A VARIAÇÃO NÓS E A GENTE EM FORTALEZA NA SEGUNDA DÉCADA DOS ANOS 2000: FATORES LINGUÍSTICOS
DOI:
https://doi.org/10.35520/diadorim.2022.v24n1a48378Parole chiave:
Teoria de Variação e Mudança, Variação nós e a gente, Comunidade de fala de Fortaleza-CE, Descrição do Português Brasileiro.Abstract
Esta pesquisa se atém ao estudo da variação dos pronomes sujeito nós e a gente por falantes de Fortaleza-CE com ensino superior na segunda década dos anos 2000. O estudo baseia-se nos pressupostos teórico-metodológicos da Teoria de Variação e Mudança (WEINREICH; LABOV; HERZOG, 2006 [1968]; LABOV, 2008 [1972]), em vias de analisar o encaixamento da forma inovadora a gente no sistema linguístico na comunidade de fala de Fortaleza-CE e a provável mudança linguística em progresso. Partiu-se da análise de 18 entrevistas do Projeto Descrição do Português Oral Culto de Fortaleza (PORCUFORT) - fase II, na modalidade de registro DID (Diálogo Informante e Documentador). Dos fatores linguísticos, analisou-se o tempo e tipo de paradigma do verbo, a referencialidade do verbo (genérica ou específica) e o tipo de verbo. Utilizou-se o software RStudio para o tratamento dos dados, elaboração dos testes estatísticos e criação de modelos de regressão logística para análise dos dados linguísticos. Constatou-se a predominância da forma a gente com 82,22% (N = 985) dos dados. A forma a gente mostrou-se favorecida pela referência genérica, tempo verbal presente de forma idêntica ao pretérito perfeito do indicativo e pretérito imperfeito. A forma nós parece resistir no tempo verbal pretérito perfeito idêntico ao presente (ontem comemos/ hoje comemos) e referente mais específico. O tipo de verbo não se mostrou um fator condicionador a variação linguística nos modelos de regressão logística, ainda que tenha sido observado uma menor força da forma a gente com verbos de estado. Por fim, percebemos que a forma a gente está altamente implementada no sistema linguístico, em um provável processo de mudança em curso, enquanto a forma nós parece ainda resistir como maneira de evitar ambiguidade semântico temporal em caso de formas idênticas no presente e pretérito perfeito do indicativo e enfatizar a referência específica do verbo.
This research aims to analyse the subject pronouns nós e a gente by Fortaleza graduate speakers in the second decade of 2000. The study is based on the Variation and Change theory (WEINREICH; LABOV; HERZOG, 2006 [1968]; LABOV, 2008 [1972]) aiming to investigate the fitting on Fortaleza’s speech community linguistic system of the innovate variant a gente and a probable linguistic change in progress. The database was 18 interviews from the project Graduate's Oral Portuguese of Fortaleza - fase II (PORCUFORT), on an interviewer and informant register. From linguistic factors, were analysed: verbal tense and paradigm, verb 's reference (generic or specific) and verb type. Data treatment, statistical analyses and logistic regression models were conducted on Rstudio software. The innovative form a gente is predominant on our data, representing 82.22% (N = 985) of the sample, present tense, regarding the ambiguous forms, identical to past perfect tense form, imperfect and generic reference has favored this variant. The conservative form nós seems to rely on past perfect verbal tense and specific reference. Verb type was not a relevant factor on logistic regression models, however it was observed a minor presence of a gente variant with to be verb type. In conclusion, it was noticed that the innovative variant a gente is implemented on Fortaleza's linguistic system, on a potential linguistic change in progress, meanwhile the variant nós seems to emphasize the specific referente and resist as a resource to avoid semantic-temporal ambiguity due to portuguese's identical present and past perfect verbal forms.
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