Afetos, sabores e trilhas: a oficina de culinária como operador clínico da desinstitucionalização / Affections, flavors and trails: a culinary workshop as a promoter resource of the deinstitutionalization

Autores

  • Viviani Cristina Costa Escola Nacional de Saúde Pública
  • Naila Pereira Souza Docente de Terapia Ocupacional no IFRJ.
  • Deyse Modesto Pinheiro Terapeuta Ocupacional da Fundação de Saúde Pública de Novo Hamburgo-RS.
  • Lisete Vaz Docente do curso Terapia Ocupacional na UFRJ
  • Renata Caruso Mecca Docente no curso de Terapia Ocupacional na UFRJ.
  • Solanne Gonçalves Alves Terapeuta Ocupacional do NASF/Taubaté-SP

DOI:

https://doi.org/10.47222/2526-3544.rbto9676

Palavras-chave:

Desinstitucionalização, Saúde mental, Terapia Ocupacional.

Resumo

Este artigo discorre sobre a utilização de uma oficina de culinária como recurso operador da desinstitucionalização. Trata-se de um relato de experiência da intervenção proposta por terapeutas ocupacionais com pessoas internadas por longo período em enfermarias de um hospital psiquiátrico universitário, no município do Rio de Janeiro. Discutem-se fragmentos da trajetória de quatro participantes que exemplificaram, através de seus percursos na oficina de culinária, questões relacionadas ao processo de desinstitucionalização, criação de redes, contratualização e fomento da autonomia. Percebeu-se que as atividades realizadas foram potencializadoras dessas questões ao permitirem transcender a rotina instituída e massificadora da internação e possibilitar novas e diferentes formas de estar na vida e de estabelecer conexões diversas. A intervenção terapêutica ocupacional permitiu a análise e a adaptação das atividades, o manejo das relações que se estabeleceram a partir delas, tendo em vista o compromisso com os processos de inclusão, participação social, bem como demais ocupações.

 

This article discusses the use of a cooking workshop as a promoter resource of the deinstitutionalization. It is an experience report about an intervention offered by occupational therapists to assist people hospitalized for long periods in University psychiatric hospital, in the city of Rio de Janeiro. We discuss the fragments of trajectory of four workshop participants who exemplified issues related to the process of deinstitutionalization, networking, contractualization and increased autonomy. It was noticed that the activities offered potentiated these issues by allowing transcend the hospital routine and enabled new and different ways of being in life and establish several connections. The occupational therapy intervention allowed the analysis and adaptation of the activities, the management of relationships established from them, in view of the commitment to the promotion of social inclusion, participation, as well as other occupations.

Keywords:Desinstituciozation; Mental Health; Occupational therapy .


Este artículo presenta la utilización de un taller de culinaria como recurso operador de la desinstitucionalización. Se trata de un relato de experiencia de la intervención propuesta por terapeutas ocupacionales con personas internadas por un largo periodo en enfermerías de un hospital universitario de psiquiatría de Río de Janeiro. Se discute fragmentos de la trayectoria de cuatro participantes que ejemplificaron, a través de sus rutas en el taller de culinaria, cuestiones relacionadas al proceso de desinstitucionalización, creación de redes, contratación y fomento de la autonomía. Se percibió que las actividades realizadas  potencializaron esas cuestiones al permitieren transcender la rutina instituida y masificadora de la internación. La intervención terapéutica ocupacional permitió el análisis y la adaptación de las actividades, la administración de las relaciones que se establecen a partir de ellas, llevando en consideración el compromiso con los procesos de inclusión, participación social, así como otras ocupaciones.

Palabras-clave: Desinstitucionalización; Salud Mental; Terapia Ocupacional. 

 

Biografia do Autor

Viviani Cristina Costa, Escola Nacional de Saúde Pública

Graduada em Terapia Ocupacional pela UFMG. 

Especialista em Saúde Mental pelo IPUB/UFRJ.

Mestre em Saúde Pública pela ENSP/FIOCRUZ. 

Naila Pereira Souza, Docente de Terapia Ocupacional no IFRJ.

Graduada em Terapia Ocupacional pela UEPA.

Especialista em Saúde Mental pelo  IPUB/UFRJ.

Mestre em Saúde Pública pela ENSP/FIOCRUZ. 

Docente de Terapia Ocupacional no IFRJ.

Deyse Modesto Pinheiro, Terapeuta Ocupacional da Fundação de Saúde Pública de Novo Hamburgo-RS.

Terapeuta Ocupacional pela UEPA.

Especialista em Saúde Mental pelo IPUB/UFRJ.

Aperfeiçoamento em Saúde Coletiva pela ESP/RS.

 

Lisete Vaz, Docente do curso Terapia Ocupacional na UFRJ

Docente do curso Terapia Ocupacional na UFRJ.

Renata Caruso Mecca, Docente no curso de Terapia Ocupacional na UFRJ.

Docente no curso de Terapia Ocupacional na UFRJ.

Solanne Gonçalves Alves, Terapeuta Ocupacional do NASF/Taubaté-SP

Graduada em Terapia Ocupacional pela UFTM.

Especialista em Saúde Mental pelo IPUB/UFRJ.

Mestre em Saúde Coletiva pela FCM/UNICAMP. 

Referências

Marconi, MA; Lakatos, EM. Fundamentos de Metodologia Científica. 7° ed. São Paulo. Editora Atlas; 2010.

Oliveira, LRG; Guljor, APF; Verztman, JS. Inclusão da diferença e reinternação psiquiátrica: estudo através de um “caso traçador”. Rev. latinoam. psicopatol. fundam. São Paulo. 2015; 18(3): 504-518.

