PERCEPÇÃO DO TRAÇO DA SONORIDADE NAS OBSTRUINTES: CONSCIÊNCIA FONÊMICA E NORMA ORTOGRÁFICA NO ENSINO FUNDAMENTAL II

Autor

DOI:

https://doi.org/10.35520/diadorim.2018.v20n2a18009

Słowa kluczowe:

consciência fonológica, obstruintes, sonoridade, norma ortográfica, ensino de português,

Abstrakt

Percebe-se, atualmente, que muitos alunos chegam aos anos finais do Ensino Fundamental II com inúmeras dificuldades em escrita, apresentando diversos desvios ortográficos, entre os quais se destaca a troca entre grafemas que representam fonemas que se distinguem pela sonoridade. Esse fato dificulta o uso competente da escrita, inclusive em suas práticas sociais. Sendo assim, a presente pesquisa de intervenção educacional, de cunho interpretativo, teve como objetivo elaborar atividades didáticas para cinco alunos de 8º ano do Ensino Fundamental, que privilegiam a reflexão sobre as relações fonêmico-grafêmicas. A análise das respostas dadas constatou que os alunos têm hiatos relevantes no desenvolvimento da consciência fonológica e, consequentemente, dificuldades para representar ortograficamente determinadas palavras. Propõe-se, como possível solução para a dificuldade identificada, que o trabalho de desenvolvimento da consciência fonológica inicie desde a Educação Infantil. Para tanto, sabe-se que os profissionais da Educação precisam ser devidamente preparados. Além disso, é preciso buscar estratégias eficazes para o desenvolvimento da Consciência Fonológica de alunos que não mais estão na fase de alfabetização.

 

Palavras-chave: Consciência fonológica. Obstruintes. Traço de sonoridade. Norma ortográfica. Ensino de Português.

Biogram autora

Tania Mikaela Garcia Roberto - Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

Mikaela Roberto é professora adjunta de Língua Portuguesa dos cursos de Letras da UFRRJ. É doutora em Psicolinguística pela UFSC, com estágio sanduíche na Université Libre de Bruxelles (ULB, 2006), tem mestrado em Línguística Aplicada pela UFSC (2002) e é licenciada em Letras (Português/Inglês) pela Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI, 1998). É professora da graduação e do Mestrado Profissional em Letras (PROFLETRAS), ministrando a disciplina de Fonologia, Variação e Ensino. Coordena o grupo de pesquisa do DGP do CNPq intitulado NELE - Núcleo de Estudos de Linguagem e Ensino. Foi professora visitante da Universidade de Lisboa (UL, 2006). Seus interesses de pesquisa envolvem o processo de ensino e aprendizagem de leitura em língua materna; os multiletramentos; e aquisição de linguagem, especificamente aprendizagem do princípio alfabético e da norma ortográfica e questões de aquisição atípica envolvendo sujeitos com Transtorno do Espectro Autista (TEA).

Bibliografia

ADAMS, M.J.; FOORMAN, B. R.; LUNDBERG, I.; BEELER, T. Consciência Fonológica em Crianças Pequenas. Porto Alegre: Artmed, 2006.

BALL, E.; BLACHMAN, B. Does phoneme awareness training in kindergarten make a difference in early word recognition and developmental spelling? Reading Research Quarterly, n. 26, v. 1, p. 49-66, 1991.

BEILLEROT, J. A Pesquisa: esboço de uma análise. In: ANDRÉ, M. (Ed.). O papel da pesquisa na formação e na prática dos professores. Campinas: Papirus, 2001. p.71-90.

BORTONI-RICARDO, S. M. Educação em língua materna: a sociolinguística na sala de aula. São Paulo: Parábola, 2004.

BORTONI-RICARDO, S. M. et al. O papel da oralidade na aquisição da cultura letrada. In: HEINIG, O. L. e FRONZA, C. de A. (Orgs.). Diálogos entre linguística e educação. Blumenau: Edifurb, 2010. p. 187-205.

BRADLEY, L.; BRYANT, P. Categorising sounds and learning to read: a causal connection. Nature, n. 301, v. 5899, p. 419-421, 1983.

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: língua portuguesa. Brasília: MEC/SEF, 1998.

BROUGÈRE, G. A criança e a cultura lúdica. Rev. Fac. Educ. v. 24, n.2. São Paulo. Jul/Dez. 1998.

CALFEE, R.; LINDAMOOD, P.; LINDAMOOD, C. Acoustic phonetic skills and reading: Kindergarten through twelfth grade. Journal of Educational Psychology, v. 64, p. 293-298, 1973.

CAPOVILLA, A. G. S.; CAPOVILLA, F. C. Prova de consciência fonológica: desenvolvimento de dez atividades da pré-escola à segunda série. Temas sobre desenvolvimento, n. 7, v. 37, p. 14-20, 1998.

CARDOSO-MARTINS, C. (Org.). Consciência fonológica e alfabetização. Petrópolis: Vozes, 1995a.

______. Sensitivity to Rymes, Syllables, and Phonemes in Literacy Acquisition in Portuguese. Reading Research Quaterly, v. 30, n. 4, p. 808-828, oct./nov./dec., 1995b.

CARRAHER, T. N.; REGO, L. L. B. Desenvolvimento cognitivo e alfabetização. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, n. 65, p. 38-55, 1984.

COIMBRA, M. A habilidade metafonológica em crianças de cinco anos. Letras de Hoje, Porto Alegre, v. 32, n. 4, p. 61-79, 1997.

CRISTÓFARO SILVA, T. Fonética e fonologia do português: roteiro de estudos e guia de exercícios. 4 ed. São Paulo: Contexto, 2001.

DEMO, P. Educar pela pesquisa. Campinas: Autores Associados, 2000.

FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. 11. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.

GARCIA, T. M. Reciclagem neuronal: o espelhamento de grafemas na leitura de um silabário. 324 f. Tese (Doutorado em Psicolinguística). Universidade Federal de Santa Catarina, 2008.

GOLDFELD, M. Fundamentos da fonoaudiologia: linguagem. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003.

GOSWAMI, U.; BRYANT, E. Phonological skills and learning to read. Hillsdale, NJ: Lawrence Erlbaum, 1990.

KATO, M. O aprendizado da leitura. São Paulo, Martins Fontes, 1999.

LAMPRECHT, R. et al. Aquisição fonológica do Português. Porto Alegre: Artmed, 2004.

LAMPRECHT, R. et al. Consciência dos sons da língua: subsídios teóricos e práticos para alfabetizadores, fonoaudiólogos e professores de língua inglesa. 2. ed. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2012.

LEMLE, M. Guia teórico do alfabetizador. São Paulo: Ática, 1995.

MORAIS, A. G. A norma ortográfica do português: o que é? para que serve? como está organizada? In: SILVA, Alexsandro da.; MORAIS, Artur Gomes de. e MELO, Kátia Leal Reis de. (Orgs.) Ortografia na sala de aula. Belo Horizonte: Autêntica, 2007.

MORAIS, J. A arte de ler. São Paulo: UNESP, 1996.

______. Criar leitores: para professores e educadores. – Barueri, SP: Minha Editora, 2013.

MORAIS, J., BERTELSON, P.; CARY, L.; ALEGRIA, J. Literacy training and speech segmentation. Cognition, n. 24, p. 45-64, 1986.

MORAIS, J.; MOUSTY, P.; KOLINSKY, R. Why and how phoneme awareness helps learning to read. In: HULME, C.; JOSHI, R. M. Reading and spelling: development and disorders. New Jersey: Lawrence Erlbaum, p. 127-151, 1988.

NASCIMENTO, A. C. Análise fonotática na produção textual escrita de alunos dos anos finais do ensino fundamental: distinção entre sons vozeados e desvozeados. Três Lagoas: Câmpus de Três Lagoas da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. 110f. (Dissertação de mestrado profissional em Letras), 2015.

NOBILE, G. G.; BARRERA, S. D. Análise de erros ortográficos em alunos do ensino público fundamental que apresentam dificuldades na escrita. Psicologia em Revista, Belo Horizonte, v. 15, n. 2, p. 36-55, ago. 2009.

NUNES, C.; FROTA, S.; MOUSINHO, R. Consciência Fonológica e o processo de aprendizagem de leitura e escrita: implicações teóricas para o embasamento da prática fonoaudiológica. Rev. CEFAC, n. 11, v. 2, p. 207-212, Abr-Jun, 2009.

PONTE, J. P. Pesquisar para compreender e transformar a nossa própria prática. Educar, Curitiba, n. 24, p. 37-66, 2004.

QUADROS, R. M. Teorias de aquisição da linguagem. Florianópolis: Ed. da UFSC, 2008.

QUEIROZ, E. F.; PEREIRA, A. S. Negligência com a consciência fonológica e o princípio alfabético. In: BORTONI-RICARDO; MACHADO, V. Os doze trabalhos de Hércules: do oral para o escrito. São Paulo: Parábola, 2013. p. 31- 43.

READ, C.; ZHANG, Y.; NIE, H.; DING, B. The ability to manipulate speech sounds on knowing alphabetic reading. Cognition, n. 24, p. 31-34, 1986.

REBELO, J. A. S. Dificuldades da leitura e da escrita em alunos do ensino básico. Portugal: Edições Asa, 1993.

ROBERTO, T. M. G. Fonologia, fonética e ensino: guia introdutório. São Paulo: Parábola, 2016.

SALLES, J. F. O uso de rotas de leitura fonológica e lexical em escolares: relações com compreensão, tempo de leitura e consciência fonológica. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Psicologia do Desenvolvimento. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2001.

SAUSSURE, F. Curso de Linguística Geral. São Paulo: Cultrix, 2006.

______. Princípios do sistema alfabético do português do Brasil. São Paulo: Contexto, 2003.

______. Sistema Scliar de Alfabetização – Roteiros para o professor: 1º Ano. Florianópolis: Editora Lili, 2012.

SEABRA, A. G.; CAPOVILLA, F. C. Problemas de Leitura e escrita: como identificar, prevenir e remediar numa abordagem fônica. 6. ed. São Paulo: Memnon, 2011.

SEB. Pró-letramento: Programa de Formação Continuada de Professores dos Anos/Séries Iniciais do Ensino Fundamental: alfabetização e linguagem, - ed. rev. e ampl. Incluindo SAEB/Prova Brasil matriz de referência/ Secretaria de Educação Básica – Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2007.

SPÍNDOLA, R. A.; PAYÃO, L. M. C.; BANDINI, H. H. M. Abordagem fonoaudióloga em desvios fonológicos fundamentada na hierarquia dos traços distintivos e na consciência fonológica. Rev CEFAC, São Paulo, v. 9, n. 2, p. 180-189, abr-jun, 2007.

STENHOUSE, L. An introduction to curriculum research and development. London: Heineman Educational, 1975.

WALLACH, L.; WALLACH, M.; DOZIER, M. G.; KAPLAN, N. E. Poor children learning to read do not have trouble with auditory discrimination but do have trouble with phoneme recognition. Journal of Educational Psychology, n. 69, p. 36-39, 1977.

ZORZI, J. L. As trocas surdas/sonoras no contexto das alterações ortográficas. In: MARCHESAN, I. Q. (Org.) Tópicos em Fonoaudiologia. V. II, Lovise,1995.

Opublikowane

2018-12-28