A combinação de prefixos no galego-português

Autores

DOI:

https://doi.org/10.24206/lh.v6i1.31990

Palavras-chave:

Morfologia histórica. Galego-português. Período arcaico. Afixação. Combinação prefixal.

Resumo

Almejamos descrever panoramicamente a combinação de prefixos no galego-português dos séculos XIII a XVI, mediante uma análise de vocábulos prefixados depreendidos de um corpus textual representativo desse macrossistema linguístico em seu arco temporal arcaico. O que aqui denominamos de combinação ou combinatória de prefixos, como os próprios termos sugerem, consiste na adjunção de um prefixoa um vocábulo já prefixado, como, por exemplo, em arrenegado (a(d)- + re-), desencaixotar (des- + en-) e reconfirmação (re- + com-). Embora presente no vernáculo desde os seus primórdios (na verdade, algo que já se verifica na língua latina), a combinação de prefixos tem sido pouco explorada nas línguas românicas e na sua matriz genolexical. Apresentaremos alguns comentários descritivo-analíticos sobre a configuração do fenômeno no período recortado, fincados na observação dos moldes combinatórios entre os formativos envolvidos, com a identificação daquelas unidades prefixais que se prestam a essa operação, quais têm maior capacidade geradora e em qual posição normalmente figuram. A proposta vem pautada no lastro teórico-epistemológico das premissas fundamentais da morfologia histórica, numa visão epistemológica compromissada com o fato linguístico, com a valorização do dado empírico e com a consideração do evidente fator diacrônico da língua, apoiando-se em uma intersecção entre informações de natureza histórica e um olhar sistêmico dos processos morfolexicais.

Biografia do Autor

Mailson dos Santos Lopes, Universidade Federal da Bahia

Professor de Língua Espanhola da Universidade Federal da Bahia. Doutor em Língua e Cultura (Linguística Histórica) pela Universidade Federal da Bahia (2018), em regime de cotutela com a Universidade de Coimbra. Dedica-se a investigações no âmbito da Linguística Histórica, com ênfase em Morfologia, Semântica e Lexicologia das línguas portuguesa, espanhola e galega, especialmente nos seguintes temas: formação de palavras (prefixação e parassíntese) e antroponímia.

Referências

ALBUQUERQUE, A. F. de. A prefixação no léxico da publicidade na mídia escrita. 2010a. 116 f. Dissertação (Mestrado em Linguística) — Programa de Pós-Graduação em Letras, Universidade Federal de Pernambuco, Recife. Disponível em: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/7664. Acesso em: 8 jul. 2017.

ALBUQUERQUE, A. F. de. A prefixação intensiva em anúncios publicitários. In: ALVES, I. M. et al. (Org.). Os estudos lexicais em diferentes perspectivas. São Paulo: FFLCH/USP, 2010b. p. 79-93. Vol. 2.

ALVES, I. M. Formantes prefixais e lexicalização. Matraga, n. 14, p. 163-170, 2002. Disponível em: https://repositorio.usp.br/item/001304955. Acesso em: 10 jun. 2017.

ALVES, I. M. Um estudo sobre a neologia lexical: os microssistemas prefixais do português contemporâneo. 2000. 594 f. Tese de Livre-Docência — Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo.

ALVES, I. M. Observações sobre a prefixação intensiva no vocabulário da publicidade. Alfa, n. 24, p. 9-14, 1980. Disponível em: https://repositorio.unesp.br/handle/11449/107561. Acesso em: 8 jul. 2017.

ARONOFF, M.; FUHRHOP, N. Restricting suffix combinations in German and English: closing suffixes and the monosuffix constraint. Natural Language & Linguistic Theory, v. 20, n. 3, p. 451-490, ago. 2002.

BOMFIM, F. M. Composição por prefixação ou derivação prefixal? In: SILVA, J. P. da. (Org.). Cadernos da Pós-Graduação em Língua Portuguesa, n. 2, p. 56-63, 2002.

BORBA, F. da S. Organização de dicionários: uma introdução à lexicografia. São Paulo: Editora UNESP, 2003.

CUNHA, A. G. da. Dicionário etimológico da língua portuguesa. 4. ed. revista e atualizada de acordo com a nova ortografia. Rio de Janeiro: Lexicon, 2010.

DEPUYDT, E. Los prefijos de intensificación en español: archi-, extra-, super- y ultra-. 2009. 120 f. Dissertação (Master in de Taal — en Letterkunde) — Faculteit Letteren en Wijsbegeerte, Universiteit Gent, Gent. Disponível em: https://lib.ugent.be/fulltxt/RUG01/001/414/729/RUG01-001414729_2010_0001_AC.pdf. Acesso em: 22 mar. 2017.

DLPPE - DICIONÁRIO LATIM-PORTUGUÊS. 2. ed. Porto: Porto Editora, 2001.

DINU, D. Prefix derivation in latin. Studi şi cercetări de onomástica şi lexicologie, ano V, n. 1-2, p. 125-135, 2012.

