“SI YO TUVIERA” OU “SI YO TUVIESE”: A VARIAÇÃO NA REALIZAÇÃO DO PRETÉRITO IMPERFEITO DO SUBJUNTIVO ESPANHOL
DOI:
https://doi.org/10.35520/diadorim.2021.v23n2a40827Palabras clave:
variação linguística, pretérito imperfeito do subjuntivo, desinência -ra, desinência -se, língua espanhola.Resumen
No espanhol atual, as desinências -ra e -se são identificadas como formas desinenciais do pretérito imperfeito do subjuntivo devido à evolução da língua, sendo a primeira derivada do pretérito mais-que-perfeito do indicativo latino (amaveram) e a segunda do pretérito mais-que-perfeito do subjuntivo (amavissem). Isto posto, neste trabalho, à luz da sociolinguística variacionista (WEINREICH; LABOV; HERZOG, 1968; LABOV, 1972, 1978, 1994), buscamos, de modo geral, entender este processo de variação linguística. Pretendemos, ainda: (i) identificar fatores linguísticos que condicionam a alternância -ra/-se em construções condicionais da língua espanhola para a expressão da noção de irrealidade; (ii) verificar se fatores extralinguísticos como as categorias gênero e área geográfica/região condicionam a alternância -ra/-se; e (iii) investigar, eventualmente, se a desinência -se está se especializando, tendo seu uso restrito a contextos específicos. O nosso corpus está constituído de Cartas de Leitores de dois periódicos online: El País, da Espanha, e La Nación, da Argentina. A delimitação do corpus escrito deu-se em função de que, em relação à alternância entre as variantes -ra e -se, talvez, esta última forma seja mais facilmente encontrada na modalidade escrita do que na modalidade oral/falada (ROJO, 2011, p. 214), tendo em vista seu paulatino declive (PÉREZ TORRES, 2014; STERCK, 2000). Realizamos, assim, uma análise estatística com o auxílio do programa computacional GoldvarbX (TAGLIMONTE, 2006; SANKOFF, TAGLIAMONTE, SMITH, 2005). Para esta análise, consideramos os seguintes fatores: (1) forma verbal; (2) estrutura verbal; (3) paradigma de conjugação do verbo; (4) pessoa gramatical; (5) estrutura das cláusulas condicionais; (6) gênero; (7) jornal/variedade; e (8) províncias/cidades da Espanha. Como resultado, identificamos, em ambas as variedades, a predominância da variante -ra nas orações condicionais, em detrimento da -se, que se mostra pouco frequente na competição para a expressão da noção de irrealidade/contrafactualidade.
Citas
AGUILAR, R. C. Sobre la historia del subjuntivo español. Separata de Actas de la Sociedad Española de Lingüística XX aniversario. Tenerife, 2-6 de abril de 1990.
ALARCOS LLORACH, E. Gramática de la lengua española. Madrid: Espasa Calpe, 1999.
ARROYO, J. L. B. Sociolingüística de español: desarrollos y perspectivas en el estudio de la lengua española en contexto social. Madrid: Ediciones Cátedra, 2005.
BOSQUE, I.; DEMONTE, V.. Gramática descriptiva de la lengua española. Madrid: Espasa, 1999.
ECKERT, P. Three waves of variation study: the emergence of meaning in the study of sociolinguistic variation. Annual Review of Anthropology, Palo Alto, n.41, 2012, p. 87-100. Disponível em: < https://www.annualreviews.org/doi/10.1146/annurev-anthro-092611-145828 >. Acesso em: 16 de março de 2021
GILI Y GAYA, S. Curso superior de sintaxis española. Barcelona: SPES, 1961.
GREENBERG, J. H. Universals of language. Cambridge: Mit Press, 1963.
GUY, G. R.; ZILLES, A.. Sociolinguística quantitativa. São Paulo: Parábola Editorial, 2007.
KEMPAS, I. Sobre la variación en el marco de la libre elección entre cantara y cantase en el español peninsular. Moenia, 17, 2011, 243-264. Disponível em: < https://minerva.usc.es/xmlui/handle/10347/7332 >. Acesso em: 16 de março de 2021.
LABOV, W. 1972. Sociolinguistics patterns. Philadelphia: University of Pennsylvania.
LABOV, W. Principles of linguistics change: internal factors. Oxford: Blackwell, 1994.
LABOV, W. Where does the linguistic variable stop? A response to Beatriz Lavandera. Sociolinguistic Working Paper, n° 44. Austin: Southwest Educational Development Laboratory, 1978.
LAVANDERA, B. Where does the sociolinguistic variable stop? Paper presented at Linguistic Society of America Meeting. Chicago, 1977. Disponível em: < https://doi.org/10.1017/S0047404500005510 >. Acesso em: 16 de março de 2021.
