Se-passivo, se-impessoal e sujeitos nulos indefinidos: uma abordagem minimalista para a perda e o surgimento de construções na gramática da língua

Autores

DOI:

https://doi.org/10.31513/linguistica.2021.v17n3a49509

Palavras-chave:

se-passivo, se-impessoal, sujeitos nulos, português brasileiro, português europeu

Resumo

Contrariamente ao que tem sido proposto por parte da literatura gerativa, que vê a perda das construções com o chamado se-passivo no português brasileiro como resultado do enfraquecimento da concordância dos verbos transitivos, este artigo argumenta com base em dados empíricos de que a perda das construções com se-passivo na história do português brasileiro está crucialmente associada à perda de uma projeção funcional mais alta que T, nomeadamente: FP. Essa é a posição em que o verbo dessas construções estabelece concordância com o argumento interno no português europeu (RAPOSO; URIAGEREKA, 1996). Arrolamos esse achado às mudanças na gramática do português brasileiro desencadeadas pela perda de FP previstas por Pires (2006). Paralelamente, argumentamos que o surgimento das construções com sujeitos nulos indefinidos de 3ª pessoa singular, como em “Vende casas”, também não está associada à perda da concordância nos verbos transitivos e ao desuso do clítico se (passivo ou impessoal), como se tem tentativamente argumentado, mas, sim, à perda do traço-D de T, o que permitiu o português brasileiro – assim como outras línguas de sujeito nulo parcial – licenciar sujeitos nulos indefinidos de 3ª pessoa singular.

Biografia do Autor

Humberto Borges, Universidade Federal de Jataí

Humberto Borges é professor adjunto de Linguística e Formação de Professores de Língua Portuguesa da Universidade Federal de Jataí (UFJ) desde 2020, onde também tem atuado na gestão da Coordenação de Ações Afirmativas, da Comissão Permanente de Heteroidentificação e do Centro de Línguas (2021-atual). É doutor em Linguística pela Universidade de Brasília (2014-2019), com estágio de pesquisa doutoral de um ano no Department of Linguistics at the University of Michigan (Estados Unidos, 2016) e cursos de verão em linguística na University of Crete (Grécia, 2017). Realizou estágio pós-doutoral no Programa de Pós-Graduação em Linguística da Universidade Federal de Santa Catarina (2019-2020). Foi co-coordenador da Comissão de Diversidade, Inclusão e Igualdade da Associação Brasileira de Linguística (Abralin, 2020-2021). Desenvolve pesquisas em sintaxe, linguística de contato e ações afirmativas.

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Publicado

2021-11-03