O sequestro da História? Discurso oficial e práticas de ensino sobre a história linguística do Brasil e a historicidade do português brasileiro

Autores

DOI:

https://doi.org/10.24206/lh.v7iespec.42665

Palavras-chave:

Ensino de língua portuguesa. História social linguística do Brasil. História social do português brasileiro. Documentos oficiais. Currículo de Letras.

Resumo

Em 5 de outubro de 1988, promulgou-se a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 – a Constituição cidadã –, considerada o marco do início da Nova República, que finda, segundo a historiadora francesa Maud Chirio (2018), com a última eleição presidencial, ocorrida em 2018. Neste artigo, examinamos, nos 30 anos da Nova República, tanto no plano discursivo, quanto no plano das práticas, como a reflexão sobre o ensino de língua portuguesa como língua materna no Brasil operou com a história linguística do Brasil, com a historicidade do português brasileiro e, de forma mais específica, com a questão da mudança linguística. Para tal, analisamos os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (2000), os PCN+ Ensino Médio: Orientações Educacionais Complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais (2002), as Orientações Curriculares para o Ensino Médio (2006) e a Base Nacional Comum Curricular (2018). A seguir, recuamos ao momento imediatamente anterior ao da promulgação da Constituição, considerando ainda as Diretrizes para o aperfeiçoamento do ensino/aprendizagem da língua portuguesa (1986). Contemplados os discursos, seguimos para as práticas, analisando quais componentes curriculares referentes à Linguística Histórica e à História da Língua Portuguesa integram as grades curriculares dos cursos de Graduação em Letras das universidades vinculadas ao Projeto Nacional Para a História do Português Brasileiro” (PHPB) e ainda as ementas e programas desses componentes curriculares, com o objetivo de delinear um quadro aproximativo do que tem norteado a formação dos professores nas universidades em que há grupos de pesquisa dedicados à história do português brasileiro.

Biografia do Autor

Tânia Lobo, Universidade Federal da Bahia

Professora Titular aposentada do Departamento de Letras Vernáculas da Universidade Federal da Bahia. Doutora em Filologia e Língua Portuguesa pela Universidade de São Paulo (2001). Atua no Programa de Pós-Graduação em Língua e Cultura da Universidade Federal da Bahia, dedicando-se, principalmente, a investigar a história social linguística do Brasil e a história social da cultura escrita no Brasil. É membro do grupo de pesquisa Programa para a História da Língua Portuguesa (PROHPOR) e também integra a equipe baiana do Programa para a História do Português Brasileiro (PHPB).

Ana Sartori, Universidade Federal da Bahia

Professora Adjunta de Língua Portuguesa do Departamento de Letras Vernáculas da Universidade Federal da Bahia. Doutora em Língua e Cultura pela Universidade Federal da Bahia (2016). É membro do grupo de pesquisa Programa para a História da Língua Portuguesa (PROHPOR), vinculada ao Projeto História da Cultura Escrita no Brasil (HISCULTE), dedicando-se, atualmente, a pesquisar a difusão social da escrita e da língua portuguesa no Brasil.

Pedro Daniel Souza, Universidade do Estado da Bahia

Professor Assistente da Universidade do Estado da Bahia. Doutor em Língua e Cultura pela Universidade Federal da Bahia (2019). Líder do grupo de pesquisa Fala e Contexto no Português Brasileiro (GConPort) e membro dos grupos Programa para a História da Língua Portuguesa (PROHPOR) e Projeto VIP: Vilas Indígenas Pombalinas. Atua como um dos coordenadores da Comissão da Área de Linguística Histórica da Associação Brasileira de Linguística (ABRALIN). Desenvolve pesquisas nas áreas de Linguística Histórica, Sociolinguística Histórica e História Social da Cultura Escrita no Brasil, dedicando-se aos seguintes temas: constituição sócio-histórica da língua portuguesa, sintaxe histórica do português brasileiro, sociolinguística, variação e normas linguísticas, história social linguística do Brasil, contatos linguísticos na América portuguesa, revitalização/retomada de línguas indígenas, história social da cultura escrita e povos indígenas, com ênfase na Bahia.

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Publicado

20-09-2021