A Gramática como Descoberta

Autores

  • Maria José Foltran UFPR
  • Andrea Kn¶pfle UFPE
  • Marcos Carreira UEPG

DOI:

https://doi.org/10.35520/diadorim.2017.v19n2a10669

Palavras-chave:

Ensino de gramática, Regras gramaticais, Ciência,

Resumo

O objetivo deste trabalho é rever a discussão sobre ensino de gramática, feita nos últimos anos no Brasil, argumentando que esse ensino pode contribuir sobremaneira para maior compreensão da língua materna e de línguas estrangeiras, desde que embasado em conhecimento científico. Nosso encaminhamento é que o ensino de gramática precisa trabalhar com duas acepções: a) a gramática possibilita entender por que uma expressão linguística significa o que ela significa; b) aprender gramática é aprender a explicitar regras que sabemos, mas que não são conscientes e, ao mesmo tempo, aprender a refletir sobre elas. Com a primeira acepção, argumentaremos contra a ideia de que a gramática não ajuda em nada na produção e compreensão de textos, tese amplamente defendida por alguns profissionais que defendem a aprendizagem da língua por meio de textos, apenas. Embora concordemos que o objetivo central do ensino de língua seja formar o cidadão, tendo por meta a leitura e compreensão de gêneros textuais, defendemos que a gramática tem um papel importante na aquisição desse conhecimento. Com a segunda acepção, demonstramos que o ensino de gramática é uma ferramenta única para explicitar um conhecimento interiorizado, permitindo um domínio maior em duas direções: a) desenvolver uma reflexão científica sobre um fato natural, a linguagem, por meio de uma metodologia que pode ser generalizada para qualquer outro campo científico; b) perceber o funcionamento das línguas naturais. Nessas bases, o ensino de gramática não pode mais ser entendido como ensino da modalidade culta, embora ninguém negue que possibilitar o domínio da vertente culta da linguagem seja atribuição da escola. Concluímos o trabalho mostrando a necessidade de separar ensino de gramática e ensino de língua culta. Somente assim o ensino de ambas pode fazer sentido e produzir resultados positivos.

Biografia do Autor

Maria José Foltran, UFPR

Doutora em Linguística pela Universidade de São Paulo (USP), Professora Associada da Universidade Federal do Paraná (UFPR), pesquisadora do CNPq (processo 304767/2016-6).

Andrea Kn¶pfle, UFPE

Doutora em Letras (Estudos Linguísticos) pela Universidade Federal do Paraná e Professora Adjunta da Universidade Federal de Pernambuco - UFPE.

Marcos Carreira, UEPG

Doutor em Letras (Estudos Linguísticos) pela UFPR e Professor Adjunto do Departamento de Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Ponta Grossa - UEPG.

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Publicado

2017-12-29

Edição

Seção

I. Para a abordagem reflexiva da gramática