Contributos para o estudo da potamonímia portuguesa a norte do Mondego

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.24206/lh.v6i3.33930

Palabras clave:

Toponímia. Etimologia. Potamónimo. Estrato. História do português.

Resumen

Apresenta este artigo uma proposta de caracterização etimológica da potamonímia portuguesa situada a norte do rio Mondego, com base na recolha e análise de um subconjunto dos nomes de rios reunidos no Reportório Toponímico de Portugal (Continente), publicado pelo Serviço Cartográfico do Exército em 1967, e na Carta Militar de Portugal a 1:25 000. Inscrevendo-se na discussão dos estratos linguísticos a considerar na história linguística do referido território, a exposição salienta, por um lado, o contraste dos potamónimos portugueses setentrionais com os meridionais e, por outro, destaca a afinidade desse reportório com a toponímia de regiões peninsulares limítrofes ou próximas, designadamente, com a Galiza. Os dados reunidos permitem concluir que a potamonímia do terço norte de Portugal tem origem maioritária em itens do léxico comum latino-romance. No entanto, guarda igualmente um importante património pré-latino cuja morfologia tem sido objeto de estudo e debate no contexto da hipótese do europeu antigo.

Biografía del autor/a

Carlos Rocha, Ministério da Educação Portugal / Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

Doutor em Linguística, na especialidade de Linguística Histórica, pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Professor do ensino secundário, está destacado como coordenador executivo do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa.

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Publicado

2020-12-20