Características morfossintáticas do advérbio sempre por meio de testes de julgamento de aceitabilidade

Autores

DOI:

https://doi.org/10.31513/linguistica.2023.v19n2a61568

Palavras-chave:

Advérbio sempre, Processamento de advérbios, Morfologia Distribuída, Teste de aceitabilidade, Teoria Gerativa

Resumo

Este artigo investiga características morfossintáticas e de processamento do advérbio sempre em sentenças do português brasileiro. Para tanto, tomaremos como base a Teoria Gerativa (CHOMSKY, 1995 em diante) e, dentro dela, o modelo da Morfologia Distribuída (MD) (HALLE; MARANTZ, 1993, MARANTZ, 1997; ALEXIADOU, 2002). Discutimos questões relativas (i) ao posicionamento sintático e restrições sintáticas do advérbio sempre; (ii) aos dados de processamento linguístico desse advérbio por meio de três experimentos com base na metodologia da psicolinguística experimental e (iii) ao estatuto categorial de sempre à luz do modelo teórico da MD. Exploramos os impactos da posição do advérbio na estrutura sintática; da comparação entre o tempo verbal presente e pretérito perfeito do indicativo e da especificidade do objeto. Dentro desse contexto, nossa análise propôs que a raiz √SEMPRE corresponde a um único Item de Vocabulário, que realiza o núcleo adverbial (adv). Essa raiz possui traços modificadores [+aspectual], [+contínuo], os quais, quando associados à presença de diferentes núcleos funcionais (AspP, FocP, CP, TP), vão interferir na interpretação da sentença. Isso explica os três valores de sempre no PB: (i) temporal em sentenças mais específicas; (ii) aspectual em sentenças no tempo Presente e (iii) confirmação em sentenças no tempo Pretérito Perfeito. Outra propriedade observada nos testes foi uma mudança de intensidade do advérbio sempre quando relacionado aos advérbios “quase” e “nem”. A partir deste estudo, pretendemos lançar luz sobre a relação entre estudos teóricos dentro do quadro da Teoria Gerativa analisados em conjunto com dados de processamento linguístico.

Biografia do Autor

Rafael Dias Minussi, Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)

É professor do Departamento de Letras da UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo).Possui bacharelado e licenciatura em Letras Português e Linguística pela Universidade de São Paulo (2006). É mestre em Linguística pelo programa de pós-graduação em Semiótica e Linguística Geral da Universidade de São Paulo (2008) e doutor em Letras também pelo programa de pós-graduação em Semiótica e Linguística Geral da Universidade de São Paulo (2012). Atualmente, participa dos seguintes grupos de pesquisa do CNPq: GREMD ( Grupo de Estudos em Morfologia Distribuída) da USP e do LabLinC (Laboratório de Linguagem e Cognição) da UNIFESP. É membro do LabLinC da EFLCH da UNIFESP e do The Word Lab (Universidade de Lisboa). Seu projeto atual tem como objetivo investigar a formação dos blends em comparação com os compostos, tendo como metodologia a realização de testes experimentais para investigar o processamento dessas palavras. Os principais temas de interesse são: Processamento de Palavras, blends, Ensino de Gramática pela Metodologia da Aprendizagem Ativa, Morfologia Distribuída, Teoria Gerativa, Sintaxe das línguas naturais, Estrutura argumental, Nominalizações, Nomes Compostos.

Joelma Sobral da Silva, Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)

Joelma Sobral da Silva é doutoranda e possui Mestrado em Estudos Linguísticos pela UNIFESP. Atua como servidora do estado de São Paulo. É membro do Laboratório de Linguagem e Cognição da Unifesp (LabLinC). Suas principais áreas de pesquisa são: Teoria e Análise Linguística, Sintaxe do Português Brasileiro, em especial a sintaxe dos advérbios com base na Teoria Gerativa e Processamento Linguístico.

João Paulo Lazzarini Cyrino, Universidade Federal da Bahia (UFBA)

É graduado em Letras Português/Linguística pela USP (2008). Possui mestrado em Linguística pela UFRGS (2011), orientado por Sergio de Moura Menuzzi. Obteve doutorado em Linguística pela USP (2015), sob orientação de Ana Paula Scher, com período de estágio de pesquisa na Bogaziçi Universitesi (Istambul, 2014), sob supervisão de Balkiz Öztürk. Fez Pós-Doutorado na UNICAMP em 2015-2017, sob supervisão de Maria Filomena Spatti Sandalo. É professor do Instituto de Letras da Universidade Federal da Bahia (UFBA) desde 2016 e do Programa de Pós-Graduação em Língua e Cultura da UFBA desde 2020. É membro do conselho editorial da revista Todas as Letras (Mackenzie) e da Editora da Abralin. Tem experiência na área de Linguística, atuando nas subáreas de Teoria e Análise Linguística e Tipologia Linguística com ênfase nos seguintes temas: (a) interface morfologia e sintaxe, (b) voz, valência e transitividade, (c) comparabilidade tipológica, (d) morfossintaxe computacional.

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Publicado

2023-08-05

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Artigos