Oury, J. O coletivo. São Paulo. Editora Hucitec; 2009.

Mendonça, TCP. As oficinas na saúde mental: relato de uma experiência na internação. Revista Psicol. cienc. prof. 2005; 25(4): 626-635.

Barros, DD; Ghirardi; MI; Lopes, RE. Terapia Ocupacional Social. Rev. Ter. Ocup. Univ. São Paulo. 2002; 13(3): 95-103.

Farias, ID; Thofehrn, M; Kantorski, LP. A oficina terapêutica como espaço relacional na atenção psicossocial. Rev Uruguaya de Enfermería. Montevideo. 2016; 11(2): 01-13.

Campos, RTO; Campos, GWS. Co-construção da autonomia: o sujeito em questão. In: Campos, GWS. et al (Orgs.). Tratado de Saúde Coletiva. Rio de Janeiro. Editora Fiocruz. p. 669-688.

Cunha, GT. Grupos Balint Paidéia: uma contribuição para a co-gestão e a clínica ampliada na Atenção Básica. [Tese]. Campinas: Universidade de Campinas; 2009.

Costa, LA; Almeida, SC; Assis, MG. Reflexões epistêmicas sobre a Terapia Ocupacional no campo da Saúde Mental. Cad. Ter. Ocup. UFSCar. São Carlos. 2015; 23 (2): 189-196.

Barbosa, ND. Fendas na Cultura: a produção de tecnologias de participação sociocultural em Terapia Ocupacional. [Dissertação]. São Paulo: Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo; 2010.

Amarante, P. Novos sujeitos, novos direitos: o debate em torno da reforma psiquiátrica. Cadernos de Saúde Pública. Rio de Janeiro. 1995; 11(3): 491-494.

Saraceno, B. Libertando identidades: da reabilitação psicossocial à cidadania possível. 2° ed. Rio de janeiro. Editora Te Corá/Instituto Franco Basaglia; 2001.

Brasil. MS. Legislação em saúde mental: 1990-2004. 5°ed. Brasília. 2004.

Costa, CM; Figueiredo, AC. Apresentação. In: ______Oficinas terapêuticas em saúde mental: sujeito, produção e cidadania. Rio de Janeiro. Editora Contra Capa; 2004, p. 7-10.

Mecca, RC; Castro, ED. Experiência estética e cotidiano institucional: novos mapas para subjetivar espaços destinados à saúde mental. Revista Interface. 2008; 25(12): 377-86.

Galheigo, SM. O cotidiano na terapia ocupacional: cultura, subjetividade e contexto históricosocial. Rev. Ter. Ocup. Univ. São Paulo. 2003; 14(3): 104-109.

Albuquerque, P. Desinstitucionalização: notas sobre um processo de trabalho. Cadernos IPUB. Rio de Janeiro. 2006; (22): 93-110.

Moreira, AB. Terapia Ocupacional: História Crítica e Abordagens Territoriais/ Comunitárias. Revista Vita et Sanitas. Trindade. 2008; 2(2): 79-91.

Oliver, FC; Almeida, MC. Abordagens comunitárias e territoriais em reabilitação de pessoas com deficiências. In: De Carlo, MMRP; Bartalotti, C. Terapia Ocupacional no Brasil: fundamentos e perspectivas. São Paulo. Editora Plexus; 2001, p.81-98.

Souza, ACAE; Dutra, FCMS; Elui, VMC. Estrutura da prática da Terapia Ocupacional: domínio & processo. Rev. Ter. Ocup. Univ. São Paulo. 2015; 26(3): 1-49.

Lappan-Botti, NC; Labate, RC. Oficinas em Saúde Mental: A representação dos usuários do serviço de Saúde Mental. Revista Texto contexto Enfermagem. 2004; 13(4): 519-526.

Freitas, DA. CAPS e seus dispositivos: por uma clínica comprometida com o sujeito. [Monografia]. 2010. Campinas: Universidade Estadual de Campinas; 2010.

Aragão, TN. Reforma psiquiátrica: a construção de um novo paradigma em saúde mental [Monografia]. Brasília: Centro Universitário de Brasília; 2008.

Castro, ED; Lima, EMFA; Brunello, MIB. Atividades humanas e terapia ocupacional. In: Carlo, MMRP; Bartalotti, CC. Terapia Ocupacional no Brasil: fundamentos e perspectivas. 2°ed. São Paulo. Editora Plexus; 2001, p.41-61.

Leal, LGP. Terapia Ocupacional: guardados de gavetas e outros guardados. Recife. Editora Liceu Gráfica; 2005.

Oliveira, GNO. O Projeto Terapêutico e a mudança nos modos de produzir saúde. 2.ed. São Paulo. Editora Hucitec; 2010.

Barros, RDB. Grupo e Produção. In: Lancetti, A (org). Saúde Loucura 4: Grupos e Coletivos. São Paulo. Editora Hucitec; 1994.

Netto, J.P; Carvalho, M.D.C.B. de. Cotidiano: conhecimento e crítica. São Paulo. 7.ed. Ed. Cortez, 2007.

Castro, ED. Inscrições da relação terapeuta-paciente no campo da terapia ocupacional. Rev. Ter. Ocup. Univ. São Paulo. 2005; 16 (1): 14-21.

Deleuze, G; Guatarri, F. Mil Platôs: Capitalismo e Esquizofrenia. Rio de Janeiro. Editora 34; 1995.

Downloads

Publicado

31-07-2017

Edição

Seção

Artigo Original