Dos discursos de ódio e de xenofobia às ações de acolhimento linguístico implementadas por universidades de Roraima
DOI:
https://doi.org/10.31513/linguistica.2023.v19n3a59576Palavras-chave:
Discursos de ódio e de xenofobia, Acolhimento linguístico e humanitário, Migração de crise.Resumo
Tendo em vista o crescente movimento migratório de cidadãos venezuelanos para o estado de Roraima, o qual vem se intensificando desde 2015, este artigo tem como objetivo analisar os discursos de ódio e de xenofobia que materializam procedimentos de violação dos direitos humanitários e linguísticos, perpetuados, sobretudo, pelo funcionamento do dispositivo colonial que remonta ao sistema de colonização linguística no Brasil (Neves; Gregolin, 2021). O referencial teórico adotado é da Análise do Discurso, com contribuições de Michel Foucault, em diálogo com a área de Linguística Aplicada Indisciplinar e Transgressiva (Moita Lopes, 2006), bem como com o campo de estudos de Políticas e Direitos Linguísticos (Abreu, 2022; Castelano Rodrigues, 2018). O método utilizado nesta pesquisa é arqueogenealógico (Foucault, 2006), que compreende que o discurso está submetido a uma certa ordem discursiva, pois existe um domínio do que é dito e de como é dito, sendo subordinado aos processos históricos do discurso. Para tanto, nossa análise concentra-se nas discursividades de comentários de notícias das páginas UOL sobre migração de venezuelanos para o estado roraimense, para posterior apresentação de ações de acolhimento implementadas pela Universidade Estadual de Roraima (UERR) e pela Universidade Federal de Roraima (UFRR), com vistas à conscientização e à recepção humanitária e linguística. Os resultados das ações apontam para um movimento de desconstrução de estereótipos relacionados à língua e à cultura dos cidadãos venezuelanos, bem como para a valorização do estado roraimense como um território multi/plurilíngue.
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