Memória e história através dos narradores de Beatriz Bracher
DOI:
https://doi.org/10.35520/diadorim.2013.v13n0a3985Abstract
Os romances de Beatriz Bracher são discutidos em relação ao tratamento respectivo do tempo interior, psicológico, e exterior, histórico, já que a autora, certa vez, afirmou que toda sua literatura é uma consequência e reflexão dos acontecimentos de 1968. Mostra-se, neste ensaio, como em Azul e dura (2002) a tragédia pessoal de uma representante de meia-idade da classe média paulistana revela a culpa pessoal e, além dessa, as relações de favores que regem o funcionamento da classe dirigente. A narrativa introspectiva deixa perceber como os ideais humanistas e estéticos da juventude se diluem diante do sistema capitalista. Se, nesse caso, a autocrítica e a contestação política correm subterrâneas e largamente implícitas, o questionamento da própria pessoa e de uma sociedade que gerou, de certa maneira, a ditadura militar pós-1964, em Não falei (2004), se radicaliza e leva a um inquérito nas possibilidades de manter a integridade pessoal frente a opressões, intimidações e tortura. Contrastando com a discussão ético-política prevalente em Não falei, desenvolve-se, na terceira obra analisada, Antonio, de 2007, um panorama social da classe média alta e da elite intelectual através de várias vozes narradoras, em cujo centro se encontra a rebeldia “romântica” do protagonista implícito Teo, insurreição que infalivelmente leva o personagem à loucura. Assim, nesses três romances, se delineiam as várias formas de resistir aos “podres poderes” predominantes em política e sociedade, uma resistência sempre ameaçada pelo fracasso individual e pelo escorrego fatal na banalidade.Downloads
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