MONTOLÍO, E. Las construcciones condicionales. In.: BOSQUE, I.; DEMONTE, V. (orgs.). Gramática descriptiva de la lengua española. Madrid: Espasa, 1999, p. 3643-3737.
OLIVEIRA, Leandra Cristina de. A noção de regra variável na morfossintaxe: um estudo das formas verbais espanholas “dejó” e “ha dejado”. In: Working paper em linguística, vol. 10 (2). Florianópolis: UFSC, 2009, p. 21-33. Disponível em: < https://periodicos.ufsc.br/index.php/workingpapers/article/view/1984-8420.2009v10n2p21 >. Acesso em: 16 de março de 2021.
PENNY, R. A history of Spanish language. Cambridge, Cambridge University Press, 1991.
REAL ACADEMIA ESPAÑOLA. Esbozo de una nueva gramática de la lengua española. Madrid: Espasa-Calpe, 1973.
REAL ACADEMIA ESPAÑOLA. Nueva gramática de la lengua española. Madrid: Espasa Libros, 2010.
REAL ACADEMIA ESPAÑOLA. Gramática de la lengua española. Madrid: Espasa-Calpe, 1931.
ROJO, G. Me pidieron que reseñara/reseñase el libro que Bosque publicara/publicase en 1980. Universidad de Santiago de Compostela, 2011.
ROJO, G. Sobre la distribución de las formas llegara y llegase en español actual. Ediciones Universidad da Coruña, 1996.
ROJO, G.; ROZAS, V. V. Sobre las formas en -ra en el español de Galicia. In: ENRIQUE-ARIAS, A.; GUTIÉRREZ, M. J.; LANDA, A.; OCAMPO, F. Perspectives in the Study of Spanish Language Variation: Papers in Honor of Carmen Silva-Corvalán. Universidad de Santiago de Compostela, 2014. Disponível em: < https://www.academia.edu/download/47708332/Perspectives_in_the_Study_of_Spanish_Language_Variation.pdf >. Acesso em: 16 de março de 2021
ROJO, G.; VEIGA, A. El tiempo verbal: los tiempos simples. In.: BOSQUE, I.; DEMONTE, V. (orgs.). Gramática descriptiva de la lengua española. Madrid: Espasa, 1999, p. 2867-2934.
SANKOFF, D., TAGLIAMONTE, S. A.; SMITH, E. S. Goldvarb X: A variable rule application for Macintosh and Windows. Department of Linguistics, University of Toronto, 2005. Disponível em: < http://individual.utoronto.ca/tagliamonte/goldvarb.html >. Acesso em: 16 de março de 2021.
STERCK, G. Gramática española: enseñanza e investigación: registros y áreas geográficas en lingüística: valores y usos de las formas verbales en –ra, -se, -ría y –re. Salamanca: Ediciones Universidad de Salamanca, 2000.
TAGLIAMONTE, S. A. Analysing sociolinguistic variation. Cambridge: Cambridge University Press, 2006. Disponível em: < http://individual.utoronto.ca/tagliamonte/goldvarb.html >. Acesso em: 16 de março de 2021
PÉREZ TORRES, R. Aproximación a la distribución diacrónica de las formas de pretérito imperfecto de subjuntivo (-ra y –se) en el español de España. Facultad de Filología de la Universidad de Santiago de Compostela, 2014. Disponível em: < https://minerva.usc.es/xmlui/handle/10347/13081>. Acesso em: 16 de março de 2021
TRAVASSOS, D. B. de J. A variação na realização do pretérito imperfeito do subjuntivo em orações condicionais. Dissertação de Mestrado em Letras Neolatinas (Língua espanhola). Rio de Janeiro: Faculdade de Letras / Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2020. Disponível em: < http://posneolatinas.letras.ufrj.br/index.php/dissertacao-2020-david-batista-de-jesus-travassos/ >. Acesso em: 16 de março de 2021
WEINREICH, U.; LABOV, W.; HERZOG, M. I. Fundamentos empíricos para uma teoria da mudança lingüística. Tradução de Marcos Bagno. São Paulo: Parábola Editorial 2006 (1968).
Descargas
Publicado
Número
Sección
Licencia
Transferência de direitos autorais - Autorização para publicação
Caso o artigo submetido seja aprovado para publicação, já fica acordado que o autor autoriza a UFRJ a reproduzi-lo e publicá-lo na Diadorim: Revista de Estudos Linguísticos e Literários, entendendo-se os termos "reprodução" e "publicação" conforme definição respectivamente dos incisos VI e I do artigo 5° da Lei 9610/98. O artigo poderá ser acessado pela internet, a título gratuito, para consulta e reprodução de exemplar do artigo para uso próprio de quem a consulta. Essa autorização de publicação não tem limitação de tempo, ficando a UFRJ responsável pela manutenção da identificação do autor do artigo.
A Revista Diadorim utiliza uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional (CC BY-NC 4.0).