Isolamento hospitalar pediátrico: o olhar da criança/Isolation of the pediatric hospital: the child's look

Autores

  • Jeovana Inês Penha da Silva Instituto da Criança e do Adolescente do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (ICr/HCFMUSP)
  • Aide Mitie Kudo Instituto da Criança e do Adolescente do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (ICr/HCFMUSP)
  • Luana Ramalho Jacob Instituto da Criança e do Adolescente do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (ICr/HCFMUSP)
  • Sandra Maria Galheigo Universidade de São Paulo - USP

DOI:

https://doi.org/10.47222/2526-3544.rbto25356

Palavras-chave:

Terapia Ocupacional, Saúde

Resumo

O isolamento de uma criança hospitalizada, é uma necessidade para o tratamento e cuidado do paciente, porém pode ser mais uma ruptura vivenciada neste contexto, já que há uma barreira física que limita seu contato com os demais pacientes, a rotatividade de pessoas da sua convivência e dos profissionais de saúde é limitada, o que pode contribuir para diminuir a frequência do brincar, devido às poucas possibilidades que o quarto de isolamento oferece, bem como aumentar a possibilidade de que esta experiência seja traumatizante e negativa. Este artigo tem por objetivo conhecer a percepção da criança sobre o isolamento hospitalar. O presente estudo teve abordagem qualitativa, de caráter exploratório e prospectivo, sendo os dados coletados por meio da metodologia de fotovoz (photovoice). Foi realizado nas enfermarias de um hospital referência no tratamento do câncer infantil, localizado na cidade de São Paulo (SP). Participaram quatro crianças internadas e os resultados foram categorizados de acordo com a temática. Ao estudar sobre a visão das crianças sobre esta temática foi possível compreender os principais pontos de impacto do isolamento, disponibilizando assim, uma gama de possibilidades para atuação do profissional de saúde incluindo-se o terapeuta ocupacional, principalmente visando minimização dos impactos, melhora na qualidade de vida deste sujeito e adesão ao tratamento, além de instigar que se busquem opções a fim de humanizar este espaço tão marcado de rupturas.

 

The isolation of a hospitalized child is a necessity for the treatment and care of the patient, but it can be another rupture experienced in this context, since there is a physical barrier that limits their contact with other patients, their social network and the health team. The isolation may contribute to limit play and as well as increase the likelihood that this experience is traumatizing and negative. This article aims to know the child's perception about hospital isolation. The study had a qualitative approach, exploratory and prospective, and the data collected through the photovoice methodology. Four hospitalized children participated and the results were categorized by themes. By studying the children's perceptions, it was possible to understand the main impact points of isolation, such as social distance, decreased contact with the outside world, altered play and the perception of technological apparatuses present in the isolation. This isolation points to a range of demands for the health team to act, including the occupational therapist, aiming at minimizing impacts caused by isolation, improving the quality of life of the child and the adherence to treatment. The hospitalar isolation also indicates the importance of using meaningful activities during the hospitalization, e maintaining possible social participation and  making the patient clear of the need for the isolation process using  adequate language. Finally, important to highlight the importance of ambience by means of architectural resources and adequate rapport, in order to humanize this space so marked by ruptures.

Keywords: Patient Isolation; Occupational Therapy; Child, Hospitalized.

 

Resumen

El aislamiento de un niño hospitalizado es una necesidad para el tratamiento y cuidado del paciente, pero puede ser otra ruptura experimentada en este contexto, porque barreras físicas limitan su contacto con otros pacientes, su red social y el equipo de salud. El aislamiento puede contribuir a limitar el juego, así como a aumentar la probabilidad de que esta experiencia sea traumatizante y negativa. Este artículo tiene como objetivo conocer la percepción del niño sobre el aislamiento hospitalario. El estudio tuvo un enfoque cualitativo, exploratorio y prospectivo, y los datos recopilados a través de la metodología de fotovoces. Participaron cuatro niños hospitalizados y los resultados se clasificaron por temas. Al estudiar las percepciones de los niños, fue posible comprender los principales puntos de impacto del aislamiento, como la distancia social, la disminución del contacto con el mundo exterior, el juego alterado y la percepción de los aparatos tecnológicos presentes en el aislamiento. Este aislamiento apunta a una serie de demandas para que el equipo de salud actúe, incluido el terapeuta ocupacional, con el objetivo de minimizar los impactos causados por el aislamiento, mejorar la calidad de vida del niño y su adherencia al tratamiento. El aislamiento hospitalario también indica la importancia de utilizar actividades significativas durante el proceso de hospitalización, mantener una posible participación social y aclarar al paciente la necesidad del proceso de aislamiento utilizando un lenguaje adecuado. Finalmente, es importante resaltar la importancia del ambiente por medios de recursos arquitectónicos y una relación adecuada, para humanizar este espacio tan marcado por las rupturas.

Palabras clave: Aislamiento de Pacientes; Terapia Ocupacional; Niño Hospitalizado.

Biografia do Autor

Jeovana Inês Penha da Silva, Instituto da Criança e do Adolescente do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (ICr/HCFMUSP)

Terapeuta Ocupacional; Residente do programa de Atenção Clinica Especializada em Pediatria com Enfase Cardiopulmonar no Instituto da Criança e do Adolescente do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (ICr/HCFMUSP)

Aide Mitie Kudo, Instituto da Criança e do Adolescente do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (ICr/HCFMUSP)

Terapeuta Ocupacional; Coordenadora do serviço de Terapia Ocupacional do Instituto da Criança e do Adolescente do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (ICr/HCFMUSP)

Luana Ramalho Jacob, Instituto da Criança e do Adolescente do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (ICr/HCFMUSP)

Terapeuta Ocupacional do Instituto da Criança e do Adolescente do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (ICr/HCFMUSP)

Sandra Maria Galheigo, Universidade de São Paulo - USP

Terapeuta Ocupacional; Professora doutora do departamento de Fonoaudiologia, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FOFITO/USP)

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Publicado

01-11-2019

Edição

Seção

Artigo Original