OS PADRÕES SUFIXAIS LATINOS [XNi-ĬTĬA]Sj E [XNi-ĬTĬĒS]Sj E OS DESENVOLVIMENTOS [XAi-IÇA]Sj, [Xi-ICE]Sj, [Xi-EZ]Sj E [XAi-EZA]Sj NO PORTUGUÊS ARCAICO (SÉCULOS XIII-XVI), UMA ABORDAGEM CONSTRUCIONAL
DOI:
https://doi.org/10.35520/diadorim.2021.v23n2a40091Schlagworte:
Português arcaico. Língua latina. Morfologia derivacional. Morfologia construcional. Morfologia histórica.Abstract
Propõe-se, neste artigo, uma análise histórico-diacrônica que parte dos derivados sufixais latinos X-ĭtĭa (avārĭtĭa ‘avareza’; justĭtĭa ‘justiça’; laetĭtĭa ‘alegria, tristĭtĭa ‘tristeza’, nigrĭtĭa ‘negrume, escuridão’; pigrĭtĭa ‘preguiça’) e X-ĭtĭēs (magnĭtĭēs ‘magnitude, grandeza’; calvĭtĭēs ‘calvície’; tardĭtĭēs ‘lentidão’; vanĭtĭēs ‘vaidade, frivolidade’), em direção às formas evoluídas X-iça (justiça; lediça), X-ez (meninez; graãndez; sandez), X-ice (ligeirice; velhice; meninice; arteyrice; beuedice) e X-eza (anchezas; avareza; blandeza; braveza; chãeza; fraqueza; gentileza; naturaleza; simpleza; sotileza; stranheza; tristeza; vileza), no português arcaico. Os dados do latim são oriundos do dicionário latim-francês, de Gaffiot (2016 [1934]), e os do português arcaico advêm dos trabalhos de Soledade (2001, 2005), que investigou a sufixação nominal portuguesa, entre os séculos XIII e XVI. Quanto ao aporte teórico-descritivo, serão usados os postulados da Morfologia Construcional, como feita por Booij (2010, 2017, 2020), Gonçalves e Almeida (2014), Gonçalves (2016b), Simões Neto (2017, 2019), Soledade (2013, 2018, 2019) e Tavares da Silva (2019).
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