa para los pacientes. Objetivo: El objetivo es comprobar si los resultados clínicos de la rehabilitación basada en ocupaciones ictus consiguen resultados físicos y funcionales sin secuelas residuales. Método: Estudio preliminar, clínico, no aleatorizado, de control negativo. Trece participantes se distribuyeron en los grupos de control clínico y negativo. Hubo 20 sesiones, subdivididas dos veces por semana, de 60 minutos cada una. Evaluaciones de fuerza muscular, sensibilidad y Medida de Independencia Funcional. Las prácticas se basaron en ocupaciones por entrenamiento en Actividades de la Vida Diaria y habilidades en Actividades Instrumentales de la Vida Diaria, cada sesión constó de hasta tres actividades/tareas comunes entre los participantes y, cuando fue necesario, personalizadas a las condiciones del paciente. El análisis estadístico se realizó mediante el programa Jamovi®, se utilizaron las pruebas no paramétricas de Wilcoxon y Mann-Whitney, significancia estadística para p<0,05. Resultados: La investigación muestra recuperación en la fuerza muscular, sensibilidad y funcionalidad en el grupo clínico. Estos hallazgos, en comparación con el control negativo, mostraron una recuperación total de la fuerza muscular y secuelas residuales en la sensibilidad y la funcionalidad. Conclusión: Se concluye que las intervenciones basadas en ocupaciones son prácticas que brindan recuperación física y funcional después de un ictus. En comparación con el control, las secuelas residuales pueden deberse a un déficit sensorial persistente.

 Palabras clave: Rehabilitación. Actividades Cotidianas. Accidente Cerebrovascular. Terapia Ocupacional. Desempeño Psicomotor. Rendimiento Físico Funcional. Manifestaciones Neurológicas. 

Biografia do Autor

Marcelo Marques Cardoso, Universidade Federal do Pará, Instituto de Ciências da Saúde, Laboratório de Neuroplasticidade, Belém, PA, Brasil

Interesses para Avaliação:

Reabilitação Neurológica;

Reabilitação Física; e

Reabilitação Geral.

 

Bibliografia:

Professor, Doutor - Terapeuta Ocupaconal. Filizado à Faculdade de Fisioterapia e Terapia Ocupacional e vinculado ao Laboratório de Neuroplasticidade.

Referências

Asan, A. S., McIntosh, J. R., & Carmel, J. B. (2022). Targeting Sensory and Motor Integration for Recovery of Movement After CNS Injury. Frontiers in Neuroscience, 15, 791824. https://doi.org/10.3389/fnins.2021.791824

Azevedo, P. D. S., Cavalcante, S. M., Alves, T. P., Jaime, G. F., Nascimento, A. Q., & Cardoso, M. M. (2020). A notação logarítmica como opção de registro objetivo da estesiometria: Um estudo piloto. ConScientiae Saúde, 19(1), e17642. https://doi.org/10.5585/conssaude.v19n1.17642

Blomgren, C., Jood, K., Jern, C., Holmegaard, L., Redfors, P., Blomstrand, C., & Claesson, L. (2018). Long-term performance of instrumental activities of daily living (IADL) in young and middle-aged stroke survivors: Results from SAHLSIS outcome. Scandinavian Journal of Occupational Therapy, 25(2), 119–126. https://doi.org/10.1080/11038128.2017.1329343

Chen, X., Liu, F., Yan, Z., Cheng, S., Liu, X., Li, H., & Li, Z. (2018). Therapeutic effects of sensory input training on motor function rehabilitation after stroke. Medicine, 97(48), e13387. https://doi.org/10.1097/MD.0000000000013387

Eyssen, I. C. J. M., Steultjens, M. P. M., de Groot, V., Steultjens, E. M. J., Knol, D. L., Polman, C. H., & Dekker, J. (2013). A cluster randomised controlled trial on the efficacy of client-centred occupational therapy in multiple sclerosis: Good process, poor outcome. Disability and Rehabilitation, 35(19), 1636–1646. https://doi.org/10.3109/09638288.2012.748845

Figueiredo, M. de O., Gomes, L. D., Silva, C. R., & Martinez, C. M. S. (2020). A ocupação e a atividade humana em terapia ocupacional: Revisão de escopo na literatura nacional. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, 28(3), 967–982. https://doi.org/10.4322/2526-8910.ctoAR1858

George, S. H., Rafiei, M. H., Borstad, A., Adeli, H., & Gauthier, L. V. (2017). Gross motor ability predicts response to upper extremity rehabilitation in chronic stroke. Behavioural Brain Research, 333, 314–322. https://doi.org/10.1016/j.bbr.2017.07.002

Gil-Salcedo, A., Dugravot, A., Fayosse, A., Landré, B., Jacob, L., Bloomberg, M., Sabia, S., & Schnitzler, A. (2022). Pre-stroke Disability and Long-Term Functional Limitations in Stroke Survivors: Findings From More of 12 Years of Follow-Up Across Three International Surveys of Aging. Frontiers in Neurology, 13, 888119. https://doi.org/10.3389/fneur.2022.888119

Grice, K. O. (2015). The use of occupation-based assessments and intervention in the hand therapy setting – A survey. Journal of Hand Therapy, 28(3), 300–306. https://doi.org/10.1016/j.jht.2015.01.005

Inácio, A. R., Nasretdinov, A., Lebedeva, J., & Khazipov, R. (2016). Sensory feedback synchronizes motor and sensory neuronal networks in the neonatal rat spinal cord. Nature Communications, 7(1), 13060. https://doi.org/10.1038/ncomms13060

