Ponto de vista e uso de aspas no português brasileiro: uma análise de manchetes jornalísticas

Autores

DOI:

https://doi.org/10.31513/linguistica.2023.v19n2a61469

Palavras-chave:

aspas, ponto de vista, discurso reportado, linguagem figurada

Resumo

Este trabalho enfoca o uso de aspas em manchetes jornalísticas do português brasileiro, sob a perspectiva teórica da Linguística Cognitiva e, mais especificamente, da Teoria dos Espaços Mentais (FAUCONNIER, 1994, 1997; FAUCONNIER; TURNER, 2002). Com base no primitivo discursivo de Ponto de Vista (CUTRER, 1994; FAUCONNIER; SWEETSER, 1996; DANCYGIER; SWEETSER, 2012), propõe-se uma explicação unificada para o fenômeno, sob o argumento de que o uso de aspas indica mudança de Ponto de Vista na rede de espaços mentais estabelecida à medida que o discurso se desenvolve. Em particular, a análise evidencia que o uso de aspas para indicar deslocamento de Ponto de Vista pode ocorrer em dois contextos principais nas manchetes: (i) do espaço Base/Ground para um espaço de discurso reportado (discurso direto ou discurso direto parcial); (i) do espaço Base/Ground para o Espaço Metalinguístico, que constitui um espaço mais implícito na Rede de Espaços Comunicativos Básicos (BCSN), no caso de processos metafóricos e/ou metonímicos.

Biografia do Autor

Lilian Ferrari, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

Possui Graduação em Psicologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1980), Mestrado em Linguística pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1985), Doutorado em Linguística pela Universidade Federal do Rio de Janeiro/University of Southern California, Los Angeles/(1994), e Pós-doutorado na University of California, Berkeley (2006), sob supervisão da Profa. Dra. Eve Sweetser. Atualmente é Professora Titular do Departamento de Linguística e Filologia e membro permanente do Programa de Pós-Graduação em Linguística da Universidade Federal do Rio de Janeiro, do qual foi coordenadora no período de 2003-2007. Atua, desde 1995, na área de Linguística Cognitiva e, desde 2003, lidera o LINC-UFRJ (Laboratório de Pesquisas em Linguística Cognitiva), no qual desenvolve pesquisas sobre o Português Brasileiro, o Português Europeu e o Inglês, orientando trabalhos de IC, Mestrado e Doutorado, além de supervisões de pós-doutorado. As pesquisas enfocam construções gramaticais - em especial, construções sintáticas complexas (condicionais e completivas), construções de estrutura argumental e construções lexicais (em especial, dêiticos sociopessoais e locativos). As construções investigadas são relacionadas a processos de construção de significado que envolvem subjetividade/intersubjetividade, figuratividade (processos metafóricos e metonímicos) e multimodalidade (gestos e recursos multimodais).É autora, coautora e organizadora de várias publicações nacionais e internacionais, entre as quais se destacam os livros "Espaços mentais e construções gramaticais: do uso linguístico à tecnologia" (Rio de Janeiro, 2009, org.), "Introdução à Linguística Cognitiva" (Ed. Contexto, 2011), "A Linguística no Século XXI: convergências e divergências no estudo da linguagem" (Ed. Contexto, 2016, em coautoria com Aniela I. França e Marcus Maia), "Linguística Cognitiva: da linguagem aos bastidores da mente" , vol. I (Álvaro e Ferrari, 2016, org.), "Linguística Cognitiva: linguagem, pensamento e cultura", vol, II (Álvaro e Ferrari, 2017, org.), e "Palavra, gesto e imagem sob a perspectiva da Linguística Cognitiva"(Ferrari, 2021, org.)

Diogo Pinheiro, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

É doutorado em Linguística e mestrado em Língua Portuguesa pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. É Professor Adjunto da UFRJ, membro titular do Programa de Pós-graduação em Linguística da UFRJ e um dos coordenadores do LinC (Laboratório de Linguística Cognitiva). No primeiro semestre de 2023, atuou como Pesquisador Visitante na Universidade de Lancaster (Reino Unido), onde realizou estágio de pós-doutoramento desenvolvendo pesquisa sobre construções idiomáticas de intersubjetividade. Com atuação inserida no campo da Linguística Baseada no Uso (Linguística Cognitiva, Gramática de Construções, modelos baseados no uso), interessa-se principalmente pelos seguintes temas: (1) construções de intersubjetividade; (2) Linguística Baseada no Uso e ensino; e (3) relação entre semântica cognitiva e Gramática de Construções.

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Publicado

2023-08-05

Edição

Seção

Artigos