Gírias na língua de sinais brasileira e seus contextos de uso

Autores

DOI:

https://doi.org/10.31513/linguistica.2020.v16n3a36958

Palavras-chave:

Gírias, Resistência, Vocabulário de grupo, Palmas-TO.

Resumo

Este artigo é uma pesquisa sobre o uso de gírias por um grupo de surdos, na cidade de Palmas - TO, que interage através da rede social WhatsApp. Nesta pesquisa, fizemos o levantamento de dezenove gírias e descrevemos o perfil dos participantes, as regras de manutenção do grupo e o processo de criação dos sinais. O suporte teórico e metodológico utilizado para este estudo foi dos autores Preti (2000a; 2000b; 2003; 2013) e Murata (2008), sobre as gírias enquanto prática de linguagem de resistência, oposição e proteção. No grupo, a troca de informações acontece em libras (vídeo) e não há participação de ouvintes. Segundo os participantes, as gírias surgem como formas: (i) de entretenimento e humor, em um ambiente em que estão à vontade em relação à língua e aos temas abordados, (ii) de resistência, numa oposição às experiências negativas frente à sociedade majoritária e (iii) de proteção e sigilo, frente aos ouvintes sinalizantes e a outros surdos membros da comunidade surda. As gírias são categorizadas em: (i) sinais inéditos, (ii) sinais com parâmetros modificados (configuração de mão) para expressar intensidade, (iii) sinais com parâmetros modificados (orientação da palma) para indicar ironia e (iv) sinais com parâmetros modificados (ponto de articulação) para evidenciar a modalidade gestual-visual das línguas de sinais. Os resultados da pesquisa também indicam que o processo de criação das gírias envolve a lexicalização de ações gestuais, originando sinais altamente icônicos, e a alteração de unidades sub-lexicais, caracterizando os parâmetros como fonomorfemas.

Biografia do Autor

Cristiano Pimentel Cruz, Universidade Federal do Tocantins

Mestrado em Letras pela Universidade Federal do Tocantins (UFT). Possui licenciatura e bacharelado em Educação Física pela Universidade de Fortaleza (2013). Pós-graduado no curso de Especialização em Libras: Interpretação, Tradução e Ensino pela Faculdade 7 de Setembro.Os principais temas de interesse são: sociolinguística, gírias da Língua Brasileira de Sinais, Cultura e Identidade Surda. Atua com Professor Efetivo com dedicação exclusiva no Curso de Letras-Libras na Universidade Federal do Tocantins.

Bruno Gonçalves Carneiro, Universidade Federal do Tocantins

Professor da Universidade Federal do Tocantins, Campus de Porto Nacional, no curso de Letras Libras e no Programa de Pós-Graduação em Letras. Mestre e Doutor em Letras e Linguística pela UFG. Atua nos seguintes temas: tipologia linguística, análise e descrição da língua de sinais brasileira e educação de surdos.

Karylleila dos Santos Andrade, Universidade Federal do Tocantins

Possui graduação em Letras pela Universidade do Tocantins (1993), mestrado em Linguística pela Universidade de São Paulo (2000) e doutorado em Linguística pela Universidade de São Paulo (2006). É professora. associada II da Universidade Federal do Tocantins e atua nos programas de pós-graduação em Letras, câmpus de Araguaína e de Porto Nacional. Tem experiência na área de Linguística, com ênfase nos estudo do léxico, atuando principalmente nas seguintes áreas: onomástica/toponímia, etnolinguistica e temáticas do léxico voltadas ao ensino. É Bolsista Produtividade PQ2 CNPq.

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Publicado

2020-12-30