Contribuições da semântica formal para o ensino de língua materna: a quantidade nominal
DOI:
https://doi.org/10.31513/linguistica.2020.v16nEsp.a37898Palavras-chave:
Sintagma nominal, ensino de língua materna (PB), singular vs. Plural.Resumo
Este artigo pretende contribuir para o projeto de se “lançar uma ponte entre a linguística teórica e o ensino escolar da gramática” (LEMLE, 1984), propondo uma nova abordagem para o tratamento da quantidade nominal no ensino de língua portuguesa, à luz dos achados da semântica formal. A tradição gramatical (obras de referência e didáticas) e o ensino tradicional assumem a oposição binária singular/plural para os nominais, examinando o número na palavra em isolamento, quanto à morfologia. Observa-se apenas a presença ou ausência de morfema plural, mas o número é produto de mais outros três fatores: (i) o tipo de sentença (episódica ou genérica), (ii) a estrutura sintática do sintagma nominal (nome nu ou sintagma de determinante), (iii) o fato de o nome ser massivo ou contável. O próprio licenciamento do morfema de plural está sujeito a condicionamentos. É necessário o exame da sentença inteira, levando em conta todas essas variáveis, para determinar a interpretação do sintagma nominal. A visão tradicional é limitadíssima, por desconsiderar que, além de contar seres, o PB conta tipos e episódios. A tradição desconsidera também que a quantidade nominal vai muito além de número: há leituras de volume, leituras de abundância de leituras de intensidade. Embora na morfologia o plural seja o mais marcado, semanticamente o mais marcado é o singular. A interpretação da quantidade nominal é complexa e rica, e o tratamento dado hoje à quantidade nominal nas escolas e obras de referência e didáticas brasileiras não dá conta do fenômeno.
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