Próclise em ambiente neutro e perda seletiva do clítico acusativo anafórico em peças de teatro brasileiras dos oitocentos

Autores

DOI:

https://doi.org/10.31513/linguistica.2023.v19n1a61297

Palavras-chave:

Próclise, acusativo anafórico, português clássico, escrita brasileira oitocentista.

Resumo

No quadro teórico da sintaxe diacrônica, neste artigo, investigamos a evolução da próclise em orações matrizes com fronteamento de constituintes, no ambiente sintático ([XP])[XP]V, correlacionado essa evolução a ordenação e realização do sujeito e à perda seletiva do acusativo anafórico na escrita brasileira oitocentista. A hipótese central é a de que, na escrita brasileira do século XIX, há evidências de uma gramática “perdida” do português, ou de uma língua do tipo-V2, sem restrições para inversão do sujeito e de sujeito nulo (pro-drop) consistente, como o Português Clássico (PCl). A próclise gerada pela gramática do Português Brasileiro (PB) nesse ambiente começa a aparecer com mais expressividade em textos escritos a partir da segunda metade do século XIX, evidenciando propriedades de uma língua do tipo-SV, com restrição para inversão do sujeito e de sujeito nulo parcial. A análise que aqui apresentamos traz evidências de que a escrita dos autores oitocentistas apresenta um sistema rico de clítico acusativos anafórico com um pequeno aumento na frequência do objeto nulo nos textos do final da primeira metade do século XIX, que pode estar associada à gramática do PC ou do Português Europeu (PE), o que pode ser um reflexo da gramática do PB. Os resultados de uma investigação desses fenômenos numa mesma amostra podem trazer elementos importantes para encontrar na escrita brasileira de 1800 reflexos da gramática do Português Clássico.

Biografia do Autor

Marco Antonio Rocha Martins, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

Professor Associado do Departamento de Língua e Literatura Vernáculas e do Programa de Pós-Graduação em Linguística da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Graduado em Letras, mestre e doutor em Linguística pela UFSC. De 2018 a 2019, atuou como Visiting Professor, com bolsa do Instituo Humboldt/Alemanha, na Universität zu Köln. É Coordenador Adjunto da Área de Linguística e Literatura da CAPES quadriênio 2023-2026; é Editor-Chefe do periódico Working Papers em Linguística; coordena o Projeto História do Português brasileiro da Europa até a América da Associação de Linguística e Filologia da América Latina (ALFAL) e o Projeto Para a História do Português Brasileiro em Santa Catarina (PHPB-SC); participa como pesquisador dos Projetos PHPB nacional e Variação Linguística na Região Sul do Brasil (VARSUL). Foi coordenador do Programa de Pós-Graduação em Linguística da UFSC (biênio 2016-2018), presidente do Grupo de Estudos Linguísticos do Nordeste (GELNE) (biênios 2010-2012 e 2012-2014), vice-presidente da Associação Brasileira de Linguística (ABRALIN) (biênio 2011-2013), coordenador do GT de Sociolinguística da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Letras e Linguística (ANPOLL) (biênios 2010-2012 e 2012-2014) e Editor-Chefe da Revista do GELNE (2014-2017). Atua na área de Linguística, com ênfase em Sociolinguística, Linguística Histórica e Teoria e Análise linguística e, atualmente, investiga a mudança gramatical na sintaxe dos clíticos pronominais, correlacionada ao fenômeno do fronteamento de constituintes na escrita brasileira dos séculos XVIII ao XX.

Camila da Mota Heerdt, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

Cursa Licenciatura em Letras - Língua Portuguesa e Literaturas de Língua Portuguesa na Universidade Federal de Santa Catarina. É bolsista de iniciação científica (PIBIC-CNPq), realizando pesquisa vinculada ao projeto Sintaxe Histórica e o Português Brasileiro, ao Projeto Para a História do Português Brasileiro (PHPB) e ao núcleo de pesquisa Variação Linguística na Região Sul (Varsul).

 

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Publicado

2023-04-27