Reverberações da violência urbana na prática cotidiana de terapeutas ocupacionais que atuam na Atenção Primária à Saúde no município do Rio de Janeiro/ Reverberations of urban violence in the daily practice of Occupational Therapists who work in primary health care in the city of rio de janeiro

Autores

DOI:

https://doi.org/10.47222/2526-3544.rbto58550

Palavras-chave:

Território. Violência. Terapia Ocupacional. Atenção Primária à Saúde.

Resumo

Introdução: A Atenção Primária à Saúde (APS) tem por objetivo ser o primeiro contato do usuário com o Sistema Único de Saúde (SUS). A prática do terapeuta ocupacional na APS contempla ações no âmbito individual e coletivo que favorecem a participação social das pessoas no território. Contudo em territórios conflagrados pela violência, favorecer participação social e ações voltadas à saúde se torna um grande desafio, pois esta interfere no processo de trabalho do cuidado em Saúde. Objetivo deste estudo foi analisar como a violência social urbana no território interfere na prática de terapeutas ocupacionais que atuam na APS no município do Rio de Janeiro. Método: Cinco terapeutas ocupacionais trabalhadoras da APS foram entrevistadas e tiveram suas falas transcritas e analisadas com auxílio do software iramuteq. Resultados e discussão: Foram instituídas duas categorias: “Cenário histórico e atual: caracterização do cotidiano em territórios conflagrados” e “Implicações da violência urbana no cotidiano do trabalho de terapeutas ocupacionais que atuam na APS no município do Rio de Janeiro”. As falas das entrevistadas descrevem dificuldades de realizar ações no território que são importantes para a prática profissional de terapeutas ocupacionais, além da carga de adoecimento das pessoas atendidas nos serviços e somado a isso, questões trabalhistas como a rotatividade das equipes de saúde se somam entre as questões mencionadas. Conclusão: Compreender os limites do trabalho de terapeutas ocupacionais em territórios conflagrados, assim como suas possibilidades e percepções é importante para que os profissionais possam compreender sobre a importância do terapeuta ocupacional nesse cenário.

Palavras-chave: Território. Violência. Terapia Ocupacional. Atenção Primária à Saúde


Abstract

Introduction: Primary Health Care (PHC) aims to be the user's first contact with the Brazilian National Health System (SUS). The practice of occupational therapists in PHC includes individual and collective actions that favor the social participation of people in the territory. However, in territories conflagrated by urban violence, favoring social participation and actions aimed at health becomes a major challenge, as this interferes with the work process of health care. The aim of this study was to analyze how urban social violence in the territory interferes with the practice of occupational therapists who work in PHC in the city of Rio de Janeiro. Method: Five PHC occupational therapists were interviewed and their speeches were transcribed and analyzed using the iramuteq software. Results and discussion: Two categories were instituted: “Historical and current scenario: characterization of everyday life in conflicted territories” and “Implications of urban violence in the daily work of occupational therapists who work in PHC in the city of Rio de Janeiro”. The interviewees' speeches describe and reflect on the difficulties of carrying out territorial actions which, in turn, are of paramount importance for the practice of occupational therapists. Aspects about the mental illness of people assisted in the services and labor issues, such as the turnover of health teams, are added among the issues mentioned. Conclusion: Understanding the limits of the work of occupational therapists in conflicted territories, as well as their possibilities and perceptions, is important for professionals to understand the importance of the occupational therapist in this scenario.

Keywords: Territory. Violence. Occupational Therapy. Primary Health Care


Resumen

Introducción: La Atención Primaria de Salud (APS) pretende ser el primer contacto del usuario con el Sistema Único de Salud (SUS). La práctica de los terapeutas ocupacionales en la APS incluye acciones individuales y colectivas que favorecen la participación social de las personas en el territorio. Sin embargo, en territorios conflagrados por la violencia urbana, favorecer la participación social y las acciones encaminadas a la salud se convierte en un gran desafío, ya que interfiere en el proceso de trabajo de la atención a la salud. El objetivo de este estudio fue analizar cómo la violencia social urbana en el territorio interfiere en la práctica de los terapeutas ocupacionales que actúan en la APS de la ciudad de Río de Janeiro. Método: Cinco terapeutas ocupacionales de la APS fueron entrevistados y sus discursos fueron transcritos y analizados utilizando el software iramuteq. Resultados y discusión: Se instituyeron dos categorías: “Escenario histórico y actual: caracterización del cotidiano en territorios en conflicto” e “Implicaciones de la violencia urbana en el cotidiano de trabajo de los terapeutas ocupacionales que actúan en la APS de la ciudad de Rio de Janeiro”. Los discursos de los entrevistados describen y reflexionan sobre las dificultades para realizar acciones territoriales que, a su vez, son de suma importancia para la práctica de los terapeutas ocupacionales. A los temas mencionados se suman aspectos sobre la enfermedad mental de las personas atendidas en los servicios y cuestiones laborales, como la rotación de los equipos de salud. Conclusión: Comprender los límites del trabajo de los terapeutas ocupacionales en territorios en conflicto, así como sus posibilidades y percepciones, es importante para que los profesionales comprendan la importancia del terapeuta ocupacional en ese escenario.

Palabras clave: Territorio. Violencia. Terapia Ocupacional. Atencion Primaria de Salud

Biografia do Autor

Naila Pereira Souza, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro

Docente dos cursos de graduação em Terapia Ocupacional,  Fisioterapia e Farmácia e do Curso Tácnico de Agente Comunitário de Saúde do IFRJ, doutoranda em Terapia Ocupacional UFSCAR.

Claudia Lais Teixeira Alves, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro

Estudante de graduação em Terapia Ocupacional IFRJ

João Gabriel Trajano Dantas, Universidade Federal de São Carlos, doutorando no PPGTO, São Carlos, SP, Brasil.

Doutorando em Terapia Ocupacional UFSCAR.

Bruno Costa Poltronieri, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Rio de Janeiro , curso de Terapia Ocupacional, Rio de Janeiro, RJ, Brasil

Docente dos cursos de graduação em Terapia Ocupacional,  Fisioterapia e Farmácia e do Curso Tácnico de Agente Comunitário de Saúde do IFRJ.

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Publicado

15-08-2023