O NÃO EM FORMAÇÕES NOMINAIS NO CONTINUUM RADICAL-AFIXO
DOI:
https://doi.org/10.35520/diadorim.2021.v23n2a40008Keywords:
morfologia, não nome, radical, afixo, continuumAbstract
Neste artigo, retomamos o estudo das formações portuguesas em que há anteposição do elemento não a um nome como não fiel, não sócio e não pagamento. Entendendo essas construções na representação proposta por Booij (2005), a questão que nos colocamos é se o esquema seria [não [X]i]i ou [[não]adv [X]i]i, isto é, o não, nessa construção, seria radical ou prefixo? A proposta foi inserir o não em um continuum afixo-radical (Baker, 2000 e Ralli, 2007) conforme suas propriedades estruturais, fonológicas e semânticas quando na construção não + nome. Para isso, apontamos características de prefixo e radical prototípicos e estabelecemos uma escala na qual o não pode ser inserido. Assim, apontamos um indício de que o não referente a nomes no português com sentido de negação/oposição, como não sócio, não verbal, e também com sentido de falta/ausência, como não pagamento, não realização, estaria, no continuum radical-afixo, mais próximo a prefixo.
References
ALVES, I. M. Prefixos negativos do português falado. In: ILARI, R. (org.) 1002. Gramática do português falado, vol. II. Campinas: UNICAMP. 1992, p.101-109.
ALVES, I. M. Formações prefixais no português falado. In: CASTILHO, A. T. de (org.) 1993. Gramática do português falado, vol. III. São Paulo: UNICAMP/FAPESP. 1993, p. 383-398.
BASILIO, M. Em torno da palavra como unidade lexical: Palavras e composições. Veredas v. 4, n. 2, p. 9-18 - 2000.
BASILIO, M. Operacionalização do Conceito de Raiz. Cadernos da PUC. 15, p. 89-94, 1974.
BASILIO, M. Teoria lexical. São Paulo: Ática. 1989
BAKER, M. On Derivational Asymmetries in Derivational Morphology. In: BENDJABALLAH, S.; DRESSLER, W. U.; PFEIFFER, O. E.; VOEIKOVA, M. D. (eds.). Morphology 2000: Selected Papers from the 9th Vienna Morphology Meeting. Amsterdam: John Benjamins. 2000, p. 21-104.
BLOOMFIELD, L. A set of postulates of the science of language. In: JOOS, ed. 1957. 1926, p. 26-31.
BOOIJ, G. Compounding and Derivation: evidence for Construction Morphology. In: DRESSLER, W. et. al. (eds.). Morphology and its Demarcations. Amsterdam/Philadelphia: John Benjamins Publishing Company, 2005, p. 109-131.
BOOIJ, G. Construction Morphology. Oxford: Oxford University Press, 2010.
CAMPOS, L. S. A gramaticalização do “não” como prefixo no português brasileiro contemporâneo. Salvador: UFBA. Dissertação (Mestrado em Letras). Programa de Pós-Graduação em Letras e Linguística, Instituto de Letras, UFBA, Salvador, 2002
CAMPOS, L. S. S. A Negação prefixal na história da língua portuguesa. Salvador: 2004 Tese (Doutorado em Letras). Programa de Pós-Graduação em Letras e Linguística, Instituto de Letras, UFBA, Salvador, 2004.
DUARTE, P. M. T. O não formador de palavras em português? Revista GELNE, Ano 1, no 2, p. 67-70, 1999.
GONÇALVES, C. A. Prefixação: composição ou derivação? Novos enfoques sobre uma antiga polêmica. Matraga, Rio de Janeiro, v.19, n.30, p. 142 - 67, 2012.
GONÇALVES, C. A Morfologia Construcional: uma introdução. São Paulo: Contexto, 2016.
GONÇALVES, C. A; ALMEIDA, M. L. L. Por uma Cibermorfologia: abordagem morfossemântica dos xenoconstituintes em português. In: MOLICA, M. C.; GONZALES, M. (orgs.). Linguística e ciência da informação: diálogos possíveis. Curitiba: Appris, 2012, p. 105-127.
