Mas o choro já não é patrimônio? Ressonâncias e desafios do processo de patrimonialização do choro

Autores

DOI:

https://doi.org/10.24206/lh.v8i1.47592

Palavras-chave:

Choro. Patrimônio Cultural Imaterial. Rede de mediações. Pesquisa colaborativa.

Resumo

O artigo descreve o processo de instrução para registro do choro como patrimônio cultural pelo IPHAN, em curso desde março de 2020. Além do desafio de abarcar a abrangência histórica e geográfica do choro, trata-se da primeira instrução de registro inteiramente realizada de forma remota, devido à pandemia de Covid-19. Visa-se, desse modo, refletir sobre as ressonâncias e desafios do processo, que busca a mediação e articulação permanentes entre, por um lado, a esfera pública e as normativas estabelecidas pelo IPHAN e, por outro, a escuta sensível e compreensiva das diversas demandas de participação e de reconhecimento das comunidades do choro. São descritas as etapas da pesquisa e as decisões metodológicas que a pautaram, como a realização de seminários e de entrevistas via plataformas online e a elaboração de um amplo inventário sobre o choro em todas as regiões do país em torno de quatro eixos (acervos, associações e clubes do choro, ações educativas, rodas e lugares de performance) que objetiva a disponibilização de um banco de dados público e colaborativo.

Biografia do Autor

Lúcia Campos, Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)

Etnomusicóloga e percussionista. Licenciada e Mestre em Música pela UFMG, Mestre em Antropologia e Doutora em Música, História e Sociedade pela Escola de Estudos Avançados em Ciências Sociais (EHESS). É professora do Programa de Pós-Graduação em Artes e da Escola de Música da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG). Desenvolve e orienta pesquisas na área de etnomusicologia, com ênfase em etnografia das práticas musicais e patrimônios culturais imateriais no Brasil.

Pedro Aragão, UNIRIO; Universidade de Aveiro

Bacharel em Regência e Mestre em Música pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Doutor em musicologia pela UNIRIO, é professor Adjunto nível 4 da


mesma instituição. Sua tese de doutorado, “O Baú do Animal: Alexandre Gonçalves Pinto e o Choro” foi contemplada com o Prêmio Funarte de Produção Crítica em Música 2012 e com o Prêmio Silvio Romero 2011. Desenvolve pesquisas na área de etnomusicologia, com ênfase na questão de arquivos de música popular urbana brasileira.

Rafael Velloso, Universidade Federal de Pelotas (UFPEL)

Saxofonista e etnomusicólogo. Licenciado e Mestre em Música pela UFRJ e Doutor em Etnomusicologia pela UFRGS (UMD/Fulbright). É professor efetivo da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), onde atua desde 2015 no Bacharelado em Música Popular. Seus interesses de pesquisa se voltam para o campo da etnomusicologia, reunindo sua atuação com acervos sonoros e processos criativos em música popular. É coordenador do Grupo de Pesquisa em Música Popular e orienta pesquisas de Iniciação Científica e Especialização em Artes da UFPEL.

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Publicado

2022-09-20

Edição

Seção

Artigos - Dossiê Temático