Interrogativas encobertas em português
DOI:
https://doi.org/10.24206/lh.v11i1.63438Palavras-chave:
Interrogativas, Interrogativas encobertas, Orações interrogativas indiretas, Interrogativas equativas, ElipseResumo
Este trabalho estuda o comportamento gramatical das interrogativas encobertas, estruturas que coincidem superficialmente com sintagmas nominais, mas equivalem a orações interrogativas indiretas, sendo objetos do plano proposicional e não do plano da referência comum – e.g. (ninguém me perguntou) [SN as pessoas que foram nomeadas]. Prototipicamente, as interrogativas encobertas são parafraseáveis por orações interrogativas equativas com qual – (ninguém me perguntou) [F quais são as pessoas que foram nomeadas] –, sendo plausível uma análise das primeiras como derivadas das segundas por elipse. Porém, esta possibilidade de paráfrase nem sempre existe. Após uma breve revisão da literatura sobre as interrogativas encobertas no inglês, no português e no espanhol, serão sumarizadas as propriedades semânticas e sintáticas mais destacadas das interrogativas encobertas em português. Por um lado, conclui-se que a classe é heterogénea, integrando subclasses com propriedades especiais, como as que dependem de predicados mirativos – e.g. (surpreendeu-me) [SN as pessoas que foram nomeadas] –, que não admitem a paráfrase atrás referida. Por outro lado, verifica-se ainda que, mesmo no grupo maioritário das interrogativas encobertas parafraseáveis por interrogativas equativas, há comportamentos gramaticais variáveis, uns tipicamente oracionais, outros tipicamente nominais, outros reveladores de oscilação entre comportamentos oracionais e nominais.
Referências
ALVARENGA, Daniel. Interrogativa indireta encoberta em português. Cadernos de Linguística e Teoria Literária, n.º 5, p. 119-147, 1981.
BAKER, Carl LeRoy. Indirect questions in English. PhD Dissertation. University of Illinois, 1968.
BOSQUE, Ignacio. Sobre la interrogación indirecta. Dicenda, 1, p. 69-82, 1982.
BOSQUE, Ignacio. Las categorías gramaticales. Madrid: Síntesis,1989.
BRITO, Ana Maria. A sintaxe das orações relativas em Português. Estrutura, mecanismos interpretativos e condições sobre a distribuição dos morfemas relativos. Dissertação de Doutoramento. Universidade do Porto, 1988.
CONTRERAS, Heles. Relaciones entre las construcciones interrogativas, exclamativas y relativas. In: BOSQUE, Ignacio; DEMONTE, Violeta Demonte (Dir.). Gramática descriptiva de la lengua española. Real Academia Española. Madrid: Espasa Calpe, 1999, p. 1931-1963.
FRANA, Ilaria. Quantified concealed questions. Natural Language Semantics, 21, p. 179-218, 2013. DOI 10.1007/s11050-012-9089-y
GALLEGO, Ángel J. Sobre la elipsis. Madrid: Arco Libros S.L., 2011.
GREENBERG, Bill. A semantic account of relative clauses with embedded question interpretations. Ms. UCLA, 1973. Disponível em: https://www.academia.edu/45404524/A_Semantic_Account_of_Relative_Clauses_With_Embedded_Question_Interpretations.
GRIMSHAW, Jane. Complement selection and lexicon. Linguistic Inquiry, 10 (2), p. 279-326, 1979.
HEIM, Irene. Concealed questions. In: BÄUERLE, Rainer; EGLI, Urs; STECHOW, Arnim von (Eds.). Semantics from different points of view, Berlin: Springer, 1979, p. 51-60. DOI: https://doi.org/10.1007/978-3-642-67458-7_5.
HUDDLESTON, Rodney, Content clauses and reported speech. In: HUDDLESTON, Rodney; PULLUM, Geoffrey K. The Cambridge Grammar of the English Language. Cambridge: Cambridge University Press, 2002, p. 947-1030.
LEES, Robert B. The Grammar of English Nominalizations. Indiana University, 1960.
DEVÍS MÁRQUEZ, P. Pablo. ¿Son las interrogativas encubiertas realmente interrogativas encubiertas? Una reflexión sobre el español. Neuphilologische Mitteilungen, II CXXI, p. 462-496, 2020. DOI: https://doi.org/10.51814/nm.107856.
MEDEIROS JÚNIOR, Paulo. Algumas considerações sobre a sintaxe das interrogativas indiretas encobertas do português do Brasil. Caderno de Squibs: Temas em estudos formais da linguagem, 5 (2), p. 73-91, 2019.
MATOS, Gabriela; BRITO, Ana Maria. The alternation between improper indirect questions and DPs containing a restrictive relative. In: CAMACHO-TABOADA, María Victoria; JIMÉNEZ-FERNÁNDEZ, Ángel L.; MARTÍN-GONZÁLEZ, Javier; REYES-TEJEDOR, Mariano (Eds.). Information Structure and Agreement, Amsterdam: John Benjamins, 2013, p. 83-116. DOI: http://doi.org/https://doi.org/10.1075/la.
MATOS, Gabriela; BRITO, Ana Maria. Relativas livres e interrogativas parciais: paralelos e diferenças. Revista da Associação Portuguesa de Linguística, 4, p. 152-167, 2018. DOI: https://doi.org/10.26334/2183-9077/rapln4ano2018a38.
MÓIA, Telmo. A sintaxe das orações relativas sem antecedente expresso do português. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, 1992.
PERES, João Andrade; MÓIA, Telmo. Áreas Críticas da Língua Portuguesa. Lisboa: Editorial Caminho, 1995 (2.ª ed., 2003).
ROELOFSEN, Floris; ALONI, Maria. Perspectives on conceled questions. In: FRIEDMAN, Tova; ITO, Satoshi (Eds.). Proceedings of SALT XVIII, Ithaca, NY: Cornell University, 2008, p. 619–636. DOI: https://doi.org/10.3765/salt.v18i0.2500.
SUÑER, Margarita. La subordinación sustantiva: la interrogación indirecta. In: BOSQUE, Ignacio; DEMONTE, Violeta Demonte (Dir.). Gramática descriptiva de la lengua española. Real Academia Española. Madrid: Espasa Calpe, 1999, p. 2149-2195.
Corpora online consultados
CETEMPúblico 2.0 v. 12.2, http://www.linguateca.pt/ACDC/
Corpus Brasileiro v. 7.0, http://www.linguateca.pt/ACDC/
NILC-São Carlos v. 14.2, http://www.linguateca.pt/ACDC/
Vercial v. 16.7, http://www.linguateca.pt/ACDC/
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Telmo Moia

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Os autores que publicam nesta revista concordam com o seguinte:
a. Os autores detêm os direitos autorais dos artigos publicados; os autores são os únicos responsáveis pelo conteúdo dos trabalhos publicados; o trabalho publicado está licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional, que permite o compartilhamento da publicação desde que haja o reconhecimento de autoria e da publicação pela Revista LaborHistórico.
b. Em caso de uma segunda publicação, é obrigatório reconhecer a primeira publicação da Revista LaborHistórico.
c. Os autores podem publicar e distribuir seus trabalhos (por exemplo, em repositórios institucionais, sites e perfis pessoais) a qualquer momento, após o processo editorial da Revista LaborHistórico.