GONÇALVES, C. A.; ANDRADE, K. E. A instabilidade categoria dos constituintes morfológicos: evidência a favor do continuum composição-derivação. Delta, 32.2, p. 261-294, 2016.
JACOB, L. P. Novas formações a partir do não- anteposto a nomes e suas controvérsias. Rio de Janeiro: Puc-Rio. Dissertação de Mestrado. 2010.
KASTOVSKY, D. Astronaut, astrology, astrophysics: about combining forms classical compounds and affixoids. In: MCCONCHIE R. W.; ALPO, H.; TYRKKÖ, J. (eds.). Selected Proceedings of the 2008 Symposium on New Approaches in English Historical Lexis (HEL-LEX 2). Somerville, MA, Cascadilla Proceedings Project. 2009, p. 1-13.
KIPARSKY, P. Lexical Morphology and Phonology. In: I.-S. Yang (ed.) Linguistics in the Morning Calm. Hanshin. Seoul. 1982, p. 3-91
PANTE, M. R.; MENEZES, A. C. O prefixo “não-“: polissemia e produtividade no processo de formação de palavras. Acta Scientiarum: human and social sciences, Maringá, v. 25, n. 1, p. 51-57, 2003.
PEREIRA, P. A. "não" em formações nominais no português: morfologização e gramaticalização. Belo Horizonte: UFMG. Tese (Doutorado em Estudos Linguísticos). Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos, Faculdade de Letras, UFMG, Belo Horizonte, 2012.
PEREIRA, P. A. Para uma distinção entre radical e prefixo: será “não-composto” um composto ou um derivado? Rio de Janeiro: UFRJ. Dissertação (Mestrado em Linguística). Programa de Pós-Graduação em Linguística, Faculdade de Letras, UFRJ, Rio de Janeiro, 2006.
RALLI, A. Compounds in Modern Greek. Rivista di Linguistica, 4 (1), 2007, 143-174.
SANDMANN, A. J. A. Formação de Palavras no Português Brasileiro Contemporâneo. Curitiba: Scientia et Labor / Ícone Editora. 1989.
SCHNEIDER, L. Identificando algumas acepções do prefixo des-: análises preliminares. Revista Travessias. v. 3, n. 2, 2008.
SCHWINDT, L. C. O prefixo no Português brasileiro: análise morfofonológica. Porto Alegre: PUCRS. Tese (Doutorado em Letras). Curso de Pós-Graduação em Letras, Faculdade de Letras, PUCRS, Porto Alegre, 2000.
SILVA, M. C. F; MIOTO, C. Considerações sobre a prefixação. ReVEL, vol. 7, n. 12, 2009.
VIEGAS, M. do C.; PEREIRA, P. A. A expressão não obstante: gramaticalização no português. In: VIEGAS, M. do C. (org.) Minas é plural. Belo Horizonte: Faculdade de Letras da UFMG, 2011.
VIEGAS, M. do C.; PEREIRA, P. A. Sintatização, semantização e discursiviação do não obstante na história do Português. Gallaecia: estudos de linguística portuguesa e galega. Cursos e Congresos da Universidade de Santiago de Compostela, n. 242, 2017.
Downloads
Published
Issue
Section
License
Copyright transfer -- Authorization to publication
If the submitted article is approved for publication, it is already agreed that the author authorizes UFRJ to reproduce it and publish it in Diadorim: revista de estudos linguísticos e literários, the terms "reproduction" and "publication" being understood as defined respectively by items VI and I of article 5 of Law 9610/98. The article can be accessed both by the World Wide Web (WWW) and by the printed version, with free consultation and reproduction of a copy of the article for the own use of those who consult. This authorization of publication is not limited in time, and UFRJ is responsible for maintaining the identification of the author of the article.
The journal Diadorim: revista de estudos linguísticos e literários is licensed under a Creative Commons Attribuition-NonCommercial 4.0 International (CC BY-NC 4.0).