DI SCIULLO, A. M. Prefixes and sufixes. In: PARODI, C. et al. (Ed.). Aspects of Romance Linguistics: selected papers from the Linguistic Symposium on Romance Languages. Washington: Georgetown University Press, 1996. p. 177-194.

DI SCIULLO, A. M. Prefixes and sufixes. Prefixed Verbs and Adjunct Identification. In: DI SCIULLO, A. M. (Ed.). Projections and Interface Conditions: essays on modularity. Oxford: Oxford University Press. p. 54-72.

FELÍU ARQUIOLA, E. Morfología derivativa y semántica léxica: la prefijación de auto-, co- e inter-. Madrid: UAM Ediciones, 2003.

FURLAN, O. A. Língua e literatura latina e sua derivação portuguesa. Petrópolis: Vozes, 2006.

HAY, J.; PLAG, I. What constrains possible suffix combinations? On the interaction of grammatical and processing restrictions in derivational morphology. Natural Language & Linguistic Theory, v. 22, n. 3, p. 565-596, 2004.

HAY, J. Causes and consequences of word structure. London: Routledge, 2003.

HAY, J. From speech perception to morphology: affix-ordering revisited. Language, n. 78, v. 3, p. 527–555, 2002.

HENDRICKSON, J. R. Old English prepositional compounds in relationship to their Latin originals. Supplement to language, Baltimore, v. 24, n. 4, p. 1-73, out./dez. 1948.

HENRIQUES, C. C. Morfologia: estudos lexicais em perspectiva sincrônica. 2.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.

LEHRER, A. Prefixes in English word formation. Folia Linguistica, Berlim, v. 29, n. 1-2, p. 133–148, 1995.

LOPES, M. Breve panorama sobre os estudos do português arcaico no Brasil. Macabéa – Revista Eletrônica do NETLLI, Crato, v. 8., n. 2., 2019, p. 372-410. Disponível em: http://periodicos.urca.br/ojs/index.php/MacREN/article/view/1914. Acesso em: 20 nov. 2019.

LOPES, M. Estudo histórico-comparativo da prefixação no galego português e no castelhano arcaicos (séculos XIII a XVI): aspectos morfolexicais, semânticos e etimológicos. 2018. 5 v. 2430 f. Tese (Doutorado em Língua e Cultura; Doutoramento em Linguística do Português) — Instituto de Letras/Faculdade de Letras, Universidade Federal da Bahia/Universidade de Coimbra, Salvador/Coimbra. Disponível em: https://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/29879. Acesso em: 3 set. 2019.

LOPES, M. Um olhar semanticocêntrico sobre a prefixação em um documento português do século XIV. In: ALMEIDA, A. A. D.; SANTOS, E. S. (Org.). Linguagens e cognição. Salvador: EDUFBA, 2016. p. 229-259.

LOPES, M. A prefixação na primeira fase do português arcaico: descrição e estudo semântico-morfolexical-etimológico do paradigma prefixal da língua portuguesa nos séculos XII, XIII e XIV. 2013. 2v. 943 f. Dissertação (Mestrado em Língua e Cultura) — Instituto de Letras, Universidade Federal da Bahia, Salvador. Disponível em: https://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/15537. Acesso em: 11 abr. 2017.

MACHADO FILHO, A. V. L. Diálogos de São Gregório: edição e estudo de um manuscrito medieval português. Salvador: EDUFBA; Mosteiro de São Bento da Bahia, 2008.

MANOVA, S. Suffix combinations in Bulgarian: parsability and hierarchy-based ordering. Morphology, n. 20, p. 267–296, 2010.

MARTÍN GARCÍA, J. Gramática y diccionario: el prefijo re-. 1996. 512 f. Tese (Doctorado em Filología Española) — Departamento de Filología Española, Universidad Autónoma de Madrid, Madrid.

MARTÍN GARCÍA, J. Los prefijos intensivos del español: caracterización morfo-semántica. E.L.U.A., Alicante, n.12, p. 103-116, 1998a. Disponível em: https://core.ac.uk/download/pdf/16359874.pdf. Acesso em: 11 abr. 2017.

MARTÍN GARCÍA, J. La morfología léxico-conceptual: las palabras derivadas con re-. Madrid: UAM Ediciones, 1998b.

MEDEIROS, A. B. de. Considerações sobre o prefixo re-. Alfa, n. 56, v. 2, p. 583-610, 2012. Disponível em: https://periodicos.fclar.unesp.br/alfa/article/view/5539. Acesso em: 11 abr. 2017.

MEDEIROS, A. B. de. Para uma abordagem sintático-semântica do prefixo des-. Revista da ABRALIN, v. 9, n. 2, p. 95-121, jul./dez. 2010. Disponível em: https://revistas.ufpr.br/abralin/article/view/52357. Acesso em: 11 abr. 2017.

NÚÑEZ CABEZAS, E. A. Aproximación al léxico del lenguaje político español.

833 f. Tese (Doctorado en Filología Española) — Departamento de Filología Española II, Teoría de la Literatura y Periodismo, Universidad de Málaga, Málaga. Disponível em: http://www.biblioteca.uma.es/bbldoc/tesisuma/1627684x.pdf. Acesso em: 17 abr. 2017.

