MULHER-PÁSSARO E VENTO ANCESTRAL: NARRATIVAS INDÍGENAS DE GRAÇA GRAÚNA E MARIELA TULIÁN
DOI:
https://doi.org/10.35520/diadorim.2022.v24n1a49038Palavras-chave:
Povos originários de Abya Yala, Narrativas de mulheres indígenas, Graça Graúna, Mariela Tulián.Resumo
As produções de autoria indígena têm ecoado as vozes de povos originários de várias regiões do planeta. Essas literaturas registram perspectivas cosmológicas de autoras e autores integrantes das comunidades. Nos textos escritos por mulheres indígenas, é possível notar também a forte presença de personagens avós que narram histórias e transmitem sabedorias. O objetivo deste artigo é analisar as obras Criaturas Ñanderu (2013), da autora Potiguara brasileira Graça Graúna, e La pequeña Francisca (2020), da escritora Mariela Tulián (povo Comechingón/Argentina), tecendo uma leitura comparativa dessas narrativas. Embora ambas tenham classificações ocidentais de “literatura infantojuvenil” ou “contos folclóricos”, aqui destaca-se a importância dessas histórias criadas por duas autoras situadas em diversos espaços de Abya Yala. O percurso metodológico da investigação se ancora na pesquisa bibliográfica, com abordagem qualitativa. O quadro teórico apoia-se em Antonio Cornejo-Polar (2000), com a noção de literaturas heterogêneas; Arturo Arias (2012), examinando o debate sobre as produções indígenas questionarem a ideia de nacionalidade hegemônica; Graça Graúna (2013), que sugere o uso da noção de auto-história no estudo dessas literaturas. Dessa forma, a investigação evidencia que os estudos comparados voltados para analisar produções escritas por mulheres indígenas de países diferentes enriquecem o campo literário e permitem observar os pontos que aproximam e distanciam essas vivências.
The productions of indigenous authorship have echoed the voices of native peoples from various regions of the planet. These literatures record the cosmological perspectives of authors who are members of the communities. In texts written by indigenous women, it is also possible to note the strong presence of grandmother characters who narrate stories and transmit wisdom. The objective of this article is to analyze the works Criaturas Ñanderu (2013), by the Brazilian Potiguara author Graça Graúna, and La pequeña Francisca (2020), by the writer Mariela Tulián (Comechingón people/Argentina), making a comparative reading of these narratives. Although both have Western classifications of “literature for children” or “folktales,” here we highlight the importance of these stories created by two authors located in different spaces of Abya Yala. The methodological apparatus of the investigation is anchored in bibliographical research, with a qualitative approach. The theoretical framework is based on Antonio Cornejo-Polar (2000), with the notion of heterogeneous literatures; Arturo Arias (2012), examining the debate about indigenous productions questioning the idea of hegemonic nationality; Graça Graúna (2013), who suggests the use of the notion of self-history in the study of these literatures. Thus, the research shows that comparative studies aimed at analyzing productions written by indigenous women from different countries enrich the literary field and allow us to observe the points that approach and distance these experiences.
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