A ALTERNÂNCIA DOS SUFIXOS [X-INHO] E [X-ZINHO] NOS DIMINUTIVOS: QUESTÃO ESTRUTURAL E DIALETAL

Autores

DOI:

https://doi.org/10.35520/diadorim.2021.v23n2a40566

Palavras-chave:

Alternância de [x-inho] e [x-zinho], Diminutivos, Morfologia.

Resumo

Neste artigo, buscamos explicar a alternância de [x-inho] e [x-zinho] na formação dos diminutivos no português brasileiro. Para isto, selecionamos uma amostra de fala pertencente ao Banco de Dados Falares Sergipanos (FREITAG, 2017). No campo da morfologia, a modificação na estrutura linguística do diminutivo [base + sufixo] indica que os sufixos [x-inho] e [x-zinho] são duas formas autônomas ou dois alomorfes (LEITE, 1974; MENUZZI, 1993; MORENO, 1997; COSTA, 2002; BISOL, 2010). A partir dos pressupostos metodológicos da Sociolinguística Variacionista, associamos a variável dependente [x-inho] e [-zinho] com as variáveis independentes (base, tonicidade, extensão, classe e valor semântico), assumindo que a alternância dos sufixos também é sensível a valores dialetais. Os resultados da análise reforçam a distribuição e a alternância de dois sufixos diferentes, identificando que há uma associação entre os níveis estruturais e o emprego de um ou outro sufixo é condicionado principalmente pela base morfológica e pela tonicidade do diminutivo, contribuindo para que haja uma variação semântico-pragmática, mais sensível aos valores dialetais, entre as variedades do Português Brasileiro.

Biografia do Autor

Bruno Felipe Marques Pinheiro, Mestrando em Estudos Linguísticos pela Universidade Federal de Sergipe

Mestrando em Estudos Linguísticos pelo Programa de Pós-graduação em Letras (PPGL) da Universidade Federal de Sergipe (UFS). Graduação pela mesma Universidade.

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Publicado

2021-09-20

Edição

Seção

Dossiê de Língua/Language Dossier