OLIVEIRA, S. M. Derivação prefixal: um estudo sobre alguns prefixos do português brasileiro. 2004. 171 f. Dissertação (Mestrado em Linguística) — Centro de Comunicação e Expressão, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis. Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/xmlui/handle/123456789/86632. Acesso em: 7 jul. 2017.

PENA, J. La morfología léxica ante los retos del siglo XXI. Cuadernos del Instituto Historia de la Lengua, n. 2, p. 11-18, 2009. [Entrevista concedida a Mar Campos Souto]. Disponível em: https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=3037273. Acesso em: 20 jun. 2017.

PEREIRA, R. F. A prefixação neológica no vocabulário da propaganda contemporânea. Alfa, n.28 [supl.], p. 127-134, 1984. Disponível em: https://periodicos.fclar.unesp.br/alfa/article/viewFile/3682/3448. Acesso em: 12 jul. 2017.

PLAG, I.; BAAYEN, H. Suffix ordering and morphological processing. Language, n. 85, v. 1, p. 109–152, 2009.

RIO-TORTO, G. M. (Org.). Gramática derivacional do português. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2016. Disponível em: https://bibliotecadigital.ipb.pt/bitstream/10198/13485/3/Gram%C3%A1tica%20Derivacional.pdf. Acesso em: 12 jul. 2017.

RIO-TORTO, G. M. Morfologia lexical no português médio: variação nos padrões de nominalização. In: LOBO, T. et al. (Org.). ROSAE: linguística histórica, história das línguas e outras histórias. Salvador: EDUFBA, 2012. p. 305-322.

ROMANELLI, R. C. Os prefixos latinos: da composição verbal e nominal, em seus aspectos fonético, morfológico e semântico. Belo Horizonte: Imprensa da Universidade de Minas Gerais, 1964.

SAMPAIO, L. R. T. Edições e estudo do Livro dos usos da Ordem de Cister, de 1415. 2013. 369f. Dissertação (Mestrado em Língua e Cultura) — Instituto de Letras, Universidade Federal da Bahia, Salvador.

SCHWINDT, L. C. O prefixo no português brasileiro: análise morfofonológica. 2000. 191 f. Tese (Doutorado em Letras) — Faculdade de Letras, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre.

SIEGEL, D. The adjacency condition and the theory of morphology. In: Stein, M. J. (Ed.). Proceedings of the 8th Annual Meeting of the North East Linguistic Society. Amherst Mass, 1977. p. 189–197.

SIEGEL, D. Topics in English Morphology. 1974. 194 f. Tese (Doutorado em Linguística) — Department of Foreign Literatures and Linguistics, Massachusetts Institute of Technology, Cambridge, MA.

SILVA, M. C. F.; MIOTO, C. Considerações sobre a prefixação. ReVEL, v. 7, n. 12, p. 1-22, 2009. Disponível em: http://www.revel.inf.br/files/artigos/revel_12_consideracoes_sobre_a_prefixacao.pdf. Acesso em: 2 jul. 2017.

STEHLÍK, P. El elemento anti-: ¿prefijo, prefijoide o preposición? Études Romanes de Brno, n. 33, v. 1, p. 377-384, 2012. Disponível em: https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=4365291. Acesso em: 10 jul. 2017.

TORRE ALONSO, R. Affix combination in Old English noun formation: distribution and constraints. RESLA, València, n. 24, p. 257-278, 2011. Disponível em: https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=3886049. Acesso em: 13 jul. 2017.

VARELA, S. Morfología léxica: la formación de palabras. Madrid: Gredos, 2005.

VARELA, S.; MARTÍN GARCÍA, J. La prefijación. In: BOSQUE, I.; DEMONTE, V. (Org.). Gramática descriptiva de la lengua española. Madrid: Espasa, 1999. p. 4993-5040.

VASCONCELOS, C. M. de. Lições de filologia portuguesa. Lisboa: Revista de Portugal, 1946.

VIARO, M. E. A produtividade dos sufixos do ponto de vista diacrônico. In: LOBO, Tânia et al. (Org.). ROSAE: linguística histórica, história das línguas e outras histórias. Salvador: EDUFBA, 2012. p. 275-292.

XAVIER, M. F. (Dir.). Corpus Informatizado do Português Medieval – CIPM. Disponível em: http://cipm.fcsh.unl.pt/. Acesso em: 10 abr. 2014 a 17 jul. 2017.

ZIRKEL, L. Can Complexity-Based Ordering be extended from English to German? Abstract para o 3rd Vienna Workshop on Affix Order: Advances in Affix Order Research. Viena, 15-16 jan. 2011. Disponível em: http://homepage.univie.ac.at/stela.manova/Abstract_Hilkenbach.pdf. Acesso em: 10 jul. 2017.

ZIRKEL, L. Prefix combinations in English: structural and processing factors. Morphology, n. 20, p. 239-266, 2010.

Downloads

Publicado

2020-03-24

Edição

Seção

Artigos - Dossiê Temático