Kim, S. H., & Park, J. H. (2019). The Effect of Occupation-Based Bilateral Upper Extremity Training in a Medical Setting for Stroke Patients: A Single-Blinded, Pilot Randomized Controlled Trial. Journal of Stroke and Cerebrovascular Diseases, 28(12), 104335. https://doi.org/10.1016/j.jstrokecerebrovasdis.2019.104335

Lee, S. Y., Kim, D. Y., Sohn, M. K., Lee, J., Lee, S.-G., Shin, Y.-I., Kim, S.-Y., Oh, G.-J., Lee, Y. H., Lee, Y.-S., Joo, M. C., Lee, S. Y., Ahn, J., Chang, W. H., Choi, J. Y., Kang, S. H., Kim, I. Y., Han, J., & Kim, Y.-H. (2020). Determining the cut-off score for the Modified Barthel Index and the Modified Rankin Scale for assessment of functional independence and residual disability after stroke. PLOS ONE, 15(1), e0226324. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0226324

Legg, L. A., Lewis, S. R., Schofield-Robinson, O. J., Drummond, A., & Langhorne, P. (2017). Occupational therapy for adults with problems in activities of daily living after stroke. Cochrane Database of Systematic Reviews, 2017(7). https://doi.org/10.1002/14651858.CD003585.pub3

Legg, L., Drummond, A., Leonardi-Bee, J., Gladman, J. R. F., Corr, S., Donkervoort, M., Edmans, J., Gilbertson, L., Jongbloed, L., Logan, P., Sackley, C., Walker, M., & Langhorne, P. (2007). Occupational therapy for patients with problems in personal activities of daily living after stroke: Systematic review of randomised trials. BMJ, 335(7626), 922. https://doi.org/10.1136/bmj.39343.466863.55

Martin-Saez, M. M., & James, N. (2021). The experience of occupational identity disruption post stroke: A systematic review and meta-ethnography. Disability and Rehabilitation, 43(8), 1044–1055. https://doi.org/10.1080/09638288.2019.1645889

Moon, K., Jang, W., Park, H. Y., Jung, M., & Kim, J. (2022). The Effects of Occupation-Based Community Rehabilitation for Improving Activities of Daily Living and Health-Related Quality of Life of People with Disabilities after Stroke Living at Home: A Single Subject Design. Occupational Therapy International, 2022, 1–10. https://doi.org/10.1155/2022/6657620

Motolese, F., Capone, F., & Di Lazzaro, V. (2022). New tools for shaping plasticity to enhance recovery after stroke. Handbook of Clinical Neurology, 184, 299–315. https://doi.org/10.1016/B978-0-12-819410-2.00016-3

Pereira Alves, T., Ferraz Jaime, G., Damasceno Seabra, A., Miranda da Paixão, G., Maki Omura, K., Augusto de Araujo Costa Folha, O., & Marques Cardoso, M. (2020). Prática Mental, Terapia Ocupacional e Reabilitação no Acidente Vascular Cerebral. Revista Neurociências, 28, 1–25. https://doi.org/10.34024/rnc.2020.v28.10738

Pollock, A., Farmer, S. E., Brady, M. C., Langhorne, P., Mead, G. E., Mehrholz, J., & van Wijck, F. (2014). Interventions for improving upper limb function after stroke. Cochrane Database of Systematic Reviews. https://doi.org/10.1002/14651858.CD010820.pub2

Pontes, T. B., & Polatajko, Helene. J. (2016). Habilitando Ocupações: Prática Baseada na Ocupações Centrada no Cliente na Terapia Ocupacional. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, 24(2), 403–412. https://doi.org/10.4322/0104-4931.ctoARF0709

Poole, J., & Whitney, S. (2001). Assessments of Motor Function Post Stroke. Physical & Occupational Therapy In Geriatrics, 19(2), 1–22. https://doi.org/10.1300/J148v19n02_01

Qin, P., Cai, C., Chen, X., & Wei, X. (2022). Effect of home-based interventions on basic activities of daily living for patients who had a stroke: A systematic review with meta-analysis. BMJ Open, 12(7), e056045. https://doi.org/10.1136/bmjopen-2021-056045

Salles, M. M., & Matsukura, T. S. (2016). O Uso dos Conceitos de Ocupação e Atividade na Terapia Ocupacional: Uma Revisão Sistemática da Literatura. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, 24(4), 801–810. https://doi.org/10.4322/0104-4931.ctoAR0525

Shin, S., Lee, Y., Chang, W. H., Sohn, M. K., Lee, J., Kim, D. Y., Shin, Y.-I., Oh, G.-J., Lee, Y.-S., Joo, M. C., Lee, S. Y., Song, M.-K., Han, J., Ahn, J., & Kim, Y.-H. (2022). Multifaceted Assessment of Functional Outcomes in Survivors of First-time Stroke. JAMA Network Open, 5(9), e2233094. https://doi.org/10.1001/jamanetworkopen.2022.33094

Tomori, K., Nagayama, H., Ohno, K., Nagatani, R., Saito, Y., Takahashi, K., Sawada, T., & Higashi, T. (2015). Comparison of occupation-based and impairment-based occupational therapy for subacute stroke: A randomized controlled feasibility study. Clinical Rehabilitation, 29(8), 752–762. https://doi.org/10.1177/0269215514555876

Wolf, T. J., Chuh, A., Floyd, T., McInnis, K., & Williams, E. (2015). Effectiveness of Occupation-Based Interventions to Improve Areas of Occupation and Social Participation After Stroke: An Evidence-Based Review. The American Journal of Occupational Therapy, 69(1), 6901180060p1-6901180060p11. https://doi.org/10.5014/ajot.2015.012195

Downloads

Publicado

29-05-2023

Edição

Seção

Artigo Original