PEDAGOGIA DA VARIAÇÃO LINGUÍSTICA NAS TAREFAS DE UM CURSO ON-LINE DE PORTUGUÊS COMO LÍNGUA ADICIONAL
DOI:
https://doi.org/10.35520/diadorim.2021.v23n1a39459Schlagworte:
Pedagogia da variação linguística, Material didático, Português como Língua Adicional.Abstract
O presente trabalho propõe-se a analisar as tarefas do Curso de Espanhol e Português para Intercâmbio (CEPI), especificamente o curso de Português como Língua Adicional, um curso on-line direcionado para intercambistas que estudarão na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). A análise realizada busca responder os seguintes questionamentos: (a) Quais aspectos da variação linguística são abordados nas tarefas do CEPI? (b) Como a variação linguística é abordada nas tarefas pedagógicas do CEPI? Para tanto, está pautada em princípios norteadores, organizados com base nas reflexões teóricas feitas a partir dos pressupostos da Pedagogia da Variação Linguística abordados especialmente por Zilles e Faraco (2015). Diante de tais aspectos, tem-se como finalidade, com base na análise do material didático da primeira edição do curso, refletir sobre a presença dos pressupostos da Pedagogia da Variação Linguística na construção de tarefas pedagógicas e se elas operacionalizam os pressupostos teóricos aqui adotados. Faz-se necessário ressaltar que as tarefas pedagógicas do CEPI não têm como base teórica as premissas da Pedagogia da Variação Linguística, no entanto, acredita-se que interfaces podem ser estabelecidas tendo em vista, principalmente, a visão de língua adotada no curso. A partir da análise realizada no decorrer deste trabalho é possível afirmar que algumas tarefas pertencentes às unidades um, dois e três contemplam aspectos da Pedagogia da Variação Linguística, especialmente em relação às dimensões da variação, em considerar a língua como um sistema heterogêneo. Além disso, apesar da variação linguística não ser o tema central das tarefas, há a preocupação em fazer com que o aluno tenha contato com as diferentes mobilizações de linguagem que são pertencentes ao gênero a partir do qual a tarefa é estruturada, concebendo assim a noção de que linguagem e práticas sociais são indissociáveis, ressaltando a importância de um trabalho pautado nas concepções da Pedagogia da Variação Linguística.
Literaturhinweise
ABELEDO, M. L. Uma compreensão etnometodológica da aprendizagem de língua estrangeira na fala-em-interação de sala de aula. Porto Alegre. Tese de Doutorado em Letras, Instituto de Letras, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2008.
ALKMIN, T. M. Sociolinguística: parte I. In: MUSSALIM, Fernanda; BENTES, Anna Christina (Orgs.). Introdução à Linguística: domínios e fronteira. 8ª ed. São Paulo: Cortez, 2008, v. 1. p. 21-47.
BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
BAKHTIN, M. Os gêneros do discurso. BEZZERA, Paulo (trad). São Paulo: Editora 34, 2016.
BORTONI-RICARDO, S. M. Educação em língua materna: a sociolingüística na sala de aula. São Paulo: Parábola, 2004.
BORTONI-RICARDO, S. M. Nós cheguemu na escola, e agora? Sociolinguística & educação. São Paulo: Parábola, 2005.
BULLA, G. S. Relações entre design educacional, atividade e ensino de português como língua adicional em ambientes digitais. Tese (Doutorado em Linguística Aplicada) – Instituto de Letras, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2014.
BULLA, G.S.; GARGIULO, H.; SCHLATTER, M. Organización general de materiales didácticos para la enseñanza online de las lenguas: el caso del Curso de Español Portugués para el Intercambio (CEPI). In: JORNADAS INTERNACIONALES DE TECNOLOGÍAS APLICADAS A LA ENSEÑANZA, 2., 2009, Córdoba. Anais II Jornadas Internacionales de Tecnologías aplicadas a la enseñanza. Córdoba: Universidad Nacional de Córdoba, 2009. p. 1-12. CD-ROM
BULLA, G.S.; SCHLATTER, M. Relatório Avaliativo – Organização de materiais do CEPI/UFRGS para o Programa IsF-Português para Estrangeiros, 2019, no prelo.
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: língua portuguesa/ Brasília: MEC/SEF, 1998. 106 p. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/portugues.pdf>. Acesso em: 12 jan. 2020.
BRASIL. Ministério da Educação e Cultura, Secretaria de Educação Superior. Manual do
Exame Celpe-Bras. Brasília: MEC/SESu, 2011. Disponível em: <https://download.inep.gov.br/outras_acoes/celpe_bras/outros_documentos/manuais_e_guias/2011/manual_do_examinando_2011-2.pdf>. Acesso em: 12 jan. 2020.
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Educação é a Base. Brasília, MEC/CONSED/UNDIME, 2017. Disponível em: <http://basenacionalcomum.mec.gov.br/>. Acesso em: 19 abr. 2021.
CLARK, H. Language use. In: CLARK, H. Using language. Cambridge: Cambridge University Press, 1996. p. 3-25. [Clark, H. (2000). O uso da linguagem. Cadernos de Tradução do Instituto de Letras UFRGS, 9: 49-71].
