A prosódia na fala de adultos autistas: um estudo de dois casos
DOI:
https://doi.org/10.31513/linguistica.2024.v20n2a64046Resumo
O objetivo deste artigo é descrever o comportamento acústico-entoacional da fala de dois autistas adultos na produção de diferentes tipos frásicos, utilizando o aporte teórico-instrumental da Fonologia Autossegmental e Métrica (Pierrehumbert, 1980) e do P-ToBI (Frota et al., 2015). A pesquisa é norteada pelas hipóteses de que a fala de autistas se diferencia da fala típica no que se refere i) à duração silábica e ii) à variação da gama de F0. Utilizamos como metodologia de recolha de dados o Discourse Completion Task (DCT), adaptado para o PB, do Projeto Interactive Atlas of the Prosody of Portuguese (InAPoP). O conjunto de frases foi gravado no Laboratório de Fonética Acústica da UFRJ e produzido por dois participantes autistas do Grupo Experimental (GE) e dois participantes neurotípicos do Grupo Controle (GC), entre 24 e 28 anos, do sexo masculino, nascidos no Rio de Janeiro. Foram realizadas medidas acústicas e notação entoacional nas regiões pré-nuclear e nuclear de frases declarativas neutras, interrogativas totais neutras, ordens e vocativos (cantado e insistente) com o auxílio do Praat. Nossos resultados demonstram que há uma tendência de alongamento das sílabas postônicas na fala do GE, manifestado pela maior duração silábica, e também que há uma menor variação de aumento/queda melódica de F0 no pré-núcleo e no núcleo dos enunciados nesse grupo. No que se refere à notação entoacional, não verificamos diferenças entre os dois grupos. Nossos achados indicam que há uma diferença na fala dos participantes autistas do nosso estudo relativamente à fala dos não-autistas, conforme previam nossas hipóteses iniciais, o que pode, eventualmente, indicar uma diferença na fala dessa população.
Palavras-chave: Prosódia. Autismo. Português brasileiro. Fonética acústica. DCT.
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