COELHO, I. L. Et. al. Sociolinguística. Florianópolis: LLV/CCE/UFSC, 2012. Disponível em: < https://ppglin.posgrad.ufsc.br/files/2013/04/Sociolingu%C3%ADstica_UFSC.pdf>. Acesso em: 19 abr. 2021.
CYRANKA, L. F. M. A Pedagogia da Variação Linguística é possível? In: ZILLES, A. M. S.; FARACO, C. A. (orgs.). Pedagogia da Variação Linguística: língua, diversidade e ensino. São Paulo: Parábola, 2015.
ECKERT, P. Variation and the indexical field. Journal of Sociolinguistics, v. 12, n. 3, p. 453476, 2008.
ERICKSON, F. Transformation and School Success. In: Antrophology and Education Quarterly. v. 8, n. 4, 1987, p. 355-56.
FARACO, C. A. Ensinar X não ensinar gramática: ainda cabe esta questão? Calidoscópio, São Leopoldo (RS), v. 04, n. 01, 2003.
FARACO, C. A. Norma culta brasileira: desatando alguns nós. São Paulo: Parábola, 2008.
FARACO, C. A. Norma culta brasileira: construção e ensino. In: ZILLES, A. M. S.; FARACO, C. A. (orgs.). Pedagogia da Variação Linguística: língua, diversidade e ensino. São Paulo: Parábola, 2015.
FLECK, L. S. Por uma Pedagogia da Variação Linguística: o ensino dos pronomes pessoais
na perspectiva sociolinguística. Bagé: UNIPAMPA, 2016. Dissertação. (Mestrado Profissional em Ensino de Línguas) do Programa de Pós-graduação em Ensino de Línguas, Universidade Federal do Pampa, UNIPAMPA, Bagé, 2016.
GONZÁLES, C.A. Práticas pedagógicas em uma perspectiva de Pedagogia da Variação Linguística. São Leopoldo: UNISINOS, 2018. Tese (Doutorado em Linguística Aplicada) do Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada, Universidade do Vale do Rio dos Sinos, UNISINOS, São Leopoldo, 2018.
MENDES, E. O conceito de língua em perspectiva histórica: reflexos no ensino e na formação de professores de português. In: LOBO, Tânia et alii. Linguística histórica, história das línguas e outras histórias. Salvador-BA: EDUFBA, 2012
MENDOZA-DENTON, N. Homegirls: language and cultural practice among latina youth gangs. Oxford: Blackwell, 2008.
REDDY, M. J. The conduit metaphor: a case of frame conflict in our language about language. In: ORTONY, Anthony (Ed.), Metaphor and Thought. Cambridge: Cambridge University Press, 1979. p. 164-201.
SCHERER, E. Heranças de um país “monolíngue”. Cadernos do CEOM - Histórias Locais e Imaginário Social, a. 27, n. 40, 2014, p. 85 – 101.
SCHLATTER, M.; GARCEZ, P. M. Línguas adicionais (Espanhol e Inglês). In: RIO GRANDE DO SUL, Referenciais curriculares do Estado do Rio Grande do Sul: linguagens, códigos e suas tecnologias. Secretaria de Estado da Educação, Porto Alegre, 2009.
SIMÕES L. J. et al. Leitura e autoria: planejamento em Língua Portuguesa e Literatura. 1. ed.
Erechim: Edelbra, 2012.
VANZ, F. A. Variação linguística: uma perspectiva da sociolinguística educacional. Passo Fundo: UPF, 2014. Monografia (Licenciatura em Letras: Português, Inglês e Respectivas Literaturas) – Universidade de Passo Fundo, UPF, Passo Fundo, 2014.
VANZ, F. A.; DIEDRICH, M. S. Variação linguística: uma perspectiva da sociolinguística educacional. Revista Línguas e Letras. v. 17, n. 37. 2016. p. 19 – 36. Disponível em: < http://e-revista.unioeste.br/index.php/linguaseletras/article/view/12714>. Acesso em 20 ago. 2019.
VYGOTSKY, L. A Formação Social da Mente. São Paulo: Martins Fontes, 1984.
Downloads
Veröffentlicht
Ausgabe
Rubrik
Lizenz
Transferência de direitos autorais - Autorização para publicação
Caso o artigo submetido seja aprovado para publicação, já fica acordado que o autor autoriza a UFRJ a reproduzi-lo e publicá-lo na Diadorim: Revista de Estudos Linguísticos e Literários, entendendo-se os termos "reprodução" e "publicação" conforme definição respectivamente dos incisos VI e I do artigo 5° da Lei 9610/98. O artigo poderá ser acessado pela internet, a título gratuito, para consulta e reprodução de exemplar do artigo para uso próprio de quem a consulta. Essa autorização de publicação não tem limitação de tempo, ficando a UFRJ responsável pela manutenção da identificação do autor do artigo.
A Revista Diadorim utiliza uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional (CC BY-NC 4.0).